A expectativa pela estreia do Brasil na Copa do Mundo era grande por aqui. Não só pelos brasileiros, mas por todos os amantes da bola bem jogada.
Mal sabem os gringos que essa Seleção está longe de poder exibir o futebol brasileiro em seus melhores dias. Mas, enfim… o comentário esportivo eu deixo para o Galvão.
Ontem, as ruas e o metrô estavam pintados de verde e amarelo! Dia de jogo é um ótimo parâmetro para perceber o tamanho da comunidade brasileira que vive aqui. Sem exageros, parecia que estávamos no Brasil.
No metrô, a caminho do pub, encontramos algumas pessoas que estavam procurando um lugar para assistir o jogo pois não conseguiram entrar no Guanabara – um dos maiores redutos da comunidade brasileira em Londres.
Fomos assistir o jogo noSports Cafe, que fica na região da Piccadilly Circus. Logo que saímos da estação começamos a ouvir aquela batucada clássica de jogo de futebol em estádio brasileiro.
Vinha do tigertiger, um bar/restaurente vizinho ao Sports Cafe. Dezenas de brasileiros sambavam na rua com suas camisas e bandeiras. Como estávamos em cima da hora não deu pra registrar com uma boa foto. Fica aí uma ideia de como estava.
um dia de Brasil em Londres
Chegamos no Sports Cafe e a situação por lá não era diferente. Jorge Ben rolando alto, língua portuguesa predominando e gente de amarelo por todos os cantos.
Todos estufando o peito pra cantar “moro num país tropical…” com aquele patriotismo e orgulho lindo que só aparece de quatro em quatro anos. Ah, o futebol!
Sports Cafe em verde e amareloolha aí o que o Dunga faz com a torcida
No bar haviam alguns remanescentes do jogo anterior. Alguns portugueses e um grupo animado da Costa do Marfim. Alguns ingleses torcendo para a Coreia do Norte também marcaram presença.
Às vezes parece que a Copa é aqui de tão fácil que é encontrar pessoas das 32 nacionalidades presentes no evento.
Longe dos holofotes do mundial cada um leva sua vida normalmente. Estudando, trabalhando ou “apenas” curtindo as maravilhas dessa cidade que tão bem acolhe os cidadãos do mundo.
E é por essas e outras que Londres tanto encanta e te faz querer sempre mais.
Confira um vídeo com alguns momentos da torcida no Sports Cafe:
É comum ouvir que Londres é uma das cidades mais caras do mundo e que tudo por aqui é caro. Longe de nós querer discordar disso, até porque sabemos muito bem a dureza que é pagar o aluguel, usar o transporte público, comer em restaurantes, etc. etc. etc.
Mas uma pesquisa promovida pelo banco suíço UBS derrubou esse mito. A instituição fez um levantamento comparando preços de 122 produtos e serviços de 73 cidades do mundo.
O portal Exame publicou dados de oito produtos/serviços e em nenhum deles Londres aparece como uma das cidades mais caras.
A explicação para isso vem da crise econômica de 2008 e do efeito devastador que teve sobre algumas moedas. O pound sofreu (e muito) de lá pra cá e isso barateou um pouco as coisas por aqui.
(Des)valorização da libra esterlina em comparação com o Real nos últimos três anos
Reflexo da crise global: moedas dos países emergentes ganham força.
Importante ressaltar que esse post vale mais como curiosidade do que como motivo para você se alegrar e correr pra cá porque está tudo barato.
Não se esqueça que somos brasileiros!
Por mais que nossa economia esteja melhorando, que nunca na história desse país fomos tão bem vistos pelo mundo, que o futuro chegou e blábláblá, ainda precisamos de quase R$3 para ter 1£.
Portanto, planeje bem sua viagem ou vá para Mumbai – última colocada no ranking do UBS.
;)
Bom domingo!
UPDATE EM 19/02/2013– De 2010 para cá muita coisa mudou. A libra voltou a se valorizar em relação ao real, o que complica em termos de conversão de moeda. E, é claro, custos básicos de vida também subiram – em algum lugar é diferente? Mas, se serve de consolo, Londres continua fora da lista das 10 cidades mais caras do mundo, como você pode ver clicando aqui.
Até sermos informados por um professor da escola não sabíamos que Karl Marx estava enterrado em Londres. Há alguns dias fomos visitá-lo.
O Highgate Cemetery leva o nome da região em que está localizado (detalhes no fim do post). É uma área muito bonita. As ruas que cercam o cemitério lembram um vilarejo medieval onde parece que a vida passa mais devagar, muito diferente do que estamos habituados a ver em Londres. Só por esse motivo já valeria visitar o local.
