Act like a local – Budapeste

Chegamos ao terceiro post da série “Act like a local”, na qual minha amiga Thalita Uba (tá esperando o que pra conhecer o blog dela? O Entretenha-me é incrível. Vai lá!) traz dicas pra quem quer curtir algumas das cidades mais interessantes da Europa como os locais fazem…

Já passmos por Bruxelas, Bruges e Antuérpia. O destino de hoje é Budapeste. Bora saber o que a Thali trouxe de lá?

Nossa viagem pelo mundo dos cidadãos europeus chega hoje a uma das capitais mais lindas que eu conheço: Budapeste! É tanta coisa legal que eu não sei nem por onde começar. Mas vamos lá.

Budapeste – Budapest

O centro corporativo, econômico e cultural da Hungria tem quase 2 milhões de habitantes distribuídos em uma área de 525 km2. Sexta maior cidade da União Europeia, Budapeste foi classificada como cidade global alpha (indicador de que a cidade é um ponto importante no sistema econômico global) pela Globalization and World Cities Study Group & Network (GaWC).  Fundada em 1893, essa capital maravilhosa nasceu da união das cidades de Buda, na margem direta do Danúbio, com Peste, que ficava à esquerda. Por sua proximidade com Viena (que fica a apenas 217 km), era considerada a segunda capital do Império Austro-Húngaro, e era lá que Sissi, a famosa imperatriz, sempre ia passear (dizem por aí que ela, na verdade, era amante do primeiro ministro húngaro, mas abafa o caso).

Act like a local in Budapest

Não tem como não pensar em Budapeste como duas coisas distintas, pois a parte de Buda e a parte de Peste são realmente bem diferentes e devem ser aproveitadas também de maneira diferente.

Buda é a parte mais histórica, onde fica o imenso Castelo de Buda, a igreja de São Matias (que é absolutamente maravilhosa), a Citadela, o Bastião dos Pescadores e a famosa casa de banhos Gellert. Esse é o dia em que você deve vestir a carapuça de turista mesmo e fazer os passeios mais usuais (esses todos que eu falei ali em cima), pois são todos pontos obrigatórios e ver tudo isso leva muitas horas. É de Buda, também, que se tem a melhor vista do parlamento húngaro, que é uma das construções mais lindas do mundo. A dica aqui é nunca, jamais, sob hipótese alguma comer, beber ou comprar qualquer coisa no castelo e seus arredores. Passeio pra turista, preço pra turista. Não custa nada dar uma andadinha a mais pelas ruas próximas pra achar restaurantes e lojinhas com preços bem mais camaradas.

Legenda: Oi! Essa sou eu :)
Oi! Essa sou eu 🙂

Em Peste é que nossa diversão começa! Pra começar, alugue uma bike. Budapeste, como tantas outras cidades da Europa, tem ciclovias em todos os lugares e os motoristas realmente respeitam os ciclistas. Além disso, essa parte da cidade é toda plana (ao contrário de Buda, que é montanhosa), então pedalar por lá é supertranquilo. Depois de visitar o parlamento (que também é parada obrigatória), pegue sua bike e dê umas voltas pelas ruas em torno da praça Erzsébet, ali tem um monte de restaurantezinhos pequenos e caseiros onde você não pode deixar de apreciar algumas das delícias locais, herança do extinto Império Austro-Húngaro: goulasch (uma sopa apimentada feita com pedaços de carne), túrós batyu (uma espécie de pastel recheado com requeijão) para sobremesa e, pra acompanhar, um vinho tinto Egri Bikavér (gente, deu até água na boca!). O restaurante onde eu fui foi indicado por um nativo, que disse que era o lugar onde ele ia “pra relembrar a comida da avó” e era realmente simples e gostoso: o Kisharang, que fica aqui.

o tal goulasch
o tal goulasch

Budapeste também é o lugar onde você vai encontrar os bares mais doidos e divertidos do mundo. Os chamados “ruinpubs” são bares que foram construídos em locais que foram abandonados depois da guerra e onde a decoração se resume a um amontoado de sucatas e velharias das mais diversas que você pode imaginar. Tem pedaços de bicicletas, vinis, cartazes antigos da URSS, manequins, brinquedos, fotos, aparelhos eletrônicos, enfim, de tudo mesmo.

Um dos ruinpubs mais legais para se parar durante o dia (ou seja, durante seu passeio turístico de bike por Peste) é o Kertem, que fica bem no meio do maior parque da cidade, o Varosliget, que é um dos meus lugares preferidos na cidade toda. Com poucos turistas, muitas pessoas locais, cerveja gelada e uma paisagem absolutamente maravilhosa, o Kertem é um lugar bem agradável pra fazer aquela pausa no meio da tarde. Além disso, volta e meia tem música ao vivo por lá (mesmo durante a semana e no meio da tarde!).

Kertem! (Fonte: http://www.kapcsolodj.be/)
Kertem! (Fonte: http://www.kapcsolodj.be/)

Dentro deste mesmo parque tem uma casa de banhos superbadalada, a Széchenyi. Eu confesso que não fui (fui só à Gellert), mas quem foi me garantiu que é bem legal.

Pra fechar o dia (depois que você devolver a sua bike), duas opções. A primeira: conhecer o ruinpub mais antigo da cidade: o Szimpla kert! Aberto em 2002, o pioneiro dos ruinpubs é provavelmente o bar mais maluco a que eu já fui na vida – e simplesmente sensacional! Localizado em um prédio bem antigo e no meio do “nada” (é até estranho o caminho desértico até lá, mas não se assustem, é bem tranquilo!), o Szimpla tem uma série de cervejas locais, drinks dos mais variados e uma decoração completamente doida (e superdivertida). Sempre tem um DJ animando a noite e o ambiente é pra lá de descontraído.

Szimpla (Fonte: https://www.facebook.com/szimplakert)
Szimpla kert (Fonte: https://www.facebook.com/szimplakert)

A segunda opção é para aqueles que gostam de arte e música: um espetáculo na ópera. A ópera de Budapeste é simplesmente linda e os ingressos mais caros custam apenas 60 euros. Isso mesmo. Ou seja: mesmo que você não queira gastar tanto, dá pra assistir a algo bem bacana por 20, 40 euros – um preço, cá entre nós, bastante razoável. Os estudantes de música da universidade costumam comprar os ingressos mais baratos (de 6 euros) pra ficar láááá em cima e estudar a música tocada pela orquestra que geralmente acompanha o espetáculo. Então aqui fica outra dica: se você quiser mergulhar de cabeça na cultura local fazer o mesmo, vá em frente! Certamente vai render algumas conversas interessantes com os músicos.

Act like a local - Budapeste - Opera

Nossa próxima parada é (infelizmente) a última! Encontro vocês na bela capital austríaca. Até lá!

Mais uma cidade pra bucket list, né? 🙂

Adorei, Thali. Muito obrigada pelas dicas preciosas. Esperamos você (já com saudade) na semana que vem. Tenho certeza que o último post vai encerrar a série com chave de ouro.

Beijobeijo,

Nah.

Curitiba e as bicicletas: uma relação de amor

Curitiba não é uma cidade plana. Em Curitiba uma chuvinha SEMPRE pode cair, mesmo que o dia comece ensolarado. Em Curitiba, muitos trechos dos 120 quilômetros de ciclovia (!) estão em péssimo estado de conservação e ainda há poucas vias destinadas a ciclistas no centro da cidade – o que dificulta a utilização da magrela como meio de transporte principalmente para quem trabalha por lá.

Pois é, apesar da imagem de cidade modelo ainda estamos longe da perfeição quando se fala em cidade bike friendly. Mas perto da revolução!

Curitiba-bicicletas

A revolução sobre duas rodas

Na capital paranaense é assim: cada vez mais gente batalha pelos direitos de quem pedala, o número de iniciativas em prol da bike é enorme (mais privadas do que públicas, é verdade, mas estamos no caminho certo!) e dá pra ver que a mentalidade do curitibano está mudando por causa disso tudo.

Vemos carros com adesivos de respeito a quem pedala, ciclistas seguindo as leis de trânsito e, assim, convivendo (quase que) pacificamente com seus “colegas” carros, ônibus e motos, empreendedores apostando na bike para criar novos negócios (a Ecobike Courier, por exemplo, oferece entregas sustentáveis. Nada de motoboys, quem leva seu pedido são os bikers!) e, claro, gente engajada para mostrar que explorar a cidade em cima de duas rodas pode ser incrível.

Esse é o caso da Kuritbike, uma empresa bem legal que a gente teve a oportunidade de conhecer no mesmo fim de semana em que saímos com o pessoal do Curitiblogando para visitar e testar os hostels da cidade (não leu o post? Clique aqui e leia djá! Dá pra se hospedar BEM pagando POUCO na terra das araucárias! ;).

