Furtaram nossas bikes numa vila italiana! Mas aqui é Brasil, mermão, e a gente recuperou as magrelas por nossa conta e risco

Hoje faz dois anos que essa história aconteceu. Como o Facebook me lembrou dela, achei que era justo trazê-la pra cá. Afinal, ela é boa demais pra gente deixar morrer… :)

O título original do Facebook era:

O DIA EM QUE FURTARAM NOSSAS BIKES EM GALLIERA (cidade de 3 mil habitantes, na região italiana da Emilia-Romagna) – E A GENTE AS RECUPEROU POR NOSSA CONTA E RISCO!

Passamos a semana toda planejando ir a um festival de cerveja ontem, em Bologna. Nosso trem para lá partiria às 18h02. Como sempre, saímos de casa em cima da hora. Chegamos à estação faltando cerca de 5 minutos para o trem chegar. Larguei minha bike com o João e corri comprar as passagens.

Quando já estava do outro lado da plataforma, ouvi meu marido dizer: “A chave do cadeado ficou com você.”

Não dava tempo de ele buscar comigo e voltar prender. Gritei: “Deixa aí, vamos confiar na humanidade. Ninguém vai roubar.” (ou algo do tipo)

Quem roubaria essas duas crianças felizes, não é mesmo?

Fomos para Bologna, tivemos uma noite divertidíssima tomando boas cervejas artesanais e conversando sobre tudo e sobre nada, e pegamos o último trem de volta pra casa, às 23h48.

A verdade é que os dois estavam mais pra lá do que pra cá (cada um de nós tomou 4 chopps, de níveis elevados de graduação alcoólica), mas ainda lembrávamos que nossas bikes pau para toda obra (uma custou 30 euros, a outra, 50) tinham ficado soltas no paraciclo da estação.

Assim que descemos do trem, disse pro João: “só consigo ver a sua bike”. Mas tá, né, a gente sabia que corria esse risco. Passamos por baixo da estação e no caminho escutamos o sininho clássico da bike dele. Nos olhamos e falamos: “f*. Levaram ela também!”

Mas a gente sabia que os ladrõezinhos não podiam ter ido longe. Saímos da estação atentos, andamos cerca de 1km, até que vimos uma aglomeração de adolescentes bebendo e rindo da burrice alheia. 

Na hora identifiquei a bike do João. Caminhamos confiantes na direção deles. Assim que chegamos lá, vi que a minha bike estava ali também. Tinha um casaco no guidão dela e um menino estava sentado dando aquela navegada no Facebook enquanto eu me aproximava.

Gritei: “questa bici è mia!”, tirei o casaco do guidão, joguei na cara dele e subi na MINHA BICICLETA, dei as costas e saí pedalando feliz da vida.

Vaza, haole! Questa bici è miaaaa. Aqui é Brasil, mermão!

João fez a mesma coisa com a dele e, pela primeira vez na vida, mandou um palavrão em italiano.

Eles nem esboçaram reação. A gente saiu se sentindo vitorioso e hoje, cada vez que me lembro da cena, dou uma risada gostosa lembrando a sensação de vitória e uma história que espero nunca esquecer. 

PS: Hoje à tarde, estivemos na praça da cidade e dois adolescentes riam olhando para nós. Certeza que eram membros da ganguezinha playboy que só queria dar uma zoada num sábado à noite. Mas quem ri por último ri melhor, né?

 

O horror de Guernica e a anarquia da felicidade

Não lembro bem quando foi que eu ouvi falar de Guernica pela primeira vez. Talvez, na adolescência. Ou nas aulas de História da Arte, no primeiro semestre da universidade com a professora Ivana Paulatti.

A mente prega peças, mas me recordo que era novo e não sabia nada sobre arte. Não que hoje eu entenda alguma coisa, mas o passar dos anos me trouxe um interesse maior em conhecer clássicos e entender sua importância na História.  

Lembro que quando aprendi sobre o quê a obra retratava, fiquei hipnotizado pelo fato de contar a história do horror de uma guerra de forma nada convencional.

Por anos ficou na cabeça a ideia de ver aquele tesouro histórico de perto. Recentemente, quando passamos uma semana em Madrid (ago/19), esse dia chegou. 

Talvez o momento tenha sido o mais apropriado possível para entender o significado de um quadro que, quando foi apresentado ao público na Exposição de Paris de 1937, não foi compreendido. 

“O que Picasso quer dizer com esses delírios cubistas?” 

Citação imaginária para arriscar uma frase de alguém à época.

Continua comigo que mais à frente vou trazer o impecável argumento do autor para responder os críticos. 

O bombardeio de Guernica: um ataque atroz orquestrado 

Guernica é o retrato da Guerra Civil Espanhola e do absurdo nazi-fascista.

Escancara a dor, o medo, a covardia, a angústia, o terror.

Em 26 de abril de 1937, tropas da Alemanha de Hitler, aliadas do General Francisco Franco, ditador que comandou o golpe que deu início aos conflitos espanhóis em 1936, bombardearam a pequena cidade de Guernica, no País Basco, norte da Espanha. 

Não haviam alvos militares no pueblo, mas ele era conhecido como um centro de resistência republicana, formada por socialistas, anarquistas, comunistas e agregados, que, ainda que tivessem divergências políticas, eram republicanos. E se uniram em oposição à ditadura golpista de Franco.

O ataque teria sido um misto de teste do exército nazista em um período em que a Segunda Guerra Mundial começava a se desenhar com uma estratégia de Franco para suprimir a resistência republicana. 

O bombardeio ocorreu em dia de mercado ao ar livre no centro de Guernica. Foi um ato bárbaro contra civis que resultou na morte de centenas de pessoas (os números precisos são incertos). 

Curiosidade!
De imediato, os fascistas espanhóis inventaram uma série de mentiras sobre o atentado que iam desde negar a autoria a até culpar os próprios republicanos e habitantes de Guernica por destruir a cidade (???). São os fatos nos lembrando que as fake news sempre cercearam o jogo político. 

—> Gosta de histórias de guerra? Em Londres, o Imperial War Museum conta a história do Blitz, quando Londres foi bombardeada pelos nazistas. Falamos sobre ele aqui.

