Act like a local – Bruges e Antuérpia

Na semana passada, iniciamos a série Act like a local – de guest posts produzidos pela minha amiga Thalita Uba (do blog Entretenha-me – corre lá conhecer) – falando sobre Bruxelas, a capital da Bélgica, e sobre o que você, que viaja querendo mergulhar na cultura local, poderia fazer por lá.

Hoje, seguimos viagem e nossa parada é dupla: Bruges e Antuérpia. Como a primeira delas está há milênios na nossa bucket list eu estava super ansiosa para ler esse post. Aí a Thali apresenta uma linda Antuérpia e eu babo. Adorei. Espero que você goste também! :)

Manda ver, Thali!

Continuando nosso passeio pela belíssima Bélgica, chegamos hoje a duas cidades absolutamente maravilhosas, daquelas que parecem “feitas” pra filme, sabe? E nossa primeira parada é conhecida como a “Veneza do Norte” – ou seja, não tem como não ser mágica, né? Bem vindos a Bruges.

Bruges – Brugge

Bruges é uma cidade pequenininha, de menos de 120 mil habitantes, capital da província belga de Flandres Ocidental. Oficialmente uma cidade desde 1128, Bruges já foi um ponto estratégico superimportante para a economia do país, devido aos inúmeros canais que a ligavam a outras cidades da Bélgica e dos Países Baixos, mas desde que o lodo começou a tomar conta do canal principal da cidade (o Zwin), Bruges perdeu prestígio e acabou perdendo o posto para Antuérpia (para onde vamos já, já).

Com a construção do porto de Zeebrugge, utilizado pelas tropas alemãs durante a I Guerra Mundial para atracar seus submarinos, Bruges voltou a atrair a atenção das pessoas, o turismo cresceu e, em 2002, a cidade foi eleita capital europeia da cultura.

Act like a local - Bruges dia

Act like a local in Brugge

Na verdade bem verdade, dentro do centro histórico da cidade (que é a parte que você vai visitar) vivem apenas 20 mil pessoas. Isso significa que quase sempre vai ter mais turistas na rua do que pessoas locais, o que torna a vida de quem quer viver algumas horas como um cidadão de Bruges um tanto complicada. Difícil, mas não impossível.

Pra começar, saiba que a sensação térmica em Bruges é sempre menor que em Bruxelas – por estar mais perto do mar e ventar pra caramba por lá. Então mesmo que esteja calor em Bruxelas, lembre-se da sua mãe e da sua avó e leve um casaquinho. Além do casaco, tenha um mapa da cidade em mãos. Os moradores de Bruges não gostam muito de dar informações, então quanto mais você puder se virar sozinho, melhor. Uma belga amiga minha me disse que, se fosse realmente necessário pedir informação a alguém, era melhor perguntar pro pessoal que faz passeios de charrete – afinal, o trabalho deles é atender os turistas mesmo.

Act like a local - Bruges - charrete

Ao andarilhar pela cidade, uma das mais fofas do mundo (ao menos do mundo que eu conheço), fique atento aos ciclistas – especialmente os locais. Eles têm uma tendência a tentar passar por cima dos turistas. O mesmo vale para as charretes – a maioria dos cavalos parece não conhecer as leis de trânsito e atropelará você sem dó nem piedade. Por fim, vale a mesma regra que eu mencionei em Bruxelas: nada de roubar os copos de cerveja (por mais lindos e diferentes e legais que eles sejam). Isso é coisa de turista.

Agora que você está preparado para andar pelas ruas de Bruges com segurança, vamos a o que você não pode, como um bom belga, deixar de fazer. Os canais que atravessam toda a cidade são, de fato, lindos. Se você não conseguir conter seus instintos de turista, faça o passeio de barco. Mas o “certo” mesmo é você comprar uma cerveja no mercado e ir andar ao longo dos canais, sem pressa, e sem um monte de gente tagarelando e tirando fotos sem parar. Se quiser, compre um guia da cidade e siga a rota sugerida por ele – assim, você vai ficar por dentro da história de Bruges de maneira calma e tranquila, como o clima da cidade pede.

Vale lembrar que a cerveja, como em qualquer outra cidade belga, tem que ser local – senão não tem graça. Suas opções são: Straffe Hendrik, Straffe Hendrik Quadrupel, Brugse Zot, Brugse Bok e Fort Lapin. Eu, particularmente, recomendo a Straffe Hendrik, que é uma delícia e provavelmente a mais “fácil” de agradar diversos paladares.