A região de Highgate é um convite a relembrar a Idade Média.ao fundo, a Londres clássica.
Antes do cemitério, um passeio pelo Waterlow Park
O caminho para chegar até o cemitério é outro ponto a parte. É preciso atravessar o belo Waterlow Park, que é pouco conhecido mas não perde em nada para os badalados St James’s, Regent’s ou Hyde Park. E ainda tem a vantagem de ser bem menos movimentado que os parques da realeza.
Um dos acessos do Waterlow Park.cores da primavera londrinaprograma de londoner
O cemitério
O cemitério é pequeno, charmoso e cercado por áreas verdes. Conta com a presença de algumas figuras ilustres da história britânica, mas poucos são conhecidos por nós, além de Marx e Douglas Adams.
Independente da doutrina política que você siga ou dos ideais que acredite é provável que você concorde que o pensador alemão cumpriu um papel fundamental na história da humanidade.
E que, mais do que ser mais uma dentre tantas figuras importantes na História, Marx teve ideias que poderiam melhorar a vida da sociedade, principalmente dos membros da classe dominada – o proletariado.
Se o sistema idealizado por ele fracassou, lembremos com respeito das ideias de um homem que um dia sonhou em fazer do mundo um lugar melhor.
Estar diante desse túmulo foi uma grande e inspiradora experiência. Trabalhadores de todas os lugares unidos.“Os filósofos somente interpretaram o mundo através de diversas formas. A questão, no entanto, é mudá-lo”.Um dos vários recados que estão no túmulo.
“As revoluções são a locomotiva da história.”
“Uma ideia torna-se uma força material quando ganha as massas organizadas.”
“A imprensa livre é o olhar onipotente do povo, a confiança personalizada do povo nele mesmo, o vínculo articulado que une o indivíduo ao Estado e ao mundo, a cultura incorporada que transforma lutas materiais em lutas intelectuais, e idealiza suas formas brutas.”
KARL MARX
Serviço
Highgate Cemetery
Swain’s Lane – N6 6PJ
Estação de metrô mais próxima: Arch Way (Northern Line – preta)
Camden Town é o reduto das tribos alternativas em Londres. Lá você encontra lojas que vendem clássicos de todas as vertentes do rock em vinil, roupas alternativas, artesanato, festas estranhas com gente esquisita, comida globalizada, pubs, baladas e um canal que lembra um pouco Amsterdam.
Uma das baladas é o The Underworld, que tem agenda lotada com grandes bandas do cenário alternativo. No site você pode conferir o que vai rolar até o fim do ano.
O The Underworld fica em frente a estação de metrô de Camden
Estivemos no Underworld na última quarta pra ver o RX Bandits. Já havíamos visto o show deles no ano passado em Curitiba, mas a banda é demais e repetir a dose não seria nada mal – ainda mais sendo em terras gringas.
Matt Embree, vocalista do RX Bandits
A diferenças entre o show daqui e de lá foram poucas. Ambiente escuro, molecada se quebrando e alguma cerveja voando de vez em quando.
O mais engraçado era o coro ovacionando a banda. Se no Brasil é “ERRE XIS, ERRE XIS”, aqui era “ÁR ÉCS BI, ÁR ÉCS BI”. Muito legal também a galera cantando. Repare a intensidade no primeiro refrão!
Fica a dica de balada pra quem curte um bom e velho rock’n’roll!
Sempre me interessei pelos assuntos corriqueiros do dia a dia. De observar a vida que passa, de dar atenção as coisas sem importância e reparar nas cenas que constroem o cotidiano.
Todo jornalista é assim. Se não é, deveria ser. É como se estivéssemos buscando assuntos para escrever 24 horas por dia.
É por isso que tenho uma pasta de fotos chamada “Aleatórias”. Nela, guardo registros do cotidiano e cenas não tão relevantes, mas que fizeram parte da minha vida. Era assim em Curitiba e é assim em Londres.
Hoje vou falar um pouco sobre isso.
Os jornais gratuitos
Londres conta com dois jornais diários gratuitos. Em uma cidade completamente 3G, em que quase não se vê outros celulares senão Blackberries e iPhones, é interessante como a cultura da leitura analógica ainda é muito forte. Difícil imaginar a cidade sem os companheiros das viagens no underground.
O Metro sai pela manhã e está disponível em todas as estações de trem e metrô. “Você precisa ser rápido”, diz o texto. De fato, após às 9 da manhã é difícil encontrá-lo.