A Kuritbike

kuritbike

Fundada em 2010, a Kuritbike é a primeira empresa do Brasil especializada em cicloturismo urbano e a primeira empresa de aluguel de bicicleta a operar diariamente em Curitiba.

Atualmente, a Kuritbike oferece aos seus clientes sete roteiros: Ópera de Arame, Coffe Bike Tour, Parque Barigui, Bike & Bar, Parque Passaúna, Estrada da Graciosa e Jardim Botânico.

A gente fez o Coffe Bike Tour em uma versão especial porque era domingo e nem todos os cafés que fazem parte da rota estavam abertos. E, olha, vou ser bem sincera com você: o tour superou todas as minhas expectativas.

Verdade seja dita: marido e eu costumamos pedalar por Curitiba. Ele muito mais do que eu, mas eu amo minha Caloi City e tirá-la da garagem para ir pelo menos até o Parque São Lourenço é um dos meus programas preferidos para um sábado de sol.

bikes-Jardim-Botanico

E aí que eu achava que tá, ia ser legal, mas que não traria nada de novo. Que bobinha, eu fui. haha

Mais do que um passeio de bike, o tour feito pelo Gustavo é um mergulho na história da cidade. Ele sabe de tudo, pow. Contou coisas que eu nem imaginava, como o fato de o primeiro parque de Curitiba, o Passeio Público, ter sido uma iniciativa do então “presidente da provícia” Alfredo d’Escragnolle Taunay para resolver problemas de terreno da área, que até então era um banhado.

Sério, foi tipo uma aula de história em cima de uma bike, pedalando por regiões lindas da nossa Curitiba velha de guerra. Amei muito e recomendo.

Com a galera do Curitiblogando na frente do Museu Oscar Niemeyer
Com a galera do Curitiblogando na frente do Museu Oscar Niemeyer

Além do roteiro super bacana, as bikes são ótimas, o kit do cliente inclui capacete, seguro, assistência mecânica durante o passeio, 500 ml de água por cliente, o Gustavo cuida da segurança de todo mundo dando orientações ao longo de todo o trajeto e, no caso deste tour que fizemos, há incluso no preço ainda a degustação de cafés especiais. A gente até viu um barista decorando várias xícaras de capuccino no Lucca Cafés Especiais. Coisa fofa! <3

lucca

No Rause, outro café pelo qual passamos, dá pra apreciar cafés especiais e bons vinhos se sentindo em casa.
No Rause, outro café pelo qual passamos, dá pra apreciar cafés especiais e bons vinhos se sentindo em casa.

O Coffee Bike Tour especificamente tem 3 horas de duração, o grau de dificuldade é considerado fácil e custa R$ 90 para uma pessoa, em caso de passeio individual com o guia, e R$ 50 por pessoa para grupos.

Uma excelente opção de passeio não apenas para quem vem turistar em Curitiba, mas também para os curitibanos que querem redescobrir sua cidade de uma forma diferente.

Mas se o seu objetivo na cidade é rodar de bike sem um guia, o aluguel das bikes da Kuritbike custa R$ 7 a hora, R$ 20 o período de 4 horas, R$ 30 a diária e R$ 50 dias diárias. Alguns hostels da cidade já contam com as bicicletas da Kuritbike em suas dependências, o que pode facilitar a vida de quem está hospedado lá!

Aproveite. E #vádebike. Curitiba é linda e algumas belezas você só consegue apreciar a pé ou de bike. Eu garanto. 😉

curitiblogandoFizemos este tour a convite do Kuritbike, mas a minha opinião sobre o tour é sincera. 🙂

Quer saber o que os outros blogueiros do Curitiblogando acharam do Kuritbike? Clique nos links abaixo:

Act like a local – Bruges e Antuérpia

Na semana passada, iniciamos a série Act like a local – de guest posts produzidos pela minha amiga Thalita Uba (do blog Entretenha-me – corre lá conhecer) – falando sobre Bruxelas, a capital da Bélgica, e sobre o que você, que viaja querendo mergulhar na cultura local, poderia fazer por lá.

Hoje, seguimos viagem e nossa parada é dupla: Bruges e Antuérpia. Como a primeira delas está há milênios na nossa bucket list eu estava super ansiosa para ler esse post. Aí a Thali apresenta uma linda Antuérpia e eu babo. Adorei. Espero que você goste também! 🙂

Manda ver, Thali!

Continuando nosso passeio pela belíssima Bélgica, chegamos hoje a duas cidades absolutamente maravilhosas, daquelas que parecem “feitas” pra filme, sabe? E nossa primeira parada é conhecida como a “Veneza do Norte” – ou seja, não tem como não ser mágica, né? Bem vindos a Bruges.

Bruges – Brugge

Bruges é uma cidade pequenininha, de menos de 120 mil habitantes, capital da província belga de Flandres Ocidental. Oficialmente uma cidade desde 1128, Bruges já foi um ponto estratégico superimportante para a economia do país, devido aos inúmeros canais que a ligavam a outras cidades da Bélgica e dos Países Baixos, mas desde que o lodo começou a tomar conta do canal principal da cidade (o Zwin), Bruges perdeu prestígio e acabou perdendo o posto para Antuérpia (para onde vamos já, já).

Com a construção do porto de Zeebrugge, utilizado pelas tropas alemãs durante a I Guerra Mundial para atracar seus submarinos, Bruges voltou a atrair a atenção das pessoas, o turismo cresceu e, em 2002, a cidade foi eleita capital europeia da cultura.

Act like a local - Bruges dia

Act like a local in Brugge

Na verdade bem verdade, dentro do centro histórico da cidade (que é a parte que você vai visitar) vivem apenas 20 mil pessoas. Isso significa que quase sempre vai ter mais turistas na rua do que pessoas locais, o que torna a vida de quem quer viver algumas horas como um cidadão de Bruges um tanto complicada. Difícil, mas não impossível.

Pra começar, saiba que a sensação térmica em Bruges é sempre menor que em Bruxelas – por estar mais perto do mar e ventar pra caramba por lá. Então mesmo que esteja calor em Bruxelas, lembre-se da sua mãe e da sua avó e leve um casaquinho. Além do casaco, tenha um mapa da cidade em mãos. Os moradores de Bruges não gostam muito de dar informações, então quanto mais você puder se virar sozinho, melhor. Uma belga amiga minha me disse que, se fosse realmente necessário pedir informação a alguém, era melhor perguntar pro pessoal que faz passeios de charrete – afinal, o trabalho deles é atender os turistas mesmo.

Act like a local - Bruges - charrete

Ao andarilhar pela cidade, uma das mais fofas do mundo (ao menos do mundo que eu conheço), fique atento aos ciclistas – especialmente os locais. Eles têm uma tendência a tentar passar por cima dos turistas. O mesmo vale para as charretes – a maioria dos cavalos parece não conhecer as leis de trânsito e atropelará você sem dó nem piedade. Por fim, vale a mesma regra que eu mencionei em Bruxelas: nada de roubar os copos de cerveja (por mais lindos e diferentes e legais que eles sejam). Isso é coisa de turista.

Agora que você está preparado para andar pelas ruas de Bruges com segurança, vamos a o que você não pode, como um bom belga, deixar de fazer. Os canais que atravessam toda a cidade são, de fato, lindos. Se você não conseguir conter seus instintos de turista, faça o passeio de barco. Mas o “certo” mesmo é você comprar uma cerveja no mercado e ir andar ao longo dos canais, sem pressa, e sem um monte de gente tagarelando e tirando fotos sem parar. Se quiser, compre um guia da cidade e siga a rota sugerida por ele – assim, você vai ficar por dentro da história de Bruges de maneira calma e tranquila, como o clima da cidade pede.

Vale lembrar que a cerveja, como em qualquer outra cidade belga, tem que ser local – senão não tem graça. Suas opções são: Straffe Hendrik, Straffe Hendrik Quadrupel, Brugse Zot, Brugse Bok e Fort Lapin. Eu, particularmente, recomendo a Straffe Hendrik, que é uma delícia e provavelmente a mais “fácil” de agradar diversos paladares.

Act like a local - Bruges - Straffe Hendrik

O pessoal de Bruges adora ficar ao ar livre – e como não adoraria, com um cenário tão lindo? Pra quem gosta de correr, então, a cidade é um prato cheio. Uma corridinha ao redor de Bruges, margeando o muro que circunda a cidade, dá pouco mais que 7 km. Depois de tanto esforço, o negócio é fazer um piquenique pra repor as energias em algum dos pequenos parques da cidade, como o Hof de Jonghe – onde, com sorte, dá até pra ver umas ovelhinhas, superbucólico. É só ir ao mercado, comprar umas cervejas, pães, queijos e chocolates e pronto. Você vai ter uma das refeições mais deliciosas da sua vida (visto que todos esses produtos, lá, são excelentes).