Act like a local - Bruges - Straffe Hendrik

O pessoal de Bruges adora ficar ao ar livre – e como não adoraria, com um cenário tão lindo? Pra quem gosta de correr, então, a cidade é um prato cheio. Uma corridinha ao redor de Bruges, margeando o muro que circunda a cidade, dá pouco mais que 7 km. Depois de tanto esforço, o negócio é fazer um piquenique pra repor as energias em algum dos pequenos parques da cidade, como o Hof de Jonghe – onde, com sorte, dá até pra ver umas ovelhinhas, superbucólico. É só ir ao mercado, comprar umas cervejas, pães, queijos e chocolates e pronto. Você vai ter uma das refeições mais deliciosas da sua vida (visto que todos esses produtos, lá, são excelentes).

Depois de ir pra casa e tomar um banhinho (né?), é hora de curtir a noite. Em Bruges, é proibido vender bebidas alcoólicas das 23h às 7h, então o negócio é sair cedo. Se estiver acompanhado, vale experimentar um jantar romântico no Du Phare. Para tomar umas cervejas e curtir a “night”, tente o ‘T Poatersgat; para esnobar mesmo, o Zwart Huis; e para quem gosta de história, o Café Vlissinghe, o bar mais antigo de Bruges, de 1515 (quase a mesma idade do Brasil :P ). Todas as opções precisam ser seguidas de um passeio noturno pelos canais, que ficam absolutamente maravilhosos à noite. Depois de aproveitar as delícias desse pequeno pedacinho do céu, no dia seguinte seguimos para Antuérpia, a segunda maior cidade da Bélgica.

Fonte: Fonte: www.nationalgeographic.nl
Fonte: Fonte: www.nationalgeographic.nl

Antuérpia – Antwerpen

Com cerca de 500 mil habitantes, Antuérpia é a cidade mais populosa da Bélgica e tem um dos portos mais importantes do mundo. Conhecida como centro mundial de lapidação de diamantes, aqui são negociados nada menos que 80% dos diamantes brutos e 50% dos diamantes lapidados do mundo(!). O nome da cidade tem origem em uma lenda segundo a qual um gigante chamado Antigoon, que morava perto do rio Escalda, cobrava um pedágio daqueles que queriam atravessar– os que se recusavam, tinham as mãos cortadas e jogadas no rio. Eventualmente, o gigante foi morto por um jovem herói chamado Brabo, que conseguiu cortar a mão do gigante e a atirou no rio. Daí o nome Antwerpen, do holandês werpen (mão) e wearpan (arremessar).

Act like a local - Antuerpia

Act like a local in Antwerpen

Muita gente costuma tratar Antuérpia apenas como uma parada entre Paris e Amsterdam. Um bando de bobos, pois Antuérpia é uma das cidades mais agradáveis e bonitas que eu conheço. São mais de 400 bares na segunda cidade mais internacional do mundo, com moradores (registrados) de 168 nacionalidades (ficando atrás apenas de Amsterdam, com 177). Ou seja, é uma cidade, no mínimo, interessante!

A primeira coisa a se fazer em Antuérpia é alugar uma bicicleta. 90% da população local anda de bike (tá, estou exagerando, mas é gente pra caramba mesmo) e, como a cidade é toda plana, é simplesmente uma delícia pedalar por lá. E, ao contrário do pessoal de Bruges, que tem certa preguiça em ajudar os turistas, as pessoas de Antuérpia são super solícitas – também, com tanto estrangeiro morando lá, acho que elas não têm muita escolha. :) De qualquer forma, é bem fácil andar pela cidade, que tem ruas bem cuidadas e onde o ciclista é quem manda.

Act like a local - Antuerpia-

Os belgas de Antuérpia também são apaixonados pelo sol. Basta que um raio de luz apareça entre as nuvens para que todos estejam andando pelas ruas, aproveitando os bares e as praças da cidade. Andar de bike ao longo do rio Escalda é absolutamente delicioso. Aproveite para fazer esse trajeto quando for ao Museum aan de Stroom (MAS) – que é parada obrigatória em Antuérpia. Ninguém pode deixar de ir até o topo do museu pra ter uma vista 360º maravilhosa da cidade (até os belgas vão, mesmo que só pra tomar uma cerveja e jogar conversa fora, apreciando a vista).

Além do museu, não deixe de ir, também, à estação de trem da cidade, uma das mais bonitas da Europa. Mesmo que você não vá pegar trem algum, vale a pena só pela arquitetura do lugar – e, de quebra, você faz um belíssimo passeio pela cidade, pois o caminho entre o museu e a estação é lindo.

