Buenos Aires é famosa por seus bares notables, estabelecimentos que, por preservar aspectos originais de sua arquitetura do início do século XX, por terem grande importância histórica ou tido como clientes grandes nomes da cultura argentina foram tombados pelo Patrimônio Cultural da cidade.
O mais famoso dos 60 listados pela prefeitura (você pode ver a lista completa aqui) é o Café Tortoni, que é realmente um espetáculo, mas se você procura um lugar não tão visado por turistas e que tem um charme único, não pode deixar de conhecer o El Gato Negro.
Situado no coração de uma das mais queridas avenidas dos porteños, a Corrientes, bem perto dos grandes teatros e livrarias, o El Gato Negro pode passar despercebido aos olhares menos atentos, mas não mais para você.
O encanto começa quando você olha a vitrine, repleta de especiarias e grãos de café diversos.
O El Gato Negro foi fundado em 1928 por Victoriano López Robredo, um viajante espanhol que havia rodado a Ásia comercializando especiarias.
Marcelo Barbão, que enquanto estávamos na capital hermana era o responsável pelo ótimo blog Direto de Buenos Aires, certa vez lembrou que o povo diz que o El Gato Negro é como um mercado árabe em pleno coração de Buenos Aires. “Concordo mesmo nunca tendo entrado num mercado árabe, mas quem nunca imaginou todos aqueles cheiros assistindo a filmes?”, comenta.
Ouso dizer que os amantes da gastronomia ficariam fascinados diante dos mil temperos e cheiros desse pequeno grande espaço.
Além dos cheiros, a decoração do lugar é bem interessante. Grandes estantes cheias de potes, latas e vasilhas se estendem pelo alto pé-direito do ambiente. A máquina de moer grãos parece estar ali desde sua fundação. O chão amarelado não esconde as marcas do tempo. Os mozos (garçons) se vestem com roupas bem tradicionais e um tiozinho com cara de ator de filme gangster dos anos 40 é o responsável pelo caixa.
A quantidade de ervas, pós, condimentos, raizes e todas essas coisas de Mercado Municipal é impressionante. Só de curry eu vi umas cinco variedades. Eles ainda comercializam quatro tipos de cafés especiais que você pode levar para casa em grãos ou moído, sendo que na nossa passagem por lá estavam disponíveis três brasileiros e um colombiano, além de várias delícias que só um bom café pode oferecer.
O que comer e beber?
O cardápio não tinha uma grande variedade de quitutes, mas tudo parecia muito bom. De qualquer forma a visita já vale só por estar lá. Mas como uma diquinha sempre vai bem, adianto o que pedimos. A Nah tomou um Submarino (leite quente + chocolate em barra para misturar com o leite – um clássico porteño), que diz ser o melhor que já tomou naquelas terras, e eu um Café Brasil Santos Cereza, que também valeu a pedida.
Provamos um bolo que não me recordo o nome, mas era feito com uma massa que sua avó invejaria, levava uma incrível cobertura de coco ralado e era recheado com MUITO doce de leite cremoso.
A forma como eles expõem os bolos e tortas, aliás, é bastante curiosa. Os quitutes ficam sobre o balcão, enrolados em papel filme e identificados por meio de simpáticas plaquinhas. Mais caseiro, impossível.
Em sua visita a Buenos Aires, reserve umas horas para visitar o El Gato Negro e aproveite para conhecer o Paseo La Plaza e o Star Club dos Beatles que ficam logo em frente e, também, para passear por uma das regiões mais culturais e tradicionais de Buenos Aires. O rolezinho vai acabar no cruzamento da Corrientes com a 9 de Julho, em frente ao Obelisco.