Depois de ir pra casa e tomar um banhinho (né?), é hora de curtir a noite. Em Bruges, é proibido vender bebidas alcoólicas das 23h às 7h, então o negócio é sair cedo. Se estiver acompanhado, vale experimentar um jantar romântico no Du Phare. Para tomar umas cervejas e curtir a “night”, tente o ‘T Poatersgat; para esnobar mesmo, o Zwart Huis; e para quem gosta de história, o Café Vlissinghe, o bar mais antigo de Bruges, de 1515 (quase a mesma idade do Brasil 😛 ). Todas as opções precisam ser seguidas de um passeio noturno pelos canais, que ficam absolutamente maravilhosos à noite. Depois de aproveitar as delícias desse pequeno pedacinho do céu, no dia seguinte seguimos para Antuérpia, a segunda maior cidade da Bélgica.

Fonte: Fonte: www.nationalgeographic.nl
Fonte: Fonte: www.nationalgeographic.nl

Antuérpia – Antwerpen

Com cerca de 500 mil habitantes, Antuérpia é a cidade mais populosa da Bélgica e tem um dos portos mais importantes do mundo. Conhecida como centro mundial de lapidação de diamantes, aqui são negociados nada menos que 80% dos diamantes brutos e 50% dos diamantes lapidados do mundo(!). O nome da cidade tem origem em uma lenda segundo a qual um gigante chamado Antigoon, que morava perto do rio Escalda, cobrava um pedágio daqueles que queriam atravessar– os que se recusavam, tinham as mãos cortadas e jogadas no rio. Eventualmente, o gigante foi morto por um jovem herói chamado Brabo, que conseguiu cortar a mão do gigante e a atirou no rio. Daí o nome Antwerpen, do holandês werpen (mão) e wearpan (arremessar).

Act like a local - Antuerpia

Act like a local in Antwerpen

Muita gente costuma tratar Antuérpia apenas como uma parada entre Paris e Amsterdam. Um bando de bobos, pois Antuérpia é uma das cidades mais agradáveis e bonitas que eu conheço. São mais de 400 bares na segunda cidade mais internacional do mundo, com moradores (registrados) de 168 nacionalidades (ficando atrás apenas de Amsterdam, com 177). Ou seja, é uma cidade, no mínimo, interessante!

A primeira coisa a se fazer em Antuérpia é alugar uma bicicleta. 90% da população local anda de bike (tá, estou exagerando, mas é gente pra caramba mesmo) e, como a cidade é toda plana, é simplesmente uma delícia pedalar por lá. E, ao contrário do pessoal de Bruges, que tem certa preguiça em ajudar os turistas, as pessoas de Antuérpia são super solícitas – também, com tanto estrangeiro morando lá, acho que elas não têm muita escolha. 🙂 De qualquer forma, é bem fácil andar pela cidade, que tem ruas bem cuidadas e onde o ciclista é quem manda.

Act like a local - Antuerpia-

Os belgas de Antuérpia também são apaixonados pelo sol. Basta que um raio de luz apareça entre as nuvens para que todos estejam andando pelas ruas, aproveitando os bares e as praças da cidade. Andar de bike ao longo do rio Escalda é absolutamente delicioso. Aproveite para fazer esse trajeto quando for ao Museum aan de Stroom (MAS) – que é parada obrigatória em Antuérpia. Ninguém pode deixar de ir até o topo do museu pra ter uma vista 360º maravilhosa da cidade (até os belgas vão, mesmo que só pra tomar uma cerveja e jogar conversa fora, apreciando a vista).

Além do museu, não deixe de ir, também, à estação de trem da cidade, uma das mais bonitas da Europa. Mesmo que você não vá pegar trem algum, vale a pena só pela arquitetura do lugar – e, de quebra, você faz um belíssimo passeio pela cidade, pois o caminho entre o museu e a estação é lindo.

Fonte: www.visitflandres.us
Fonte: www.visitflandres.us

Um dos melhores programas é, sem sombra de dúvidas, escolher um dos bares próximos à Groen Plaats (a maior praça da cidade) e sentar-se às mesinhas da área externa, apreciando o sol e todos os artistas de rua que tomam conta da cidade. Uma sugestão é o Café Pelikaan, um dos pontos mais badalados recomendados pelo pessoal local. Pra quem gosta de jazz, o De Muze é uma boa opção (aos domingos, tem shows de jazz ao vivo a partir das 15h).

A cerveja local, é claro, não pode faltar. Então qualquer que seja o bar aonde você vá, peça uma Bolleke Koninck, a cerveja de Antuérpia. Para aqueles que querem experiência cervejeira mais “completa”, vale ir ao ‘T Pakhuis, onde eles fabricam a própria cerveja e dá pra dar uma espiada na microcervejaria que fica dentro do bar. Eles têm, também, uma porção de queijos locais deliciosa pra acompanhar a bebida.

Act like a local - Antuerpia - Bolleke Koninck

Por fim, se você é uma pessoa baladeira e que gosta de festas de arromba, vai adorar Antuérpia. O pessoal de lá vive organizando festas em lugares diferentes, basta perguntar pra galera do Café Normo que eles provavelmente saberão onde rolará o próximo festerê. E se você estava triste por não ter comprado souvenires em Bruxelas, pois estavam muito caros, seus problemas acabaram! Tudo é bem mais barato aqui – inclusive aqueles copos de cerveja lindos da Kwak e da La Corne, que vocês viram no post passado (menos da metade do preço de Bruxelas). Bora gastar esses euros aí!

Semana que vem, deixaremos esse pequeno e lindo país para nos aventurar por uma das capitais mais lindas da Europa (eu diria até do mundo): Budapeste. Não vá perder!

Budapeste? Outra da bucket list. Não perco por nada. E você? 😉

Hostels em Curitiba: a economia criativa explode na cidade

Catedral de Curitiba e ônibus da Linha TurismoSempre gostei demais de Curitiba. “Amo minha terra e torço pelo meu estado”, já diria a campanha publicitária vinda lá do Alto da Glória.

E acho que, parafraseando minha sogra, “as andanças pelo mundo” me ajudaram a ver que essa cidade é realmente muito especial.

Assim, sinto-me na obrigação de dar boas dicas aos viajantes que vem pra cá. E já adianto: é difícil demais fechar a lista dos imperdíveis de Curitiba!

E sem essa que só chove, que é frio, que o Atlético não ganha uma do Coxa e blablabla… Não dá pra descontar nossas frustrações em coisas que não se pode mudar, não é? 😉

Jardim Botânico

Há algus anos Curitiba saiu da bolha que parece ter ficado por uns bons anos. A cidade ganhou cor, vida, arte, cervejas… Alguns podem dizer que isso se deve ao fato de que hoje 55% da população da cidade é composta por forasteiros. Talvez. Mas vejo a piazada se movimento muito pra inovar, e credito a isso o bom momento.

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Ainda há muito a ser feito, claro.  Em especial por parte dos governantes. Mas a veia empreendedora pulsa forte na cidade fria.

Muitos negócios incríveis surgiram ou se consolidaram por aqui nos últimos anos nos mais diversos segmentos: gastronomia, comunicação, educação, serviços, design, música, esportes, arte…

Brooklyn Coffee Shop, um dos meus cafés preferidos

A inovação sacode as araucárias! Nesse contexto destaco o artigo Curitiba: uma cidade contra sua vocação, do Eloi Zanetti. Ele sintetiza isso tudo que estamos vendo e vivendo por aqui com sua maestria natural. Diz Eloi:

“Os tempos mudaram e hoje se percebe que há algo de novo no ar, os filhos e netos dos ‘soturnos e insulados curitibanos’, como o Jardim nos alcunhara, miscigenados com os neo-curitibanos, aparecem como a segunda oportunidade para a nossa cidade. São jovens com espírito e experiência cosmopolita, insatisfeitos e transformadores. Não dão a mínima para suas ascendências e raízes e se esforçam para colocar para fora suas ideias criativas.”

O exemplo que vem dos hostels

hostels_cwbDentre os mais diversos bons exemplos que a Economia Criativa vem trazendo aos nossos ares, os hostels curitibanos se destacam. E impressionam! E eu só fui descobrir isso há poucos dias.

São, provavelmente, sete na cidade. Talvez um ou outro a mais. E o boom dos últimos anos, quando nada menos do que quatro deles abriram – é a vocação mostrando sua cara – criou o melhor cenário possível para os viajantes.

Nós tivemos a oportunidade de conhecer quatro hostels em parceria com os amigos do Curitiblogando à convite do Curitiba Convention & Visitors Bureau, uma entidade sem fins lucrativos que promove o turismo em Curitiba e região.

Fomos ao Curitiba Hostel, Motter Home, Curitiba Eco Hostel e Knock Knock. Em cada um fomos recebidos e guiados pelos proprietários ou funcionários. E, pra surpresa geral, todos eram incríveis!