Barrio de las Letras – Madrid

Para entender melhor a guerra civil espanhola, as ruas de Madrid são um prato cheio. 

Caminhando pelo Barrio de las Letras, que respira arte e que foi a casa de grandes escritores espanhóis, entramos em uma dessas lojas que vendem gravuras, cartazes de cinema e fotografias antigas. Gosto muito! Sempre acabo comprando algo. 

Uma foto me chamou muito a atenção. Retratava uma rua importante de Madrid, em 1936, exibindo uma faixa contra os fascistas de Franco. O dono da loja era um senhor no auge dos seus 70 e tantos, que nos contou a história da foto. Em um período de conflitos e de pouca liberdade individual, a imagem é forte e diz muito sobre a cultura local.

Quando estávamos indo embora, ele falou: “Aproveitem a vida. Ela leva dois dias.”

Confesso que essas simples palavras me arrepiaram. Foi simbólico ouvir isso logo depois de ter tido uma conversa sobre um perturbador passado recente e lembrar das recentes (e constantes) ameaças à democracia que temos visto em alguns países.

antifa em madrid
A fotografia acabou vindo pra parede do nosso escritório: “NÃO PASSARÃO! O Fascismo quer conquistar Madrid. Madrid será a tumba do fascismo”

Conhecendo Guernica, de Pablo Picasso

Eu estava bem ansioso pra ver a obra no Museu Reina Sofia, cuja coleção conta a história do século XX através da arte contemporânea. Dedicamos nossa última tarde em Madrid a ele.

Dias antes tínhamos ido ao Museu do Prado, o mais importante da Espanha e que reúne obras mais antigas. Ele é incrível. E nossa visita foi maravilhosa porque tivemos a companhia do Guia do Museu do Prado, escrito pela Patricia de Camargo, do blog Turomaquia

O trabalho que ela fez é maravilhoso. Seguramente, mudou minha noção de como interpretar uma obra de arte. Se você pretende visitar o Prado, compre o guia e o leia enquanto está de frente para as obras recomendadas. Sérião!

Essa ordem de visita aos museus foi legal porque acabamos seguindo a cronologia da História da Arte, da Idade Média aos dias atuais. Se você vai a Madrid e se interessa por museus, recomendo que faça o mesmo. 

museu reina sofia - madrid - onde está exposta Guernica

Um dos maiores quadros da história foi uma decepção imediata – não para nós!

Importante dizer que Guernica não foi uma obra espontânea.

Na época radicado em Paris, Picasso recebeu uma encomenda do governo republicano espanhol para criar algo para ilustrar o pavilhão do país na Exposição de Paris de 1937, que ocorria enquanto a Espanha se afundava em uma guerra sangrenta (1936-1939). Quando o bombardeio ocorreu, durante o período em que rolavam os preparativos para o evento parisiense, Picasso foi brifado a retratar o atentado. 

Quando apresentou Guernica à comissão que havia solicitado o trabalho, muitos ficaram decepcionados. Não havia sinais óbvios da guerra, da cidade, do Comunismo. Na época, era comum que obras de arte tivessem referências, ainda que discretas, aos detentores do poder.

Veja essas imagens que mostram os pavilhões alemães e soviéticos na Expo. Os caras não tinham limites pra se exibir e demonstrar força. O curioso é que foram alocados um em frente ao outro, separados pela Torre Eiffel. 

O guia nos contou que Picasso estava do lado dos republicamos na Guerra, mas não era um grande entusiasta das questões políticas.  Como argumento para explicar seu criticado trabalho, disse que tinha feito um quadro para o futuro. O tempo seria o responsável por traduzi-lo às pessoas.

Pablo foi certeiro! Afinal, Guernica se tornou a maior crítica artística aos horrores de uma guerra. Um protesto que se tornou eterno.

Enquanto ouvia essas histórias me perguntava se então é assim que funciona a mente de alguém à frente do seu tempo

A gente deu sorte de ter um tour guiado gratuito do Museu bem no horário que iríamos. Aliás, vale ficar de olho no site para acompanhar a agenda dos tours. Tem bastante coisa legal.

Se você tiver interesse em aprender mais sobre os significados e símbolos de Guernica, recomendo esse vídeo que assisti no dia em que fomos ao Museu. Uma ótima aula da professora Zilpa Magalhães que encontrei ao acaso no YouTube.

O horror de Guernica e a anarquia da felicidade
Registro de Picasso criando um clássico

Uma obra que viajou o mundo para apresentar os horrores da guerra

Depois da exposição de Paris, Guernica rodou o mundo. Passou por São Paulo, inclusive. No museu, ao lado da obra, há diversos registros históricos do quadro viajante.  

Picasso, que morreu em 1975, havia afirmado que só autorizaria o retorno da obra à Espanha quando o país voltasse a ser uma democracia, o que aconteceu em 1977. Mas foi só em 1981 que Guernica retornou, enfim, a Madrid. 

O artista vivia em Paris durante a ocupação nazista. Certa vez, foi abordado em seu apartamento por um oficial alemão, que ao ver uma foto de Guernica, perguntou: 

– Foi você que fez? 

Picasso respondeu:

– Não, foram vocês.

Encerro o texto de hoje com um tuíte do escritor Lira Neto:

Leitor pergunta como seguir saudável nesta maré de obscurantismo.

Sugiro a sabotagem: ler literatura, assistir a bons filmes, frequentar exposições de arte, ir à roda de samba, dançar forró, amar.

Cultivar subversiva alegria. Contra a pulsão de morte, só a anarquia da felicidade.

Sejamos felizes!

Obrigado, Pablo Picasso.

Fonte e mais informações: site do Reina Sofia

Londres, a consciência ambiental e a campanha “julho sem plástico”

Começou a campanha “julho sem plástico”. Misturei um pouco de dicas de turismo em Londres com divagações de quem está tentando ser cada dia mais sustentável para tentar convencer você a aderir à causa. Vamos ver se consigo? :)

No final de abril, João e eu passamos quatro dias em Londres. Aproveitamos muito cada segundo. 

Visitamos atrações novas e outras antiiiigas (mas novas pra gente).