O London Evening Standard sai após o meio dia e é distribuído nas entradas das estações centrais por uns caras que exclamam “Free Standard”. A polidez britânica faz com que eles agradeçam a todos que aceitam.
O metrô
O underground, aliás, é um episódio à parte. Local perfeito para se fazer um estudo antropológico sobre os “londoners” e os gringos que a cidade adota com tanto carinho.
O que mais se vê – além dos leitores de jornais – são pessoas lendo livros, jogando no iPhone, escrevendo mensagens de texto e ouvindo música no estilo que os otorrinos e as mães adoram.
Uns dias atrás uma senhora pediu para que eu abaixasse o volume do iPod. Pedi desculpas e abaixei. Poucos minutos depois ela pediu o mesmo para um cara que estava sentado ao lado dela. Justo.
Cachorros (e bicicletas) são figuras constantes no dia a dia do underground.
A vitrine da loja da Nike na Oxford Street exibiu essa vitrine por vários dias.
Algumas estações de metrô têm características próprias. A “Holborn Station”, por exemplo, dá acesso ao British Museum. Ela tem imagens de algumas obras estampadas nas paredes. A foto abaixo é da “Baker Street Station”, principal acesso ao Sherlock Holmes Museum.
elementar
Os pubs
Entrar em qualquer pub é respirar história. Quando você para e pensa que a maioria deles tem mais (em algumas vezes muito mais) do que 100 anos a mente vai longe. Já imaginou aqueles figurões de roupas exóticas da realeza tomando uma Guinness?
Os professores da escola costumam dizer que o pub é o lugar em que você pode vivenciar de perto toda a riqueza da cultura inglesa – beber, brigar e vomitar. =D
Brincadeiras à parte, os pubs são incríveis. Não só pelas cervejas espetaculares que você pode tomar, mas por tudo que caracteriza a instituição PUB.
Domingo, meio dia: cerveja, futebol e leitura matinalFish and chips com cerveja: autoridade suprema da gastronomia “pubiana”.
A diversidade cultural
Essa é uma das coisas que mais impressionam. Não sei se existe lugar no mundo com tanta gente de tanto lugar diferente como aqui. Nosso bairro, por exemplo, está repleto de afro-descendentes, turcos, indianos, judeus (com direito ao traje completo) e muçulmanos/muçulminas… daquelas que só mostram um pedacinho do olho.
Mas não para por aí. Andar pelas ruas é passear pelo mundo. São restaurantes típicos de centenas de países e sotaques esquisitos para todos os lado. Não é difícil, também, se deparar com uma roda de capoeira à beira do Tâmisa.
paranauêQueijos e salames italianos no mercado de Borough.
O problema dos ratos e os simpáticos esquilos
Os esquilos estão para os parques assim como os ratos estão para os metrôs. São milhares!
A prefeitura tem lutado para diminuir a população dos primos do Mickey Mouse do undergound – a explicação para a imensa quantidade de camundongos vem das obras que estão sendo feitas para as Olimpíadas de 2012. Existem canteiros em todos os cantos da cidade e a prefeitura já admitiu que não é possível evitar a superpopulação.
Já os esquilos vivem aos montes em todos os parques, são adorados por todos e estão sempre comendo um amendoinzinho.
Os “primos ricos” dos ratos são quase um patrimônio dos parques.
Por falar em parques…
Um dos programas preferidos dos habitantes de Londres é deitar na grama. Não importa se é num grande parque ou numa área verde de 2×2. Eles estão sempre lá lendo, fazendo um picnic ou apenas lagarteando no sol.
E há de se concordar que fazer isso é deveras agradável. Ainda mais em um fim de tarde de um dia quente e ensolarado.
habitat naturalprecisa de legenda? Regent’s Park!
Essas pequenas flores cujo nome eu não faço ideia são verdadeiras pragas – estão em todo os lugares.
Por hoje é só. Prometo fazer mais textos do cotidiano como esses. Acredito que seja uma boa forma de transmitir como as coisas são por aqui sem usar aquele olhar de turista.
Fazer uma viagem internacional pra estudar exige muito planejamento, principalmente quando o destino é um país que gosta de complicar a vida dos estudantes que pensam em trabalhar para bancar sua sobrevivência – como é o caso do Reino Unido.
Para se ter uma ideia, até o início de 2010 um estudante podia trabalhar legalmente em Londres por 20 horas/semana. Mas em fevereiro o governo britânico reduziu a carga para míseras 10 horas (UPDATE EM 27/02/2013: Hoje, o visto de estudante NÃO permite trabalho. Nem uma horinha!). E a tendência é que isso piore ainda mais.