Fonte: www.visitflandres.us
Fonte: www.visitflandres.us

Um dos melhores programas é, sem sombra de dúvidas, escolher um dos bares próximos à Groen Plaats (a maior praça da cidade) e sentar-se às mesinhas da área externa, apreciando o sol e todos os artistas de rua que tomam conta da cidade. Uma sugestão é o Café Pelikaan, um dos pontos mais badalados recomendados pelo pessoal local. Pra quem gosta de jazz, o De Muze é uma boa opção (aos domingos, tem shows de jazz ao vivo a partir das 15h).

A cerveja local, é claro, não pode faltar. Então qualquer que seja o bar aonde você vá, peça uma Bolleke Koninck, a cerveja de Antuérpia. Para aqueles que querem experiência cervejeira mais “completa”, vale ir ao ‘T Pakhuis, onde eles fabricam a própria cerveja e dá pra dar uma espiada na microcervejaria que fica dentro do bar. Eles têm, também, uma porção de queijos locais deliciosa pra acompanhar a bebida.

Act like a local - Antuerpia - Bolleke Koninck

Por fim, se você é uma pessoa baladeira e que gosta de festas de arromba, vai adorar Antuérpia. O pessoal de lá vive organizando festas em lugares diferentes, basta perguntar pra galera do Café Normo que eles provavelmente saberão onde rolará o próximo festerê. E se você estava triste por não ter comprado souvenires em Bruxelas, pois estavam muito caros, seus problemas acabaram! Tudo é bem mais barato aqui – inclusive aqueles copos de cerveja lindos da Kwak e da La Corne, que vocês viram no post passado (menos da metade do preço de Bruxelas). Bora gastar esses euros aí!

Semana que vem, deixaremos esse pequeno e lindo país para nos aventurar por uma das capitais mais lindas da Europa (eu diria até do mundo): Budapeste. Não vá perder!

Budapeste? Outra da bucket list. Não perco por nada. E você? ;)

Act like a local – Bruxelas

No mês passado, enquanto minha amiga Thalita Uba fazia uma super euro trip eu cuidava da área cervejeira do blog dela – o Entretenha-me. Na mala de volta da viagem a Thali trouxe um presente pra você que lê o Pra Ver em Londres: uma série suuuper legal de posts sobre algumas das cidades que visitou – e que estão na nossa bucket list. \o/

O primeiro você confere hoje. Com vocês, Thalita Uba!

Salve, salve, digníssimos leitores do Pra Ver em Londres! Depois da brilhante passagem da minha querida Natasha pelo Entretenha-me durante a minha ausência (não conhece o blog? Ixi, então corre lá), chegou a minha vez de retribuir as dicas excelentes que ela deixou por lá (aliás, quem não viu devia aproveitar o embalo e ver agora aqui, aqui, aqui e aqui).

Pra quem não me conhece, sou a Thalita Uba – jornalista, tradutora, editora de livros, crítica de cinema do Literatortura, “mãe” do Entretenha-me e globe-trotter nas horas vagas, o que me traz (finalmente) a o que eu vim fazer aqui.

O Act like a local vai ser uma pequena série em que esta que vos escreve vai dar algumas dicas para quem, como eu, gosta de viajar pra se inserir de corpo e alma na cultura local, conhecendo pessoas locais, frequentando os lugares aonde elas costumam ir, comendo o que elas comem, bebendo o que elas bebem, enfim, agindo como um local! Então se você também gosta de fingir – mesmo que apenas por alguns dias – ser cidadão de um outro país, welcome aboard!

Bruxelles – Brussel – Bruxelas

Bruxelas é a capital da pequenina Bélgica – um dos menores e mais fofos países da Europa – e capital oficial, vejam só, da União Europeia. Com uma população de 145 mil habitantes e uma área de 161 km2, é uma cidade que dá para conhecer em poucos dias (e aproveitar para conhecer outras cidades próximas, como Bruge e Antuérpia), mas que tem muitas coisas legais (e gostosas) para fazer (e comer e beber!).

O maior cartão postal da cidade é, sem sombra de dúvidas, a Grande Praça (La Grand-Place, em francês, e Grote Markt, em holandês – os dois idiomas oficiais do país), onde fica uma série de construções góticas deslumbrantes (dentre elas, a residência do rei e a câmara municipal). Já viram, alguma vez, uma foto de uma praça bem grande com um tapete de flores gigante? Então, é lá (só que esse tapete é colocado só a cada dois anos, geralmente em agosto).