The Garden at 120 é um jardim que fica no topo do prédio que ocupa o número 120 da Fenchurch Street, na City of London. É mais um lugar legal para ver Londres do alto. E a melhor notícia é que a visita é gratuita! Basta chegar na portaria, passar pela segurança e aproveitar. :) Adoramos!
Somando todas as nossas três temporadas em Londres, moramos quase dois anos na cidade. A região da City of London era uma das nossas preferidas para passear despretensiosamente. Mas, por incrível que pareça, nunca tínhamos ido à Saint Dunstan in the East. Que vacilo, amigos! Ali, ficam as ruínas de uma igreja que foi bombardeada na II Guerra Mundial. É um jardim público delicioso, que parece um oásis de natureza no meio da bagunça da metrópole. #ficadica

Passeamos por cantinhos da cidade que amamos MUITO.

Aquela fotinho clichê inevitável <3

Fomos a bares de cerveja artesanal que ainda não conhecíamos.

Vou confessar que não foi fácil ter que ir embora do bar da Mikkeller, viu?

Assistimos à peça Harry Potter e a criança amaldiçoada (eu havia comprado os ingressos seis meses antes!).

Valeu a espera! A peça é incrível!

E, é claro, encontramos vários amigos queridos. <3 Afinal, eles fazem Londres ser o que é pra gente!

Amei essa foto do João e da Thais num grau que não sei nem explicar. :) Como foi gostooooso passar uma tarde com essa cearense pra lá de gente fina. Pra quem curte podcast, ela é da turma que produz o Chá com Rapadura. Soube que é um estouro só – ainda estou devendo o meu play. Vou pagar, amiga! hehe #juro

Vivemos muita coisa inesquecível nas cerca de 100 horas que passamos nesta cidade que amamos um montão. Porém, quando voltei pra casa e parei para pensar em tudo, o que realmente chamou minha atenção foi o fato de que um tópico se repetiu em absolutamente TODAS as conversas com amigos:

a questão da produção de lixo (especialmente de plásticos de uso único), da sustentabilidade, da consciência ambiental.

Quando almoçamos com a Helô no Honi Poke, ela abriu a bolsa e tirou seus talheres reutilizáveis, dando início à primeira conversa sobre o assunto.

Logo lembrei que poucas horas antes, quando fomos tomar café da manhã no Pret <3, notei que agora eles não deixam mais talheres de plástico à disposição. Você precisa PEDIR, se quiser.

Julho sem plástico – Londres – Prêt-a

No dia seguinte, rolou mais um almoço gostoso.

Fomos com a Thais e a Ana no Temakinho. Enquanto a Anna nos contava sobre uma viagem que fez recentemente ao Japão, foi logo dizendo que uma coisa que ela não curtiu foi a quantidade exagerada de embalagens utilizadas no país. Segundo ela, tudo vem embrulhadinho em um papel, que embrulha outra embalagem plástica e assim por diante.

Na mesa da Brewdog Tower Hill, o Rafa me entregou uma encomenda muito especial: o desodorante natural Cru., desenvolvido pela Julia, esposa dele (que estava no Brasil). E lá fomos nós falar mais sobre vegetarianismo e veganismo, consciência ambiental, produção de lixo, consumo consciente etc.

Ah, e o desodorante fez tanto sucesso comigo que eu já tô na fila pra comprar mais! :D

Brewdog Tower Hill – Londres
Na Brewdog ainda reencontramos nossa best londrina Mari Arakaki, nossos amigos queridos Lia e João, e conhecemos uma antiga leitora, a Paty. :) Que delícia de dia!

No nosso almoço de despedida de London, no Itsu do aeroporto Stansted, a publicidade na mesa dizia: “nossos plásticos não vão parar nos oceanos”.

Jogada de marketing ou preocupação real oficial, não posso afirmar, mas o simples fato de a mensagem estar ali faz a gente pensar, né?

Ah, Londres…

Ursinho Paddington sabe das coisas… “Em Londres, todo mundo é diferente, e isso significa que qualquer um consegue se encaixar.”

Como se todas as interações que tivemos sobre o assunto não fossem suficientes para mexer comigo, como celulares têm ouvidos, naqueles dias e nos dias seguintes também fui impactada por outras notícias que ajudaram a corroborar a ideia de que os londoners (os britânicos, de uma maneira geral) estão realmente engajados na luta por um mundo mais sustentável. Olha só:

A rede de supermercados Morrisons, por exemplo, baniu o uso de plásticos para embalar frutas e verduras.
– No aeroporto de Gatwick, a Starbucks – que já oferece descontos para quem levar seus copos – está testando um sistema de copos retornáveis. Ou seja, em vez de você tomar seu Chai Latte em um copo descartável e jogá-lo no lixo depois de acabar, você pega emprestado um dos 2 mil copos à disposição e devolve-o depois em um dos cinco pontos “Cup Check-in” espalhados pelo aeroporto. Que tal?
– O site do jornal Evening Standard tem uma área inteira dedicada ao futuro “plastic free” londrino!

E aí que eu voltei pra Valência meio que a doida do “precisamos melhorar”! 

Desde então, passei a seguir várias contas no Instagram e canais no YouTube que dão dicas sobre como viver uma vida com menos lixo (lista de sugestões pra você seguir também estão no fim do texto!) e comecei a fazer pequenas mudanças na minha rotina para de fato ver essas mudanças acontecerem.

Pra começar, trocamos as garrafas de água pet por um filtro.

Em Valência, apesar de a água da torneira ser potável, o sabor não é agradável. Esta reportagem (em espanhol) explica por quê. Que alívio é não acumular mais aquele tanto de lixo plástico!

Além disso, passei a prestar mais atenção ao lixo que a gente gera, e a me perguntar “este plasticozinho é mesmo necessário?” em diversas situações que antes pareciam normais.

Ah, também comprei um kit bonitinho de talheres para carregar pra cima e pra baixo :). E, sempre que posso, tenho puxado a conversa sobre redução de consumo de plástico.