Recém eleito primeiro-ministro, David Cameron declarou inúmeras vezes durante sua campanha que iria apertar ainda mais o cerco contra a imigração. Ou seja, em hipótese alguma pense em vir com pouca grana porque “lá eu arrumo alguma coisa pra me manter”.
Não vou entrar no assunto dos trabalhos ilegais porque esse não é o objetivo do Pra Ver em Londres. É melhor deixar o jeitinho brasileiro do outro lado do Atlântico.
O salário mínimo no UK varia conforme a idade. Vamos aos números.:
VALORES DE 2010:
Menores de 18 anos: £3,57/hora
De 18 a 21 anos: £4,83/hora
A partir de 22 anos: £5,80/hora
VALORES DE 2013:
Menores de 18 anos: £3,68/hora
De 18 a 20 anos: £4,98/hora
A partir de 22 anos: £6,19/hora
Aprendizes de até 19 anos ou com 19 anos em seu primeiro ano: £2,65/hora
Com qualquer emprego que estudantes costumam pegar (faxineiro(a), auxiliar de cozinha, garçom/garçonete, panfleteiro(a), babá, etc) você dificilmente vai ganhar muito mais do que o mínimo.
Cenário realista (baseado na vida em Londres em 2010, quando estudantes podiam trabalhar legalmente!):
Digamos que você tenha 22 anos, consiga um emprego (isso não é tão fácil quanto muitos imaginam) e ganhe £6 por hora.
1 semana = 70 libras
1 mês = 240 libras
O que você consegue fazer com esse dinheiro
A moradia em Londres é caríssima. Por um quarto na Zona 2 (próximo ao centro) você paga o preço que pagaria pelo aluguel de um apartamento de dois quartos numa região central de qualquer cidade brasileira.
Os mais baratos custaram a partir de £50 por semana (por cabeça, em uma casa dividida com outras pessoas) – mas são verdadeiras espeluncas. O mais provável é que encontre uma moradia digna (de novo, em uma casa dividida!) na faixa dos £70 a £90 por semana.
DICA: Os melhores sites para encontrar sua casa são o Gumtree, o Starsflats e o SpareRoom. A revista Leros também tem uma área interessante para procurar quartos. Não perca tempo em outros porque em algum dos dois você vai achar algo interessante.
Não preciso nem dizer que seu salário já foi, não é? E você ainda não comeu e nem se locomoveu. Sentiu o drama?
Pois bem. Se você não tiver um “Paitrocínio Platinum”, comece a guardar dinheiro muito antes de viajar, porque por mais que consiga trabalhar legalmente, será impossível se manter. (Lembre-se: em 2013, com visto de estudante, NADA de trabalho legal!)
Se não se planejar terá que usar a criatividade pra descolar uma grana
Os custos mensais na ponta do lápis
Vou apresentar os números com base no que estamos gastando (2010!) – isso inclui um bom quarto na Zona 2 e comida comprada no supermercado e feita em casa.
O cenário é o seguinte:
Aluguel: £300/mês por cabeça, em uma casa dividida;
Transporte: £69,20/mês (para transitar livremente entre as Zonas 1 e 2 com o Oyster Card para estudantes) UPDATE: Clique aqui para ver os valores atualizados do transporte;
Alimentação: £50/mês (fazendo comida em casa, porque comer fora é caríssimo) UPDATE: a gente comprava no Morrison’se na maior parte das vezes comprava a comida do próprio mercado. Que era mais barata. E mesmo assim era de qualidade! Não vivíamos a pão e água. Garantimos! ;)
Somente para dormir, comer e se locomover você já gastou £419,20. Agora pense que você está em Londres. O apelo ao consumo é muito forte. Seja para conhecer as atrações turísticas, ir a eventos culturais , fazer compras, tomar umas pints em algum pub e viajar para outras cidades ou países.
Não recomendo que você venha sem ter (no mínimo) £700 libras por mês – cerca de 2100 reais. Com esse dinheiro você consegue viver bem e ainda contar com alguns pequenos luxos.
Nos próximos posts vou falar sobre quanto, em média, você gasta no pré-viagem: curso de inglês, passagem, visto, traduções, etc.
Até lá.
PS: Como este blog é pessoal, utilizamos como base para estes números os NOSSOS gastos. Não somos pessoas consumistas, vivemos bem com pouco e somos felizes assim. Leve isso em consideração na hora da leitura, ok? :)