Muito melhores, inclusive, que vários hostels europeus. Ouso dizer que superam vários hotéis três estrelas por aí…

Foi uma experiência e tanto ver de perto essa rotina que não é tão comum de se acompanhar em sua própria cidade. Ser turista onde você mora, aliás, é uma algo que eu recomendo a todo mundo. Em especial se você curte pedalar. 🙂

tangua

O Eco Hostel Curitiba

Após o rolê com seis blogueiros de cinco blogs, cada blogueiro dormiu em um hostel diferente. A ideia é que cada blog passasse sua visão sobre o hostel que ficou. A opinião dos colegas sobre os outros hostels você pega ao fim do texto.

Nós fomos para o Eco Hostel. Sonho antigo do casal, inclusive. Fazia tempo que a gente se ensaiava para passar uma noite por lá.

Ele existe há 10 anos. O Eco foi pioneiro em Curitiba junto com o Roma Hostel. É comandado por dois irmãos na casa dos 40 e tantos anos. Rodrigo e Alexandre, dois surfistas gente boníssimas que nos receberam muito bem.

O nome sugere bem o que é albergue. Um terreno gigante de 8 mil metros quadrados abriga chalés e quartos em meio à muita mata. Até um pequeno córrego cruza o hostel. Eles ainda cultivam uma horta orgânica e têm um cuidado especial com o lixo. Rola até uma bike que você pedala para produzir energia.

Eco Hostel Curitiba

O Eco fica um pouco afastado do centro, no bairro Campo Comprido. Isso pode ser bom ou ruim. Questão de gosto. Mas a tranquilidade do lugar é incrível. Perfeito pra relaxar e se desligar. Até mesmo pra você, curitibano. Vale aproveitar um fim de semana pra dormir lá. E tem um ponto de ônibus bem em frente ao hostel. Em 20 minutos você está no centro.

A estrutura do hostel é ótima. Os quartos são amplos, limpos, organizados. O chuveiro é bom e quente – algo importantíssimo nessa terra gelada! Os quartos privativos têm até televisão. Coisa rara!

O café da manhã também não decepciona. Nada de luxo, mas muito bem servido.

O Eco ainda tem piscina, churrasqueira, sala de tv com canais a cabo. A área comunal e o bar também são show!

Vai lá na fé que você não vai se decepcionar.

Preços e informações importantes

As diárias custam a partir de R$ 40,00. Aqui você confere a tabela com todos os preços.

O site do Curitiba Eco Hostel é bem completo. Você vai encontrar todas as infos que precisa.

Cobertura que os blogs do Curitiblogando fizeram sobre os outros hostels

curitiblogandoMotter Home: Finestrino

Knock Knock: TipTrip

Curitiba Hostel: Preciso Viajar

Act like a local – Bruxelas

No mês passado, enquanto minha amiga Thalita Uba fazia uma super euro trip eu cuidava da área cervejeira do blog dela – o Entretenha-me. Na mala de volta da viagem a Thali trouxe um presente pra você que lê o Pra Ver em Londres: uma série suuuper legal de posts sobre algumas das cidades que visitou – e que estão na nossa bucket list. \o/

O primeiro você confere hoje. Com vocês, Thalita Uba!

Salve, salve, digníssimos leitores do Pra Ver em Londres! Depois da brilhante passagem da minha querida Natasha pelo Entretenha-me durante a minha ausência (não conhece o blog? Ixi, então corre lá), chegou a minha vez de retribuir as dicas excelentes que ela deixou por lá (aliás, quem não viu devia aproveitar o embalo e ver agora aqui, aqui, aqui e aqui).

Pra quem não me conhece, sou a Thalita Uba – jornalista, tradutora, editora de livros, crítica de cinema do Literatortura, “mãe” do Entretenha-me e globe-trotter nas horas vagas, o que me traz (finalmente) a o que eu vim fazer aqui.

O Act like a local vai ser uma pequena série em que esta que vos escreve vai dar algumas dicas para quem, como eu, gosta de viajar pra se inserir de corpo e alma na cultura local, conhecendo pessoas locais, frequentando os lugares aonde elas costumam ir, comendo o que elas comem, bebendo o que elas bebem, enfim, agindo como um local! Então se você também gosta de fingir – mesmo que apenas por alguns dias – ser cidadão de um outro país, welcome aboard!

Bruxelles – Brussel – Bruxelas

Bruxelas é a capital da pequenina Bélgica – um dos menores e mais fofos países da Europa – e capital oficial, vejam só, da União Europeia. Com uma população de 145 mil habitantes e uma área de 161 km2, é uma cidade que dá para conhecer em poucos dias (e aproveitar para conhecer outras cidades próximas, como Bruge e Antuérpia), mas que tem muitas coisas legais (e gostosas) para fazer (e comer e beber!).

O maior cartão postal da cidade é, sem sombra de dúvidas, a Grande Praça (La Grand-Place, em francês, e Grote Markt, em holandês – os dois idiomas oficiais do país), onde fica uma série de construções góticas deslumbrantes (dentre elas, a residência do rei e a câmara municipal). Já viram, alguma vez, uma foto de uma praça bem grande com um tapete de flores gigante? Então, é lá (só que esse tapete é colocado só a cada dois anos, geralmente em agosto).

Imagem retirada do site do jornal Zero Hora
Imagem retirada do site do jornal Zero Hora

Act like a local in Bruxelles/Brussel

A Bélgica, no geral, é bastante famosa por duas coisas: a cerveja e o chocolate (ou seja, o país é praticamente o paraíso!). Então pra ser um bom belga, é preciso, em primeiro lugar, ser um bom bebedor (pra não sair do bar caindo na sarjeta que nem turista sem-noção). Além disso, como Bruxelas (tal qual todas as outras cidades da Bélgica) é uma cidade bastante pequena, você certamente vai fazer quase tudo a pé, então pode tirar seu scarpin salto 12 e botar o bom e velho tênis no pé. Por fim, não vale ser enjoado. Mesmo. Aquele papo de que as pessoas não usam desodorante, que tem rato nos restaurantes e que eles não lavam as mãos pra fazer sua comida é tudo verdade. E ninguém morreu por isso ainda, então comece a ser um bom belga agora e deixe o nojo de lado antes de ir pra Bruxelas.

Chegando lá, você obviamente vai visitar todos os pontos turísticos “obrigatórios”, como a praça central, o Atomium (a “torre Eiffell” dos belgas), a Galeria Hubert, a catedral, o palácio, a ópera, o jardim botânico e até aquele famigerado menininho que faz xixi (o Manneken Pis), uma das coisas mais sem graça que eu já vi na vida. (Aliás, prepare-se para se perder nas inúmeras ruelas estreitas rodeadas de lojas e restaurantes porque você vai se perder, pode ter certeza).

Mas depois de ter feito esse turismo “obrigatório”, você pode começar a se inserir na cultura local indo comprar chocolate nas lojinhas em que não tem ninguém. Isso mesmo: belga mesmo não compra Godiva e Cote D’Or (isso é coisa de turista trouxa :P), prefere comprar marcas locais menos famosas mas igualmente boas e bem mais em conta. São inúmeras as lojas que vendem chocolates de todos os tipos e sabores em “blocos” bem mais generosos que aquelas caixinhas com meia dúzia de bombons. Vejam só:

chocolates

Deu água na boca, né? Mas guarde esses pra sobremesa, que antes você não pode deixar de comer um suculento hambúrguer gourmet acompanhado das típicas batatas com maionese belgas – que é o que muitos belgas comem no almoço e é absolutamente delicioso (mas cuidado! Os hambúrgueres são enormes e super recheados, comer sem fazer lambança é uma façanha e tanto!).

hamburguer e batatas

Para coroar tudo, uma cerveja local – mas tem que ser a cerveja certa! Nada de trapistas para acompanhar a comida – para os belgas, as trapistas devem ser bebidas naqueles momentos em que você está no bar, tarde da noite, com os amigos, reclamando do chefe. Para acompanhar a refeição, melhor optar por uma cerveja de trigo ou, melhor ainda, uma Kriek – cerveja tipo Lambic maturada com uma frutinha chamada amarena (para os que preferem algo mais docinho, tem também as Framboise, que são maturadas com framboesas) –, que é algo super belga.

lindemans kriek e framboise

À noite, muitos dirão pra você ir ao bar da Delirium (uma das maiores cervejarias belgas, cujo logo é um elefante rosa), que fica na badaladíssima Rue des Bouchers (bem no meio da Galeria Hubert). É uma cilada, Bino! Digo, se você gosta de gente demais, barulho demais, calor demais, enfim, aquela muvuca generalizada, vá em frente – é, definitivamente, o point dos turistas baladeiros. Mas pra quem quer vivenciar a cultura local, o melhor mesmo é tentar os bares que ficam pro lado da Bolsa de Valores – que é pra onde a galera local vai pra fugir dos turistas. Lá, você vai encontrar um monte de bares e boates bem legais e que têm as mesmas opções de cerveja que a Delirium (tá, não tem tantas, mas ninguém vai tomar mais de 300 tipos de cerveja numa noite mesmo). Não deixe de tomar a Kwak e a La Corne, que vêm em copos superdivertidos, além das trapistas (são seis, ao todo).

kwak e la corne

Por fim, se você quiser mesmo não passar recibo de turista, lute contra aquela vontade irresistível de roubar os copos. Ao invés disso, procure-os no mercado de pulgas, na Place du Jeu de Balle, que também é bem legal. Se não achar, tudo bem, renda-se e compre nas lojinhas de souvenires mesmo – mas se por acaso for à Antuérpia, deixe pra comprar lá, que é bem mais barato.