Ainda não fiz graaandes mudanças (o coletor menstrual já faz parte da minha vida há quase dois anos. Sou fã e propagadora da palavra! :), é verdade. Porém, o simples fato de estar mais atenta a tudo que faço e consumo já tem surtido um efeito muito positivo na minha vida.

Julho sem plástico

Resolvi falar sobre isso hoje porque descobri que julho é o mês de uma campanha global de redução de uso de plástico, a Plastic Free July

A campanha julho sem plástico foi criada em 2011, na Austrália, e de lá pra cá ganhou adesão no mundo todo. \o/

A ideia é simples: reduzir o consumo de plásticos descartáveis e de uso único.

Trocar a sacolinha do mercado por uma ecobag que é a sua cara, por exemplo, é um primeiro passo – bem simples, aliás! ;)

A ecobag favorita do João é essa aí, do Lagwagon (uma das bandas preferidas dele), que foi presente de uns amigões nossos! :) A minha é a da Conexão Feminista – projeto da Helô Righetto que é outra coisa que eu adoro indicar prazamiga tudo. ;)

Mas, é claro, é possível fazer muito mais. 

No site oficial da campanha (este aqui – o conteúdo é todo em inglês) você pode se cadastrar e encarar um desafio. Porém, se preferir prestigiar os produtores de conteúdo brasileiro que também fazem um trabalho lindo neste sentido, aqui vão minhas dicas:

– A Cristal, do blog/Instagram Uma vida sem lixo, criou um calendário com 31 tarefas para reduzir o lixo. Tá aqui! Tem desde coisas simples, como parar de usar copos descartáveis e usar guardanapos de pano, até coisas mais desafiadoras (pelo menos para novatos, como eu), como fazer sua pasta de dente e começar a compostar.

Siga ela no Instagram: Uma vida sem lixo | Cristal Muniz

– A Natalia, do blog/Instagram Viva Sustentável, propôs um desafio dividido em semanas, não em dias. Achei bem legal para iniciantes. :)

Siga ela no Instagram: Viva Sustentável

– No YouTube, eu VICIEI no canal da Fê Cortez: o Menos 1 lixo. Ela ainda não falou sobre a campanha julho sem plástico, mas, como você vai ver assim que acessar o canal, TODO o conteúdo vai nessa linha. Impossível não rever hábitos assistindo aos vídeos produzidos pela equipe do Menos 1 lixo – que também é um blog e tem Instagram.

Acho que o canal da Fê Cortez foi dica do Rafa – thanks, guri! 

– Por último, mas não menos importante, também indico o Casa sem lixo, produzido pela Nicole Berndt com o apoio de toda a família dela (o marido Paulo e as crianças Theo e Nina). Gente, esses caras são feras na arte de NÃO produzir lixo. Fico boba de ver!

Siga no Instagram: Casa sem lixo

Bora entrar no desafio do julho sem plástico?

A verdade é que tem MUITO conteúdo bom sobre consciência ambiental e redução de lixo por aí. E é tanta energia boa que, quando você começa a mergulhar nesse universo, em pouco tempo se vê falando dele pra todo mundo e querendo fazer a sua parte – e a dos outros também – para garantir o futuro do nosso lindo planeta. Missão boa essa, né? :)

No fim das contas, a fagulha que se acendeu na minha amada Londres tá virando uma bela fogueira por aqui. E isso está me fazendo pensar em coisas que até pouco tempo eram inimagináveis. Pra você ter uma ideia, eu, que sou bem carnívora – mas sei do impacto do consumo de carne no meio ambiente –, passei a incorporar (com a ajuda do João, é claro) alguns dias de vegetarianismo na minha vida! E não é que eu tenho gostado?! :)

O importante é a gente estar cada vez mais consciente do nosso papel na preservação do meio ambiente e, aos poucos, fazer mudanças que podem ajudar a prolongar a vida do planeta. 

Encarar o desafio do julho sem plástico pode ser uma ótima forma de começar essa jornada. Eu decidi que vou nessa. E você?

Se sim, me conta aí o que você planeja fazer em julho – e para sempre! – para colaborar com o movimento. Trocando figurinhas a gente com certeza acelerará o processo.

Bom julho sem plástico pra você!

Até a próxima. ;)

Beijo!

Nah

PS: O post está cheio de links bacanas – tanto de dicas de Londres, quanto de dicas para aderir à campanha julho sem plástico (e de gente bacana pra acompanhar). Não deixe de clicar! ;)

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Como curar dores, fazer diferente, mudar e evoluir se está “tudo bem”?

Esses dias eu saí para fazer um treino de bike de 40km e fiquei chateado ao me dar conta de como é fácil ver desmoronar algo que demanda tempo e esforço para ser construído.

O ano tem sido bem difícil em razão de uma dor nas costas muito chata que, dentre outras coisas, tem me impedido de me dedicar ao ciclismo como anteriormente.

Há exatamente um ano eu estava no auge da minha forma física. Morávamos na Itália, em Bergamo (Lombardia), cidade é rodeada por uma cadeia de montanhas que fazem a região ser um parque de diversões para ciclistas.

Estava na fase final de treinamento para o maior desafio ciclístico que já encarei na vida – a Maratona dles Dolomites, prova duríssima que rola anualmente em julho na que é, pra mim, a mais fascinante região da Itália.

As dolomitas fazem parte dos alpes e são Patrimônio Mundial da Unesco. Se estendem por uma área imensa que contorna as regiões do Vêneto e do Trentino Alto Adige – que faz fronteira com a Áustria. O cenário, tomado por paisagens bucólicas e montanhas imensas, é surreal.

Uma verdade sobre a Itália é que as cidades clássicas oferecem uma bela, porém injusta, imagem do país. Há muito a se descobrir além de Roma, Venezia, Firenze e Milano. De ponta a ponta da bota.

Dolomitas - italia-
Durante um hiking que fizemos na primeira vez que fomos para as Dolomitas. Era novembro. No dia seguinte a essa foto a neve tomou conta de tudo o que você está vendo

No primeiro semestre de 2018 eu segui uma rotina intensa de treinos para encarar a prova, que me aterrorizava na mesma proporção que me encantava pela oportunidade de pedalar no lugar que se tornou o mais especial do (meu) mundo. O percurso tinha escaladas que chegavam a quase 12km de distância. Eram montanhas clássicas do ciclismo mundial, presentes em várias edições do centenário Giro D’Itália. Um sonho!  

