Há algum tempo eu comecei a questionar um rótulo que algumas pessoas me deram: o de corajosa.
Não é que eu não gostasse de ser considerada corajosa (eu sei que é um elogio, gente, não vou problematizar :), eu simplesmente não conseguia ver coragem nas minhas atitudes ou nas minhas decisões. Para mim, era outra coisa (afinal, não estava sendo considerada corajosa porque estava pulando de bungee jump ou coisa do tipo). Mas eu não sabia explicar exatamente o que era…
Esta semana, assistindo à Moana, o novo filme da Disney (que eu recomendo pras crianças de todas as idades – sim, pra você também!), eu finalmente entendi.
“Tem mais peixes depois do recife”
Resumo da história (sem spoiler, juro): Pensando em encontrar uma solução para um problema que os habitantes da sua ilha enfrentavam (os peixes começaram a “sumir” e os frutos estavam apodrecendo), Moana resolveu que tinha chegado a hora de desafiar uma antiga norma que dizia que não se podia ir além dos recifes de corais que “cercavam” sua ilha. O motivo? Simples: havia mais peixes pro lado de lá daquela “barreira”, oras. E não era isso que eles buscavam?
–> Não sabe quem é a Moana? Dá o play no vídeo abaixo e assiste o clipe prestando a atenção na letra. Você vai ver como essa menina é incrível! :)
Isso mexeu comigo. É isso aí, Moana. Não é (só) coragem.
É a certeza de que o que tem “além do recife” (do portão de casa, da rotina de trabalho, das fronteiras do nosso país) vale o esforço, o sonho, o trabalho. Ninguém disse que ia ser fácil, disse?
É o sentimento de que o que está no coração precisa ser colocado para fora (ela sonhava em velejar pra lá do recife desde pequena), precisa ser vivido.
É a sensação de que se for para viver, que seja por inteiro.
É ser um pouco teimoso, sim, e não descansar até conseguir resolver um problema/realizar um sonho – mesmo que para isso seja preciso sair da sua zona de conforto – aliás, quase sempre a resposta para grandes dilemas está fora do ninho quentinho!
Tem coragem nisso tudo? Tem sim, claro. Mas não tem SÓ coragem. Essa receita aí tem um montão de outros ingredientes poderosos (e motivacionais, por que não?).
Se não é coragem, o que é, então?
Tem muito a ver com aquele papo de sorte, trabalho e realização de sonhos que já falei aqui, lembra?
Tanto sorte quanto coragem são fatores sobre os quais temos pouco (ou nenhum) controle. Muitas vezes, ou se é corajoso ou não; e sobre sorte não preciso nem falar, né? Portanto, apontar qualquer um deles como fator principal para uma conquista (sua ou de outra pessoa) chega a ser injusto. É como pensar que se você não tem coragem (ou sorte), não pode fazer o que fulano, o cara mais corajoso/sortudo do mundo, faz. Definitivamente, não é bem assim.
É muito mais fácil você conseguir o que deseja tendo baixo nível de coragem, mas alto nível de planejamento, preparação, resiliência, persistência e vontade de fazer acontecer do que o contrário.
Da mesma forma, muito mais do que sorte, é o trabalho e a dedicação que fazem diferença de verdade na realização de um sonho.
É claro que no meio de tudo isso tem aspectos ainda mais incontroláveis – como ser mais ou menos privilegiado na sociedade em que vivemos -, mas a questão aqui é que, às vezes, o “perigo” que você acha que alguém superou na verdade está apenas na sua visão sobre ele. Para aquela pessoa, pode ser que fosse apenas mais um pedaço do caminho. Ou, então, uma dificuldade normal que se supera com a ajuda de tudo que falamos aqui.
E pode ser assim pra você também. Claro que pode! “Pesar a mão” nos outros ingredientes dessa receita pode ser o primeiro passo.
Que tal tentar? Tem mais peixes depois do recife! ;)
–> E aí, você concorda comigo? Qual sua opinião sobre tudo isso? Conta pra mim! ;)
É muito fácil encontrar desculpas para não fazer as coisas. Achar motivos para deixar para amanhã ou deixá-las como estão. É fácil cruzar os braços e ficar esperando soluções de algum lugar fora daqui. Sorte? Você é que constrói suas oportunidades. Novos caminhos não vão aparecer pela sorte.
Amyr Klink, em Não há tempo a perder