Nossa próxima parada, aliás, é lá mesmo, Antuérpia, com uma passada por Bruge. Até lá!

YEY, obrigada pelo ótimo primeiro post da série, Thali. Eu adorei, e você aí? 🙂

Tem dúvidas sobre Bruxelas ou quer pedir alguma coisa em específico sobre Bruge ou Antuérpia? Deixa um comentário, vai. A gente agradece. 😉

Beijobeijo,

Nah.

Scilla: uma bela surpresa do Sul da Itália

pravernomundoSe tem uma coisa que eu adoro como viajante é poder conhecer uma cidade com a ajuda de quem a conhece bem. Assim, logo que decidimos que o sul da Itália estaria nos planos da nossa lua de mel dei pulinhos de alegria por saber que uma grande e linda amiga minha de infância que há anos mora em Reggio di Calabria estaria por lá.

E não poderia ter sido melhor. Dona Vanise não apenas nos recebeu super bem como deu as melhores dicas de insider do mundo. A praia que vou te apresentar hoje é uma delas. Vem comigo!

Ni, minha linda, obrigada por tudo. Sou só orgulho da mulher sensacional que você se tornou. Batalhadora, guerreira, determinada, sonhadora, você é um exemplo. Que podemos nos rever muitas vezes por aí, por aqui ou em qualquer lugar do mundo. <3
Ni, minha linda, obrigada por tudo. Sou só orgulho da mulher sensacional que você se tornou. Batalhadora, guerreira, determinada, sonhadora, você é um exemplo. Que possamos nos rever muitas vezes por aí, por aqui ou em qualquer lugar do mundo. <3

Como tudo começou…

Como já falamos algumas vezes, um dos motivos para incluirmos o sul da Itália no roteiro dessa trip do ano passado foi o fato de que o João precisava finalizar o processo de cidadania italiana dele e tinha um advogado ítalo-brasileiro que fazia a ponte que era lá do bico da bota.

Por questões burocráticas, nossos 10 primeiros dias na Itália foram em Mammola, uma cidadezinha minúscula na Calabria com pouco mais de três mil habitantes (!) e da qual agora meu marido é cidadão. \o/

mammola1

mammola
Apesar de muito fofa, Mammola não tem nenhum grande atrativo, então não vou me estender nos detalhes sobre ela. Se quiser saber mais, clique aqui.

Passados esses dez dias, por um problema de comunicação (ou de sacanagem dos caras da cidadania, nunca vamos saber ao certo) acabamos viramos sem-teto na Itália. AHAM. haha. A justificativa deles é que aquela parte do processo tinha sido finalizada e que nossa acomodação lá não fazia mais parte do contrato (coisa que não tinham nos explicado antes). Desesperada, fui atrás da minha amiga para ver o que poderíamos fazer (sabendo que por mais que ela oferecesse a casa dela, lá não ia rolar ficar, porque o apê era pequeno). A ideia que ela nos apresentou ou reproduzo neste diálogo:

  • Nah: Ni, não sei o que fazer. Não temos onde ficar. Ou adiantamos o restante da nossa trip ou teremos que desembolsar uma grana em acomodação que não podemos.
  • Ni (bem de boa, do jeitinho fofo dela): Ai, amiga, fica calma. Vai dar tudo certo. Olha só, eu tenho uma amiga que tem uma casa em uma praia que fica bem pertinho aqui de Reggio que é enorme, e ela tá sozinha lá. Certeza que vocês podem ficar com ela esses 15 dias.
  • Nah (um pouco mais calma): Ai, Ni, não sei. Não é chato?
  • Ni (rindo da minha cara): Cala boca, amiga. É bem de boa. Vou fazer meu aniversário lá no sábado. Vocês vão comigo, dormem lá, conversam com ela e vêm como fica.
  • Nah (aliviada): Tá bom então, Ni. Fechou. 🙂

Nos mandamos para Scilla no começo da madrugada de sábado. Como chegamos tardão, nem tivemos tempo de ver nada. Dormimos na casa de um amigo da Ni que ficava em um “bairro” chamado Chianalea. Estava muito escuro para ver qualquer coisa da janela,  então capotamos! Quando acordei com o barulho do mar resolvi dar uma olhadinha e me deparei com esta imagem:

Só pra constar: não há uma ediçãozinha sequer nessa foto!
Só pra constar: não há uma ediçãozinha sequer nessa foto! No fim do post mostro um pouco mais de Chianalea. Guentaê! 🙂

… Naquele mesmo momento concluí que não ia ser difícil passar os tais 15 dias nesse pedaço do paraíso no sul da Itália. 🙂

A primeira cena da vida real que vimos no sábado de manhã foi esta. Muito Itália, né? <3
A primeira cena da vida real que vimos no sábado de manhã foi esta. Muito Itália, né? <3

Scilla em foco

Antes de mais nada, localize-se!  A) Milão B) Roma C) Reggio di Calabria D) Scilla
Antes de mais nada, localize-se!
A) Milão
B) Roma
C) Reggio di Calabria
D) Scilla

23 quilômetros separam a capital da província, Reggio di Calabria, de Scilla, cidade que fica no estreito de Messina e é composta de três partes: o centro, Chianalea e a Marina de Scilla, uma praia de águas transparentes de temperatura agradável (depois dos 5 primeiros minutos, claro), pedrinhas, Lidos (como o da foto abaixo), lanchonetes, restaurantes, hotéis e casas de veraneio de alguns privilegiados – inclusive da mais querida “calabresa” de todas, nossa anfitriã Chiara (a amiga da Ni).

    O tal "Lido". No verão, a praia é tomada por cadeiras de praia e guardas-sol pelos quais se paga 10 euros para usar o dia todo.
O tal “Lido”. No verão, a praia é tomada por cadeiras de praia e guardas-sol pelos quais se paga 10 euros para usar o dia todo.

Nos 15 dias que passamos lá, choveu mais ou menos meia hora. Nas outras muitas horas pegamos sol e calor e aproveitamos mergulhando com peixinhos coloridos no mar, saboreando deliciosos panini, macedonia (hummm… salada de fruta fresquinha), cornetto (croissant italiano), birras geladas, etc. etc. etc.

Essa é pra você entender a história do "mergulhando com peixinhos coloridos". Olha a cor dessa água! Com um óculos de mergulho simples e sem precisar ir muito no fundo você já aproveita demais o que esse marzão boniiito tem a oferecer!
Essa é pra você entender a história do “mergulhando com peixinhos coloridos”. Olha a cor dessa água! Com um óculos de mergulho simples e sem precisar ir muito no fundo você já aproveita demais o que esse marzão boniiito tem a oferecer!

Como se não bastasse tudo isso, Scilla ainda abriga um castelo de onde vimos um pôr do sol lindíssimo – arrisco dizer que foi um dos mais belos que já vi na vida. A entrada no Castello dei Ruffo custa simbólicos 2 euros, e dentre as poucas informações disponíveis a seu respeito está o fato de ele ter sido construído em meados do século IX.

Quando o visitamos, pudemos passear pela estrutura (que inclui esse farol lindão cercado de flores da foto abaixo), curtir o incrível visual e ainda conferir uma exposição fotográfica que mostrava o fundo do mar da da Calabria. Bem bacana. 🙂
farol

Chianalea vista do Castello
Chianalea vista do Castello dei Ruffo

beach

Lá se vai o sol se dormir atrás de Messina...
Lá se vai o sol se dormir atrás de Messina…

boatAlém de tudo isso, ainda fomos presenteados com uma cena belíssima um dia enquanto trabalhávamos em um café no centro da cidade. Era mais ou menos 17h30 quando escutamos o sino da igreja ao lado badalar e concluímos que uma cerimônia de casamento estava chegando ao fim (a pompa dos convidados denunciava isso). Corremos para a porta e de pertinho vimos a saída dos noivos e a liberação de dois pombos brancos. Fechou nossa temporada em Scilla com chave de ouro. O João fez este belo registro:

weddingPor todos esses e por vários outros motivos (a simpatia do povo, a culinária deliciosa, as facilidades da vida por lá, as vespas espalhadas por todos os cantos…), Scilla nos encantou. Entrou pra lista de cidades preferidas do mundo, cidade que pretendemos revisitar e passar mais alguns dos dias mais felizes de nossas vidas. Uma cidade que mostra que é preciso ter muito pouco para ser feliz.