Eu tinha me inscrito para a prova principal. Um percurso de 138 km com 4.230 metros de subida acumulada. Pra ser sincero, mesmo com os treinos em dia, eu não tinha plena convicção de que iria conseguir concluir o desafio. É brutal!

Durante a prova. Sente o drama do cenário

Bem por isso, fui cauteloso. Como eu estava receoso de “quebrar” durante as longas horas de prova, controlei o ritmo, fiz pausas generosas para me alimentar/alongar e, por isso, no último checkpoint, lá pelo km 85, acabei chegando depois do do tempo de corte necessário para concluir o desafio principal.

Ainda assim, concluí o percurso B. Foram 108km, sendo que 44km foram só de subida, e mais de 3.130 metros de altimetria acumulada. Não vou me alongar nos detalhes da prova aqui, mas se você quiser saber mais sobre, me conta. Eu até já escrevi um relato pós-prova, mas nunca cheguei a publicar.

Maratona dles dolomites
Chapado de montanha

Ainda que, na época, eu já estivesse sofrendo com as dores nas costas que comentei no último post, a situação estava controlada. Eu me sentia ótimo. Corpo em forma, pernas fortes e mente equilibrada. Depois da Maratona encarei alguns outros desafios na magrela, como subir os 23km do Passo dello Stelvio, segunda estrada asfaltada mais alta da Europa. 

Passo dello Stelvio
A 2757 metros de altitude, no (quase) topo da Europa. Fronteira entre Itália e Suíça

Combustível infinito…até que acabe

Uma das coisas que gosto muito no esporte é a sensação de fazer do seu corpo o combustível pra se movimentar e escalar grandes montanhas. Ciclismo tem muito a ver com superar limites, claro. É um negócio duríssimo. Mas tem o outro lado.

Sempre que estou na bike por longas horas sinto que rola uma espécie de meditação. Na Maratona, por exemplo, foram 6h sentado no selim e mais umas 2h de pausas pra comer/alongar/hidratar. Pensa onde sua cabeça pode ir numa jornada dessa, quando se está sozinho na maior parte do tempo.

Depois dessa temporada na Itália passei a sonhar cada vez mais alto no esporte. Não em um sentido de competir, mas de viver experiências pelo mundo. Um desafio que estava começando a planejar é a North Cape 4k, que sai da Itália e vai até o Pólo Norte.

São 4.000 km em vários dias, sem data determinada de chegada. Quando percebi que meu corpo aguentava uns trancos na magrela, pedalar até o Pólo Norte se tornou um sonho alcançável.

À parte do esporte, o trabalho também ia bem. Estávamos com muita coisa legal rolando na Handmade Content. Um deles foi o Sebrae Trends. Assiste o vídeo abaixo que você vai entender.

Foi um projeto que criamos para o Sebrae-PR com o objetivo de compartilhar conteúdo sobre tendências e inovação para pequenos e médios empresários a partir de descobertas que fazíamos em nossas viagens.

Estávamos certos de que tudo estava bem encaixado

Mas a vida é uma gangorra. E, porra, como é difícil lidar com isso, não?

Com o passar dos meses minha dor foi piorando até chegarem os dias, lá por dezembro (2018), que eu estava acordando quase toda noite simplesmente por não conseguir dormir de tanta dor.

O ápice do sofrimento, lembro até do dia, foi em 28/12, quando eu estava no meio de outro desafio de bike. O Festive 500, que já foi pauta aqui, consiste em rodar 500 km entre o Natal e o Ano Novo. Eu havia feito nos dois anos anteriores, mas em 2018 tive que abortar lá pelo km 240 porque acordei chorando de dor. Literalmente.

De lá pra cá, a coisa foi ruindo. Dores aumentando. Muitas noites mal dormidas e dias à base de ibuprofeno. O pior é que até hoje não consegui obter um diagnóstico 100% preciso do que se trata. Algumas suspeitas que envolvem lesões musculares, mas nada cravado.

Entre os tratamentos, já fiz de tudo um pouco. Quase tudo sem sucesso. Mas, entre acertos e erros, hoje estou no combo pilates + fisioterapia + aulas variadas na academia + bicicleta (retomando aos poucos) + complexos vitamínicos + anti inflamatórios naturais + qualquer dica que alguém me dê. Aliás, tem alguma aí?

A boa notícia é que me sinto melhor do que já estive. Ainda penando, mas bem mais otimista do que há alguns meses. Mas, como falei no início, toda a construção que fiz no ciclismo praticamente se foi. O desempenho está há anos-luz do que estava no ano passado. Em menos de 5 meses, a coisa desandou.

O Pólo Norte vai ficar na gaveta por alguns anos. Paciência.

Texturas dolomíticas
Texturas dolomíticas

No trabalho também temos questionado muito

Se há um ano os caminhos estavam mais nítidos na nossa empresa, hoje já não tanto assim. Nem sempre, ou quase nunca, é fácil enxergar o futuro de um negócio ou de uma carreira. As certezas são sempre menos presentes do que as dúvidas, concorda?

Ainda mais em tempos em que tudo tem mudado tanto, tão rapidamente e que a imprevisibilidade nos negócios e no futuro do trabalho é quase regra.

Só que, de um jeito de outro, é preciso tomar decisões e seguir em frente.

Penso que o maior desafio nessas horas é, sobretudo, respeitar a si mesmo, entender seu momento e encontrar o equilíbrio entre as decisões racionais – que podem fazer mais sentido profissionalmente – e as decisões emocionais – que talvez te afastem um pouco dos objetivos de carreira, mas que podem trazer mais paz de espírito.

Mas como fica essa equação?

A sociedade do cansaço

É claro que não sou eu, que não tenho nem as minhas respostas, quem vai resolver. De novo, não existe resposta certa. Mas os livros, ah os livros, sempre ajudam.