Imagem retirada do site do jornal Zero Hora
Imagem retirada do site do jornal Zero Hora

Act like a local in Bruxelles/Brussel

A Bélgica, no geral, é bastante famosa por duas coisas: a cerveja e o chocolate (ou seja, o país é praticamente o paraíso!). Então pra ser um bom belga, é preciso, em primeiro lugar, ser um bom bebedor (pra não sair do bar caindo na sarjeta que nem turista sem-noção). Além disso, como Bruxelas (tal qual todas as outras cidades da Bélgica) é uma cidade bastante pequena, você certamente vai fazer quase tudo a pé, então pode tirar seu scarpin salto 12 e botar o bom e velho tênis no pé. Por fim, não vale ser enjoado. Mesmo. Aquele papo de que as pessoas não usam desodorante, que tem rato nos restaurantes e que eles não lavam as mãos pra fazer sua comida é tudo verdade. E ninguém morreu por isso ainda, então comece a ser um bom belga agora e deixe o nojo de lado antes de ir pra Bruxelas.

Chegando lá, você obviamente vai visitar todos os pontos turísticos “obrigatórios”, como a praça central, o Atomium (a “torre Eiffell” dos belgas), a Galeria Hubert, a catedral, o palácio, a ópera, o jardim botânico e até aquele famigerado menininho que faz xixi (o Manneken Pis), uma das coisas mais sem graça que eu já vi na vida. (Aliás, prepare-se para se perder nas inúmeras ruelas estreitas rodeadas de lojas e restaurantes porque você vai se perder, pode ter certeza).

Mas depois de ter feito esse turismo “obrigatório”, você pode começar a se inserir na cultura local indo comprar chocolate nas lojinhas em que não tem ninguém. Isso mesmo: belga mesmo não compra Godiva e Cote D’Or (isso é coisa de turista trouxa :P), prefere comprar marcas locais menos famosas mas igualmente boas e bem mais em conta. São inúmeras as lojas que vendem chocolates de todos os tipos e sabores em “blocos” bem mais generosos que aquelas caixinhas com meia dúzia de bombons. Vejam só:

chocolates

Deu água na boca, né? Mas guarde esses pra sobremesa, que antes você não pode deixar de comer um suculento hambúrguer gourmet acompanhado das típicas batatas com maionese belgas – que é o que muitos belgas comem no almoço e é absolutamente delicioso (mas cuidado! Os hambúrgueres são enormes e super recheados, comer sem fazer lambança é uma façanha e tanto!).

hamburguer e batatas

Para coroar tudo, uma cerveja local – mas tem que ser a cerveja certa! Nada de trapistas para acompanhar a comida – para os belgas, as trapistas devem ser bebidas naqueles momentos em que você está no bar, tarde da noite, com os amigos, reclamando do chefe. Para acompanhar a refeição, melhor optar por uma cerveja de trigo ou, melhor ainda, uma Kriek – cerveja tipo Lambic maturada com uma frutinha chamada amarena (para os que preferem algo mais docinho, tem também as Framboise, que são maturadas com framboesas) –, que é algo super belga.

lindemans kriek e framboise

À noite, muitos dirão pra você ir ao bar da Delirium (uma das maiores cervejarias belgas, cujo logo é um elefante rosa), que fica na badaladíssima Rue des Bouchers (bem no meio da Galeria Hubert). É uma cilada, Bino! Digo, se você gosta de gente demais, barulho demais, calor demais, enfim, aquela muvuca generalizada, vá em frente – é, definitivamente, o point dos turistas baladeiros. Mas pra quem quer vivenciar a cultura local, o melhor mesmo é tentar os bares que ficam pro lado da Bolsa de Valores – que é pra onde a galera local vai pra fugir dos turistas. Lá, você vai encontrar um monte de bares e boates bem legais e que têm as mesmas opções de cerveja que a Delirium (tá, não tem tantas, mas ninguém vai tomar mais de 300 tipos de cerveja numa noite mesmo). Não deixe de tomar a Kwak e a La Corne, que vêm em copos superdivertidos, além das trapistas (são seis, ao todo).

kwak e la corne

Por fim, se você quiser mesmo não passar recibo de turista, lute contra aquela vontade irresistível de roubar os copos. Ao invés disso, procure-os no mercado de pulgas, na Place du Jeu de Balle, que também é bem legal. Se não achar, tudo bem, renda-se e compre nas lojinhas de souvenires mesmo – mas se por acaso for à Antuérpia, deixe pra comprar lá, que é bem mais barato.

Nossa próxima parada, aliás, é lá mesmo, Antuérpia, com uma passada por Bruge. Até lá!

YEY, obrigada pelo ótimo primeiro post da série, Thali. Eu adorei, e você aí? :)

Tem dúvidas sobre Bruxelas ou quer pedir alguma coisa em específico sobre Bruge ou Antuérpia? Deixa um comentário, vai. A gente agradece. ;)

Beijobeijo,

Nah.