Foi bem difícil escrever esse post pois apesar de ser pequena em tamanho, Scilla é enorme em qualidades, e daria para falar mais e mais e mais sobre ela, além de postar um milhão de fotos. Porém, meu objetivo aqui é convencê-lo a incluir esse pedaço do paraíso na terra em seu roteiro pelo Sul da Itália (consegui até aqui?), então para concluir dou uma mãozinha no planejamento com dicas práticas. Que tal?

Vamos começar pelo “como chegar…”

Como disse anteriormente, a maior cidade próximo de Scilla é Reggio di Calabria. De Reggio, a melhor maneira de ir para Scilla é, sem dúvidas, de carro. Em 20 minutinhos você vai de uma cidade a outra pela autoestrada A3 ou, se preferir, pode ir por dentro das cidades que ficam no caminho, admirando toda a italianice e, em 30/40 minutos você estará lá. Manda ver no GPS e vai com fé. 🙂

Caso você não esteja de carro, dá para ir de trem. Aliás, de trem você consegue cruzar a Itália de Norte a Sul, como contamos neste post. 🙂

Para isso, basta acessar o site da Trenitalia e buscar a passagem ideal. Antes de mais nada, se assim como eu você no parla italiano, troque o idioma da página para o inglês. Depois, na busca, troque “ticket” por “passes”, pois na opção ticket ele só busca trens Le Frecce, eo Le Frecce não faz esses trechos regionais.

Deu pra entender?
Deu pra entender?

Depois disso, apesar de você poder visualizar os horários dos trens pode ser que não consiga comprar sua passagem online, porque são estações menores e às vezes é preciso comprar pessoalmente. Mas pelo menos você tem as informações que precisa para se planejar, né? A viagem de trem entre Reggio e Scilla dura mais ou menos 40 minutos e o preço gira em torno de 10 euros.

Dependendo de onde você estiver antes de chegar a Reggio di Calabria você pode ir pra lá de trem, carro, ônibus e avião. A cidade tem o aeroporto Tito Menniti e lá pertinho tem também o Lamezia. Dá uma pesquisadiola! 😉

Onde ficar?

Como a gente ficou na casa de uma amiga não podemos recomendar especificamente um hotel/hostel em Scilla. No entanto, para não deixá-lo na mão pesquisei algumas opções (não vou ganhar nada por isso, ok? :). Aqui, ó:

Agora é com você. Defina datas, como chegar, onde ficar e APROVEITE! Entre nos restaurantes que for com a cara, passeie pelas ruas que achar mais encantadoras, compre seu snorkel, óculos de mergulho, pé-de-pato e vá nadar com peixinhos coloridos. Você vai se divertir. Só não vá fazer como o João e se deixar queimar por uma água-viva. Machuca. 🙂

Ah, e largue o carro. Passeie por Scilla a pé. Enfrente as escadas para subir e descer do centro (a não ser que decida fazer como nós e ficar 15 dias, porque aí complica. hehe), vá da Marina a Chianalea fazendo uma deliciosa caminhada e observe todos os detalhes a sua volta. Seus dias por lá ficarão ainda mais incríveis assim!

Pra encerrar deixo você com mais umas fotinhos dessa terra encantadora…

nah

Só nesse mirante dá pra passar umas boas cinco horas. haha. Muito lindo. Sério!
Só nesse mirante dá pra passar umas boas cinco horas. haha. Muito lindo. Sério!
Chianalea é incrível...
Chianalea é incrível…
... tanto de dia...
… tanto de dia…
... como à noite! Reserve um tempo para explorá-la com carinho. Lá há muitos restaurantes e bares bacanas.
… como à noite! Reserve um tempo para explorá-la com carinho. Lá há muitos restaurantes e bares bacanas.

Bora sair do roteiro clássico italiano Roma-Florença-Veneza-Pisa e explorar o sul também?! =D

Beijobeijo e até a próxima,
Nah.

Ganhando (pouco) e perdendo (muito) no Casino Puerto Madero [Buenos Aires]

pravernomundoEu nasci numa família bem chegada a jogos de azar. Quando era pequena, os natais na casa da amada vó Didi e do querido vô Décio eram regados a muito bingo. Quando empolgado, meu vô liberava uns vários R$ 50 pros netos que fechavam a cartelinha toda. Era uma felicidade enorme!

Depois, quando cresci, esses mesmos avós me provaram que não é preciso ser jovem para ter pique para ficar até altas horas fora de casa. Viciados num binguinho (como minha vó chama), o casalzinho vivia chegando em casa depois das 2h da matina. Beeeem depois, na real.

Em 2003, porém, Roberto Requião, então governador do Paraná, resolveu acabar com a farra dos velhinhos. Proibiu a existência dos bingos no estado. =/

Os bingos brasileiros não eram bem cassinos, mas tinham vários atrativos que podiam levar famílias à falência, como as mesas de bingo e as máquinas caça-níqueis. A foto é do portal G1
Os bingos brasileiros não eram bem cassinos, mas tinham vários atrativos que podiam levar famílias à falência, como as mesas de bingo e as máquinas caça-níqueis. A foto é do portal G1

Mas, enfim… contei essa história para explicar que era simplesmente IMPOSSÍVEL eu ir a Buenos Aires e não me arriscar em um cassino. Seria um desaforo ao meu lado “Penha”. Sim, porque tem ainda minha mãe que adoraaaava uma maquininha caça-níquel e meus irmãos que são viciadíssimos em poker.

Apesar disso, eu sempre me considerei “controlada”. Acho que meu lado “Schiebel” é forte o bastante para não me permitir apostar todo meu precioso dinheirinho. Quer dizer, pelo menos eu acreditava nisso até conhecer o Casino Puerto Madero… =(

Casino Puerto Madero

Em uma quinta-feira à noite, nos arrumamos, juntamos alguns vários pesos e nos mandamos para o tal cassino.

Sabendo que câmeras fotográficas não são permitidas lá dentro, deixamos a nossa querida companheira Larápia em casa. Uma pena, porque a gente tava muito chique. haha

Mas é claro que eu não ia deixá-los na mão. Vasculhei a internet à procura de imagens do dito cujo e encontrei algumas dignas. Comece a imaginar a pompa… =)

Foto: http://tucasinoenlinea.com/
Foto: http://tucasinoenlinea.com/
Para entrar nos torneios de poker do Casino Puerto Madero é preciso investir de verdade. Vi que as entradas custavam a partir de $200 quando fomos. A foto é da ESPN
Para entrar nos torneios de poker do Casino Puerto Madero é preciso investir de verdade. Vi que as entradas custavam a partir de $200 quando fomos. A foto é da ESPN

 

Para entrar no cassino não é preciso pagar nada. Logo de cara a decoração chama a atenção. Muitas cores, espelhos, música, luzes… enfim, um ambiente bem convidativo.

Famintos, decidimos parar no Color Resto Bar para comer algo antes de começar a maratona de jogos (quem vê pensa!). Pedimos uma pizza de queijo, jamón crudo, tomate seco e rúcula e adoramos. Sério, ela era incrível. Custou cerca de $25, era “individual”, mas nos serviu bem.

Tomamos uma berinha e nos mandamos. E aí, meu caro, eu entendi qual é a pira do negócio! hua hua huaaaa!

A aventura

Comecei procurando mesas de bingo. Blé. Não encontrei. Eu achava que os caça-níqueis (slots) não iam me agradar muito, sabe? Mas eu estava errada. =/

Em pouco tempo estávamos nos sentando em uma das maquininhas.

Começamos cautelosos. O João colocou $10 na máquina e eu fiquei só do ladinho, dando uns palpites como: “aperta aqui, aperta ali”. Tudo, é claro, com muito conhecimento, noção do que estava fazendo… técnica, sabe?! #NOT

Ok. Em 5 minutos perdemos os $10. Primeira decepção da noite.

Escolhi uma outra máquina e fui tentar minha sorte. Que coisa linda. Em menos de cinco minutos meus $10 viraram $69, e eu achei que era muito foda (desculpa o palavrão, mas achei mesmo, fazer o que?!).

A empolgação tomou conta de mim e eu queria mais e mais e mais. Mas depois dessa eu registrei uma sequência incrível de derrotas, não parecendo nenhum pouco meu glorioso Coritiba Football Club, que em 2011 venceu 24 partidas seguidas e entrou para o Guinness Record World Book como o mais vitorioso clube de todos os tempos. \o/ Tábom, parei!