Esses dias terminei a “Sociedade do cansaço” , de Byung-Chul- Han. Uma leitura que me fez refletir bastante sobre o ritmo acelerado e de enorme cobrança que vivemos. Acompanhe esse trecho:

“O excesso de trabalho e desempenho agudiza-se numa autoexploração. Essa é mais eficiente que uma exploração do outro, pois caminha de mãos dadas com o sentimento de liberdade. O explorador é ao mesmo tempo o explorado. Agressor e vítima não podem mais ser distinguidos.

Essa autorreferencialidade gera uma liberdade paradoxal que, em virtude das estruturas coercitivas que lhe são inerentes, se transforma em violência. Os adoecimentos psíquicos da sociedade de desempenho são precisamente as manifestações patológicas dessa liberdade paradoxal.”

Milano

Ou seja, em busca de uma liberdade (talvez erroneamente) idealizada, nos agredimos

A premissa do livro é fornecer uma luz para quem busca a paz em meio a tempos de tensão, de cobrança e de discursos MUITO embasados por um pires raso de motivação exagerada. Pra entender isso basta abrir suas redes sociais e ver o papo furado de “gurus/coachs/influencers/betinas” que pagam de seres supremos, mas que só querem te vender um curso online que na maioria das vezes é tão vazio quanto o discurso amparado por gatilhos mentais e técnicas de neuromarketing.

Sociedade do Cansaço não é um manifesto da preguiça, do hedonismo e de largar tudo pra vender artesanato na praia, mas sobre parar para refletir, questionar, fazer diferente. Respirar.

Achei esse trecho genial:

“Quem se entedia no andar e não tolera estar entediado, ficará andando a esmo inquieto, irá se debater ou se afundará nesta ou naquela atividade. Mas quem é tolerante com o tédio, depois de um tempo irá reconhecer que possivelmente é o próprio andar que o entedia. Assim, ele será impulsionado a procurar um movimento totalmente novo.”

Mas, voltando à gangorra, o lado positivo dessa história da dor nas costas é que o caos está proporcionando um processo profundo de autoconhecimento. Tenho buscado maior equilíbrio e tentando encontrar as raízes pra esse problema até na esfera emocional/espiritual/profissional.

Dia desses, enquanto estávamos no bar conversando sobre os altos e baixos da vida com o irmão da Nah e a noiva dele, comentávamos que esses momentos de dificuldade/tristeza/questionamento podem ajudar a criar as bases para novas rotas, novas ideias e novas soluções.

Afinal, desde que o Sapiens surgiu na Terra, somos nômades. A busca por mudar está dentro de nós – ainda que toda mudança seja quase sempre muito difícil de colocar em prática. Seja de posição geográfica, de estilo de vida ou de qualquer coisa que desejemos.

Mas a verdade é que a maioria das mudanças decorrem da dor, da insatisfação, de problemas e de inquietudes. Afinal, como curar dores, fazer diferente, mudar e evoluir se está “tudo bem”?

Problemas despertam ações.

Bem por isso, sigamos!

Gostaria muito de saber o que você pensa sobre isso. Conta aí? Vamos compartilhar ideias, experiências ou desabafos.

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Você já se perguntou “por quê?” hoje?

Desenvolver um novo hábito não é algo simples. É preciso tempo (alguns especialistas dizem que são necessários 21 dias para criar – ou desfazer – um hábito), dedicação e força de vontade.

Por isso mesmo, apesar de a vontade de escrever sobre o tema do post de hoje ter surgido logo no dia 1 da nossa “vida nova”, esperei de fato ela se tornar um hábito para falar sobre o assunto.

Mas antes de explicar essa história, preciso voltar no tempo…

Pausa rápida!
Em 2015, o João escreveu uma matéria sobre o livro
O poder do hábito para a revista VendaMais. Para ler, clique aqui.

Rotina, hábitos e qualidade de vida (ou a falta dela)

João e eu trabalhamos de casa desde 2010, quando fomos para Londres juntos pela primeira vez.

No nosso primeiro fim de semana em Londres em 2010, sentamos pra tirar uma foto na frente do Palácio de Buckingham e uma joaninha parou no dedo do João. Pode não significar nada para alguns, mas foi tão simbólico pra esses dois pirralhos aí… :)

Na época, que marcou o início das nossas vidas de profissionais autônomos, eu era repórter de uma revista de investimentos (#saudadeInvestMais) e editora do blog da revista, e o João era assessor de imprensa de uma consultoria de investimentos (pois é, é daí que vem nossa riqueza. Hahaha, quem vê pensa).

Jovens (eu tinha 22 anos, o João, 24), com o dinheiro contado (ganhávamos em reais e gastávamos em libras! – que, na época, estava baratinha: £1 = R$ 2,60) e apaixonados pelo que fazíamos, mesmo estando quatro horas à frente do fuso brasileiro, iniciávamos nossa rotina de trabalho sempre às 9h da manhã.

E não pense que parávamos de trabalhar às 18h do horário de Londres.

Como a bolsa de valores de São Paulo fecha entre 17h e 18h (dependendo do horário de Brasília) e nosso trabalho estava muito relacionado a ela, era só depois de pelo menos 22h do nosso horário que começávamos a pensar em “fechar o escritório”.

Olhando para trás, confesso que não entendo por que a gente trabalhava TANTO naquela época. Mesmo quando cada um de nós só tinha UM cliente o ritmo era frenético. Depois, assumimos outros freelas e, claro, ficamos ainda mais loucos. Culpo a juventude e a falta de maturidade mesmo. haha

Desde então, sempre que estivemos fora do Brasil mantivemos a rotina mais ou menos assim. O escritório abria no tradicional horário comercial – do país em que estivéssemos – e só fechava perto do fim do horário comercial NO BRASIL. =/

Escritório da Handmade Content em Valência em um dia feliz! :)

O volume de trabalho aumentava e diminuía, mas a gente nunca trabalhava muito menos horas do que isso, não.

O engraçado é que nas temporadas que passamos em terras brazucas tínhamos jornadas mais equilibradas. Porém, NUNCA conseguimos fazer o mesmo estando em outros lugares.

Vai entender…

Nove anos depois do começo de tudo, mais maduros e com reflexos claros do excesso de trabalho na nossa saúde (física e mental), recentemente começamos a questionar e repensar nossa rotina.

Mudanças que geram mudanças

Em março deste ano, já vivendo em Valência (onde, no momento, estamos 5h à frente do Brasil “no tempo”), adotamos o que eu tenho chamado de “slow mornings”. Ou seja, do momento em que acordamos até às 13h, nada de escritório aberto!

Tem dias em que a gente vai pro parque, joga a canga na grama e lê um pouco.

Em outros, eu estudo espanhol e o João vai para o pilates.

Às vezes, é pra academia que vamos.

Há dias em que tudo que queremos é ver Masterchef e ficar de boa.

Já tiramos manhãs para explorar o lado turístico de Valência e visitar exposições em museus.

Se precisamos resolver burocracias, as manhãs também podem servir para isso.

E assim por diante.

O momento da virada

O que aconteceu foi que a gente percebeu que nosso dia a dia em casa era composto simplesmente de trabalhar + comer + beber (e ver uns episódios de séries, é claro, porque ninguém é de ferro).

Afinal, trabalhando das 9h às (pelo menos) 18h, quando a jornada de trabalho chegava ao fim, tudo o que a gente queria era descansar.

Nisso, nossa vida pessoal seguia negligenciada. E, apesar de morarmos em cidades superlegais nesse tempo todo, a vida nelas DE VERDADE era coisa só de fim de semana.

Aliás, como a gente não precisa sair de casa para trabalhar, passar alguns dias sem colocar o pé pra fora da porta era comum (especialmente pra mim; o João, por ter o hábito de pedalar de manhã, saía mais). E isso começou a nos incomodar MUITO.

Pô, moramos numa cidade em que o sol brilha em mais de 300 dias do ano, o Mediterrâneo – esse “marzão besta” (oi, Dads) – tá a um pulo de bike de distância, o trabalho está mais equilibrado (e, “oi, privilégio”, não exige que estejamos fisicamente presentes em nenhum lugar específico)…

Estava na hora de mudar; de viver mais!

Isso sem falar que SEMPRE trabalhamos bem à noite e que contamos com a ajuda do fuso neste sentido – já que estamos entre 3h e 5h à frente do Brasil e, portanto, nossos clientes iniciam e terminam a jornada de trabalho mais tarde…

É verdade que o fato de o sol já estar se pondo às 21h aqui (!) tem ajudado muito. Afinal, por mais que trabalhemos até 22h, 23h, o céu nos faz pensar que nem é tão tarde assim. Mas na hora em que os dias passarem a ser mais curtos a gente repensa a rotina novamente. Até lá, temos pelo menos uns bons cinco meses para levar a vida dessa forma mais leve. :)

E aí?

O resultado dessa mudança começou a aparecer logo nos primeiros dias.

É impressionante como eu me tornei mais produtiva no trabalho desde que adquirimos este novo hábito! As horas parecem render mais, eu tenho mais energia e estou me achando até mais criativa. :)

E o Kike (você tem a ver com isso)? :)

Eu sei que decidir não trabalhar pela manhã ou poder escolher quando, onde e como trabalhar é um privilégio imenso e que talvez pra você isso seja algo distante.

Por isso mesmo, meu objetivo não é fazer você aderir ao que chamei de slow morning.

O que quero é provocar uma reflexão sobre as coisas que fazemos no “piloto automático” e, consequentemente, sobre a importância de nos perguntarmos “por quê?” – e, depois “como?” (mudar o que nos incomoda, fazer melhor, viver melhor!).

De maneira geral, o ser humano tem o costume de fazer as coisas como sempre foram feitas (afinal, dizem que em time que está ganhando não se mexe, né?), e por causa disso, grandes oportunidades de melhoria se perdem.

Meus “por quês?” (e, depois, meus “comos?”) me trouxeram mais tempo para pensar, mais vontade de fazer coisas novas e diferentes e resultados melhores em todas as esferas da minha vida – até post novo eu escrevi depois de DOIS ANOS :O. Espero que os seus façam o mesmo por você! :)

Se você já passou por algo semelhante e quiser compartilhar sua história, a caixa de comentários tá aí pra isso. ;)

Até a próxima!

Nah
que estava com muita saudade de escrever aqui.. :)

Tomar uma decisão difícil é melhor do que cozinhar um problema

O tempo passa!

Lá se vão 22 meses desde que publicamos o último artigo aqui. Nesse período, refletimos muito sobre tirar o blog do ar, retomar as atualizações periódicas ou apenas mantê-lo respirando sob aparelhos. Foi o que acabou acontecendo. Desapegamos. Mas não esquecemos.

Nos últimos dias eu recebi mensagens de parabéns no LinkedIn pelo aniversário como editor no Pra Ver no Mundo e isso me fez lembrar (de novo) do quanto esse espaço é especial pra nós.

A verdade é que sentimos muita falta de compartilhar nossas viagens e aprendizados por aqui, mas a simples verdade é que cansamos.

Manter um blog ativo e atualizado constantemente com conteúdo de qualidade dá um trabalho enorme. Pode dar retorno. Pode empatar. Pode dar prejuízo. É um negócio incerto. Talvez promissor.

Isso, somado ao fato de que nosso trabalho principal é também ligado à gestão de conteúdo, estava nos fazendo passar muitas horas (muitas mesmo) sentados em frente ao computador. Fazendo as mesmas coisas repetidamente. E outras boas horas queimando neurônios pra fazer tudo funcionar.

Não estava tudo bem. Pifamos.

Estávamos mentalmente esgotados. Nos cobrávamos muito. Nos sentíamos culpados por não dar conta de executar o planejamento. A frustração era grande. Estávamos vivendo em um ciclo vicioso perigoso para a mente.

De quebra, o corpo começou a emitir sinais de alerta quando nos presenteou com hérnias de disco e dores cervicais, herdadas do ofício jornalístico de mais de 10 anos trabalhando em frente ao computador.

handmade content

Tomar uma decisão é melhor do que cozinhar um problema

O Pra Ver no Mundo nos acompanha há nove anos, bem como a nossa empresa, a Handmade Content (antiga LondonPress). Por muito tempo conciliamos as duas atividades, trabalhando duro para equilibrar os pratos – e isso funcionou por alguns anos.