Pausa para o intervalo

Depois de algumas rodadas de fracasso decidimos mudar de ares. Andamos em todos os andares do cassino, observando qual é que era o esquema.

Quem gosta do seriado Friends talvez se lembre de um episódio em que eles vão pra Las Vegas e a Mônica se empolga numa roleta. Então, num andar desses eu me senti a verdadeira Mônica. Louca, louquinha dá uma empinadinha para colocar umas fichas em uns números aqui, outros acolá.

Olha o que eu acheeei! A imagem da Natasha e do João em Vegas. Piadinha sem graça. É a Mônica e o Chandler, de Friends! =) A foto estava no site Cool Spotters, que é bem legalzinho, por sinal!
Olha o que eu acheeei! A imagem da Natasha e do João em Vegas. Piadinha sem graça. É a Mônica e o Chandler, de Friends! =) A foto estava no site Cool Spotters, que é bem legalzinho, por sinal!

Voltando à ativa

Depois de percebermos que os andares que não de slots não eram para a gente (é preciso mais experiência, né?!) resolvemos voltar para as tais “maquininhas”.

Já tínhamos gastado umas boas dezenas de pesos quando o João me alertou: Nah, depois dessa a gente para. Chega de perder!

Minha cara deve ter sido triste essa hora, mas, tudo bem, eu sabia que ele tinha razão.

Fui, então, à procura da máquina ideal. E encontrei: LONDRES. Os “bonequinhos” eram toooodos relacionados à capital inglesa: tinha Big Ben (que dava muitos pontos), guarda real… e o resto eu não lembro. hahha

Coloquei $10 lá e fui calminha. Só apostando x20, 2 vezes (sei lá se isso é bom) e de repente ganhei um bônus.

Tudo começou a apitar e eu ganhei 15 apostas gratuitas. Uhuuuu!

Ao final delas, de novo, meu crédito de $10 virou $69. Tirei meu vale, fui pra maquininha (tipo um caixa eletrônico), peguei meu dindin e… tive que apostar de novo! =(

Ok, mas eu paro por aqui. É claro que perdi na máquina liiinda do Sex And The City, mas isso a gente deixa pra lá.

Infelizmente o Mr. Big não estava no Casino Puerto Madero, mas o slot gracinha do Sex And The City era bem esse aí! =) A foto é do blog Las Vegas Now
Infelizmente o Mr. Big não estava no Casino Puerto Madero, mas o slot gracinha do Sex And The City era bem esse aí! =) A foto é do blog Las Vegas Now

Saí de lá bem feliz. Foi uma diversão diferente. Não gastamos tanto assim não, mas aproveitamos.

Enfim, é um programa que a gente recomenda pra quem tem autocontrole, não é alérgico a cigarro (é permitido fumar lá dentro; infelizmente!) e gosta de sair um pouco do roteiro de pontos turísticos numa ida a Buenos Aires. A diversão é certeira. 🙂

#ficadica

Serviço

Ficou afim de ir? Saiba como chegar!

O Casino Puerto Madero fica na Calle Elvira Rawson de Dellepiane sem número, Dársena Sur Puerto de Buenos Aires
Ele fica aberto todos os dias, 24h por dia! =D
Não se é preciso dizer, mas menores de 18 anos não entram.
E, lembrando: nada de câmeras fotográficas!

Beijos e até o próximo post,

Nah.

O início de um sonho no sul da Itália

 lambrettaEmbarcamos para a velho e querido mundo em agosto de 2012 com três grandes missões:

  • Curtir nossa lua de de mel;
  • Dar continuidade ao meu processo de cidadania italiana;
  • Pôr em prática uma das filosofias da nossa empresa (LondonPress): trabalhar de forma remota com a mesma entrega e comprometimento de sempre e e aproveitar os insights criativos que somente uma viagem dessas é capaz de proporcionar.

Após três dias muito bem curtidos em Milão, pegamos um trem rumo ao desconhecido sul, mais precisamente para Reggio di Calabria.

Após uma deliciosa viagem de quase 10h, desembarcamos na capital da Calábria, cidade com pouco mais de 200 mil habitantes. Eu estava ansioso para provar o que eu imaginava que seria a melhor porção de calabresa do mundo.

Grande decepção constatar que a calabresa acebolada é coisa de boteco brasileiro e ponto final. Por lá, “só” mesmo a pimenta e algumas “singelas” iguarias gastronômica, em sua maioria vindas do mar mediterrâneo.

O que você vai ver no sul da Itáila

Muito sol (mesmo), temperaturas raramente abaixo dos 30º (no verão), lindas praias de pedra com águas mornas e cristalinas, vilarejos históricos, uma gente boa demais e comida italiana em sua melhor forma e sabor. Pra quê mais?

Hoje, damos início a série de posts sobre nossa aventura de 30 dias na “nem tão gigante que só dorme” Reggio Calabria, na paradisíaca Scilla e algumas outras preciosidades como Tropea, Capo Vaticano, Gioiosa Ionica e Taormina, esta na Sicilia.

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Alguns números sobre o turismo na Itália

A curiosidade jornalística me “convidou” a buscar alguns dados que pudessem comprovar o que eu imaginava: a pouca atenção que a Calábria recebe pelos gringos.

A Itália é o quinto país que mais recebe turistas no mundo. Os dados mais recentes foram divulgados pela World Tourism Barometer (UNWTO) em junho de 2012 e apontam que mais de 43 milhões de terráqueos pisaram em solo italiano em 2010.

Destes, míseros 0,47% tiveram a Calábria como destino. A região é a 17ª do top 20 do país no ranking de visitação. Pouco mais de 200 mil pessoas estiveram lá em 2010. A líder é Vêneto, puxada por Veneza.

É difícil de acreditar que tão pouca gente conheça esse paraíso inexplorado.
É difícil de acreditar que tão pouca gente conheça esse paraíso

Mas sejamos justos

Concorrer com Roma, Veneza, Firenze, etc, etc, etc, é um páreo duríssimo. Sorte sua que está aqui. Vai conhecer lugares que vão certamente entrar na sua lista de “pra ver antes de morrer”.

O roteiro que sugerimos contempla quatro praias nas costas leste e oeste da Calábria e um vilarejo com vista para o Etna na Sicília.

Você vai nadar com peixinhos e fugir das águas-vivas, comer deliciosos cornetos (croissants) no café da manhã, se esbaldar com os tradicionalíssimos mariscos, peixes-espada, lagostas e outros pratos da gastronomia local. Além de beber muito vino e se encantar por um povo muito foda que não vê razão para não sorrir para os privilegiados viajantes que põem os pés em sua terra.

Isso existe, acredite!
Isso existe, acredite!

No próximo post vamos falar mais sobre Scilla, uma praia situada há meia hora de carro de Reggio Calabria. Passamos alguns dos melhores dias de nossas vidas nesse paraíso.

Até lá!

Se você quiser ver mais números sobre o turismo na Itália acesse o site da Agenzia Nazionale del Turismo.

El Gato Negro: um bar notable imperdível! [Buenos Aires]

pravernomundoBuenos Aires é famosa por seus bares notables, estabelecimentos que, por preservar aspectos originais de sua arquitetura do início do século XX, por terem grande importância histórica ou tido como clientes grandes nomes da cultura argentina foram tombados pelo Patrimônio Cultural da cidade.

O mais famoso dos 60 listados pela prefeitura (você pode ver a lista completa aqui) é o Café Tortoni, que é realmente um espetáculo, mas se você procura um lugar não tão visado por turistas e que tem um charme único, não pode deixar de conhecer o El Gato Negro. 

fachada

Situado no coração de uma das mais queridas avenidas dos porteños, a Corrientes, bem perto dos grandes teatros e livrarias, o El Gato Negro pode passar despercebido aos olhares menos atentos, mas não mais para você.

O encanto começa quando você olha a vitrine, repleta de especiarias e grãos de café diversos.

A vitrine chama a atenção e instiga a curiosidade.
A vitrine chama a atenção e instiga a curiosidade.
Na porta, o aviso de que você está prestes a entrar em um lugar cheio de história.
Na porta, o aviso de que você está prestes a entrar em um lugar cheio de história.

O El Gato Negro foi fundado em 1928 por Victoriano López Robredo, um viajante espanhol que havia rodado a Ásia comercializando especiarias.

Marcelo Barbão, que enquanto estávamos na capital hermana era o responsável pelo ótimo blog Direto de Buenos Aires, certa vez lembrou que o povo diz que o El Gato Negro é como um mercado árabe em pleno coração de Buenos Aires. “Concordo mesmo nunca tendo entrado num mercado árabe, mas quem nunca imaginou todos aqueles cheiros assistindo a filmes?”, comenta.

Ouso dizer que os amantes da gastronomia ficariam fascinados diante dos mil temperos e cheiros desse pequeno grande espaço.

Mulher observa, fascinada, as especiarias da casa. :)
Mulher observa, fascinada, as especiarias da casa. 🙂
temperos, pós, ervas, condimentos....
temperos, pós, ervas, condimentos….
À frente, os cafés especiais. Ao fundo, algumas das especiarias
À frente, os cafés especiais. Ao fundo, algumas das especiarias

Além dos cheiros, a decoração do lugar é bem interessante. Grandes estantes cheias de potes, latas e vasilhas se estendem pelo alto pé-direito do ambiente. A máquina de moer grãos parece estar ali desde sua fundação. O chão amarelado não esconde as marcas do tempo. Os mozos (garçons) se vestem com roupas bem tradicionais e um tiozinho com cara de ator de filme gangster dos anos 40 é o responsável pelo caixa.

Você pode comprar aquelas charmosas latas para conservar seu café. Tem de vários tamanhos e cores.
Você pode comprar aquelas charmosas latas para conservar seu café. Tem de vários tamanhos e cores.

A quantidade de ervas, pós, condimentos, raizes e todas essas coisas de Mercado Municipal é impressionante. Só de curry eu vi umas cinco variedades. Eles ainda comercializam quatro tipos de cafés especiais que você pode levar para casa em grãos ou moído, sendo que na nossa passagem por lá estavam disponíveis três brasileiros e um colombiano, além de várias delícias que só um bom café pode oferecer.

Seu café será moído nesta máquina.
Seu café será moído nesta máquina.

O que comer e beber?

O cardápio não tinha uma grande variedade de quitutes, mas tudo parecia muito bom. De qualquer forma a visita já vale só por estar lá. Mas como uma diquinha sempre vai bem, adianto o que pedimos. A Nah tomou um Submarino (leite quente + chocolate em barra para misturar com o leite – um clássico porteño), que diz ser o melhor que já tomou naquelas terras, e eu um Café Brasil Santos Cereza, que também valeu a pedida.

Provamos um bolo que não me recordo o nome, mas era feito com uma massa que sua avó invejaria, levava uma incrível cobertura de coco ralado e era recheado com MUITO doce de leite cremoso.

Não hesite em pedir essa delícia.
Não hesite em pedir essa delícia.

A forma como eles expõem os bolos e tortas, aliás, é bastante curiosa. Os quitutes ficam sobre o balcão, enrolados em papel filme e identificados por meio de simpáticas plaquinhas. Mais caseiro, impossível.

Com jeitinho de lanche de vó.
Com jeitinho de lanche de vó.
Os porteños adoram ler em seus bares notables. Fazem muito bem. :)
Os porteños adoram ler em seus bares notables. Fazem muito bem. 🙂

Em sua visita a Buenos Aires, reserve umas horas para visitar o El Gato Negro e aproveite para conhecer o Paseo La Plaza e o Star Club dos Beatles que ficam logo em frente e, também, para passear por uma das regiões mais culturais e tradicionais de Buenos Aires. O rolezinho vai acabar no cruzamento da Corrientes com a 9 de Julho, em frente ao Obelisco.

Cruzar a Itália de Norte a Sul de trem é assim…

pravernomundoDepois dos quase três dias que passamos em Milão, no dia 31 de agosto de 2012 refizemos nossas malinhas para atravessar a “terra da bota” de Norte a Sul até chegar a Reggio di Calabria, na belíssima região da Calábria, onde passaríamos um mês para finalizar o processo de cidadania italiana do João e, é claro, aproveitar a segunda parte da nossa lua de mel. 🙂

Segundo o Google Maps, 1.253km separam Milano de Reggio di Calabria (de carro!)
Segundo o Google Maps, 1.253km separam Milano de Reggio di Calabria (de carro!). É coisa, né?

Antes mesmo de sairmos do Brasil decidimos que faríamos esse trajeto de trem. Até daria para ir de avião, com a Alitalia, mas apesar de mais rápida (mais ou menos duas horas de voo, contra cerca de oito horas de trem), a viagem assim é mais cara (pelo menos era quando pesquisamos e continua sendo de acordo com a pesquisa que fiz hoje, como você pode observar na imagem abaixo) e muuuito mais sem graça. Afinal, nada como ver toda a paisagem da Itália da janelinha do trem, né?

Quer dizer, diz o João que a paisagem é maravilhosa. Eu não vi. 🙁 Pois é, sou daquelas que dorme 5 minutos depois do embarque (seja de trem, ônibus, carro ou avião!). O João fica de cara e tenta me acordar sempre que acha algo que, na opinião dele, eu preciiiiso ver. Aí eu acordo, vejo, acho lindo e dois minutos depois durmo de novo. 🙁 Bom porque a viagem passa rápido. Ruim porque eu perco o que há de melhor na viagem de trem: as paisagens.

A pesquisa que eu fiz para você revela que hoje (23/05/2013) a passagem mais barata de avião é 22 euros mais cara que a mais barata de trem. Além disso, aeroportos são sempre mais distantes do centro do que estações (principalmente das estações "Centrale" da Itália, que ficam, dãr, no centro de suas respectivas cidades. :)
A pesquisa “trem x avião Milão – Reggio di Calabria” que eu fiz para você revela que hoje (23/05/2013) a passagem mais barata de avião é 22 euros mais cara que a mais barata de trem. Além disso, aeroportos são sempre mais distantes do centro do que estações (principalmente das estações “Centrale” da Itália, que ficam, dãr, no centro de suas respectivas cidades. 🙂

Mas, enfim, pesquisamos bastante e concluímos que a melhor forma era ir de Trenitalia. E, antes que alguém possa questionar, esse não é um post pago, viu? É uma dica sincera, de dois viajantes que cruzaram a Itália usando os serviços dessa companhia e acham que vale a pena que outros viajantes façam o mesmo. 🙂

Fato é que comprar as passagens foi facílimo. Apesar de o site estar originalmente em italiano, no topo da página você consegue mudar tudo para inglês – o que facilita bastante pra quem, como eu, no parla italiano.

site-trenitalia

Pagamos 196 euros para os dois na passagem só de ida (porque não sabíamos ainda exatamente qual seriam nossos destinos pós-Calábria), indo na primeira classe.

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Lá vamos nós! 🙂

Mas, no fim das contas, não achamos que valeu gastar mais ou menos 40 euros a mais (20 euros por cabeça) por esse “luxo”. A primeira classe nem era tudo o que esperávamos. O espaço entre as poltronas era pouco maior que os da classe executiva e o único arreguinho foi um combo jornal + bolachinha + café bem do safado.

Só de ver essa foto me dá um soninho... :)
Só de ver essa foto me dá um soninho… 🙂

Porém, pode ter sido azar nos trens que pegamos nessa viagem, ou então nos trens que trabalham esta rota, pois depois viajamos outras vezes de primeira classe e compensou MUITO – mas isso é história para os posts da terceira parte da lua de mel, que vem logo mais (e você não perde por esperar. #tudumpá :).

Apesar de termos comprado nossas passagens pela internet, dá pra fazer isso também direto nas estações – e os preços não variam muito, não. Nas maquininhas, você consegue ver todos os destinos disponíveis, horários, preços, etc. Comprar nelas é uma ótima saída para quem não sabe muito bem quando vai sair de uma cidade e ir para outra, apenas sabe que vai.

As duas maquininhas aliadas dos que viajam de trem pela Itália: a de comprar a passagem e a de validar (pois é, tem disso. Não deixe de validar sua passagem para não ter que pagar multa!).
As duas maquininhas aliadas dos que viajam de trem pela Itália: a de comprar a passagem e a de validar (pois é, tem disso. Não deixe de validar sua passagem para não ter que pagar multa!).

Avaliação final

estrelinhas

No fim das contas, nossa única reclamação sobre essa longa viagem com a Trenitalia foi a falta de benefícios para a primeira classe. Pagamos a mais, queríamos mais, né? Fora isso, tudo lindo. Tá certo que a distância pesa contra essa opção, mas isso a gente sabia quando optamos por ir de trem, então não é motivo pra reclamar.

Pra quem curte um visu, acha um saco ter que chegar horas antes em aeroportos para os processos burocráticos pré-voo, não curte altura, é uma ótima opção – ainda mais não tendo uma low cost tipo Ryanair e Easyjet fazendo o trajeto.

Então, #ficadica. 🙂

E, agora, prepare-se. Os próximos posts terão cenas tipo estas…

Ai, Tropea... <3

o Sul da Itália "esconde" tesouros maravilhosos. Scilla é um desses tesouros. Passamos 15 dias lá e em nossos posts vamos convencê-lo a visitar essa pequena cidade calabresa.

um vulcão, MUITA história, ruas incríveis. Essa é Taormina.

Posso esperar sua companhia, né? O Sul da Itália vem aí, gente! \o/

Até logo mais. 😉

Beijos,

Nah.