A empresa seguia com um nível de crescimento sustentável e a audiência do blog também, ainda que contando com os solavancos inerentes à toda jornada empreendedora. Só que chegou uma hora que percebemos que precisávamos abrir mão de algo. Foi ficando cada vez mais claro que esse foco compartilhado nos faria patinar de algum lado ou surtar de tanto trabalhar.

Era muita coisa pra pensar, muita coisa pra fazer. Sempre tinha algo pendente.  

Foi quando decidimos fazer uma pausa sem aviso prévio e sem tempo determinado no blog e focar nossas energias na Handmade, decisão que nos tirou um peso enorme das costas. E nos permitiu viver melhor e com menos culpa.

Quando o Pra Ver no Mundo era um projeto que levávamos muito a sério, toda viagem que fazíamos – mesmo que de férias – era, também, a trabalho. Precisávamos registrar muita coisa em tempo real, seja em fotos, vídeos ou anotações. Tínhamos preocupações que iam muito além do que rola em uma viagem de lazer.

Em nov/2017, já não mais blogueiros, nas Dolomitas

Tínhamos a sensação que nossa vida era uma eterna jornada de trabalho

E foi bom que enxergamos isso antes de sofrer com problemas mais graves – ainda que as minhas costas me lembrem diariamente do contrário.

Se antes eu me preocupava em fotografar até o cardápio dos restaurantes, hoje eu, às vezes, viajo sem nem levar a câmera. Pode parecer bobagem, mas é libertador!

Quando optamos por nos afastar do blog, a vida se tornou mais leve e produtiva.

Nesses quase dois anos que ficamos longe do blog aconteceu muita coisa. Fizemos viagens muito legais por diversos lugares da Itália, Holanda, Bélgica, Hungria, Alemanha e Áustria. Ah, tiveram uns dois ou três pulos em Londres pra matar a saudade também.

De quebra, mudamos de Bologna pra Bergamo e, depois, pra Espanha. Escrevo direto de Valencia, a capital mundial da paella, onde estamos há três meses depois de quase dois anos de Itália.

A cidade alta da nossa amada Bergamo

Mas é claro que nunca esquecemos o Pra Ver no Mundo

Foram muitas as vezes em que nos pegamos conversando sobre retomar o blog. Escrever nesse espaço é um exercício muito prazeroso e divertido. Sempre foi nossa válvula de escape dos temas densos que enfrentamos no dia a dia com os clientes da Handmade e suas pautas ligadas a negócios.

E como hoje alcançamos um equilíbrio mais saudável entre trabalho e tempo livre, lá veio o monstrinho da blogosfera nos cutucar.

Mas, sinceramente, ainda não encontramos o perfil editorial ideal. Aquela coisa de simplesmente postar sobre destinos e dar dicas perdeu um pouco do sentido pra nós. Tudo bem que esse nunca foi bem o nosso foco, mas cansamos um pouco da vida de blogueiros de viagem.

Ainda que tenhamos algumas ideias sobre cobrir temas que giram entre nosso estilo de vida, trabalho remoto, nomadismo digital, livros que temos lido e pequenos prazeres da vida, estamos num processo de autoconhecimento e redescoberta editorial.

É possível (provável?) que essa conversa de hoje não leve a nada e que fiquemos mais um longo inverno longe daqui, mas não é esse o plano. De verdade!

valencia
Os ares mediterrâneos de Valencia

Aliás, você nos ajudaria muito dizendo sobre o que gostaria de ler. Alguma dica? Isso se ainda tiver alguém por aqui. Tem?

O Pra Ver no Mundo nos ensinou muito e nos rendeu boas amizades. Não faz nem dez dias que estivemos em Londres reencontrando amigos queridos que conhecemos graças a esse espaço e, acredite, conhecendo uma nova (antiga) leitora.

Esse tipo de coisa é que sempre fez tudo valer a pena. A gente sabe que nosso trabalho gerou um impacto positivo na vida de muitas pessoas e que inspirou outras tantas a seguirem seus sonhos.

E isso me faz lembrar que uma das razões pelas quais eu decidi fazer Jornalismo era porque eu queria gerar um impacto positivo no mundo. Ainda que, nesse caso, esse mundo seja restrito ao alcance do Pra Ver no Mundo, sou feliz por saber que isso se concretizou.

E, ainda que eu esteja contradizendo o que diz o que escrevi no título, sinto que tenho o dever de continuar essa missão. Você concorda?

Londres, abr/2019

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A vida é feita de pequenas alegrias

Antes de mais nada, preciso fazer uma confissão: eu “escrevo” posts na minha cabeça. Sério. Todo dia tem um textinho sendo “escrito” enquanto eu tomo banho, quando vejo algo legal que acho que você que nos lê ia gostar de saber, até quando estou lavando louça vou juntando mentalmente palavras e ideias que poderiam virar um texto.

Na maioria das vezes, isso tudo fica só na minha cabeça mesmo. Mas vez ou outra viram textos de verdade. E se não vêm parar aqui (pode ter certeza de que vários posts que você já leu começaram assim!), vão para o meu Facebook pessoal. O motivo? Eram pessoais demais para um “blog de viagens”.

Val D'Orcia - Toscana - Itália
E aí, é só dicas do que ver, fazer, comer e beber nas cidades em que passamos que você quer ver por aqui ou podemos viajar juntos de outras formas?

Ou, pelo menos, eu achava que eram…

Até que essa semana o João me deu um chacoalhão e disse que era pra eu trazer pra cá coisas que vinha escrevendo por lá alegando que está mais do que na hora de a gente quebrar essas barreiras do que podemos ou não escrever por aqui, e eu aceitei o desafio. :)

Então, o que você vai ler agora são três posts que eu publiquei no meu Facebook pessoal e que são relatos de coisas e momentos que nos fizeram felizes recentemente. Porque a vida é feita dessas pequenas alegrias, né? E, às vezes, o simples fato de eu compartilhar algo legal com você pode servir de inspiração para você aproveitar as pequenas felicidades que a sua vida proporciona. Que tal?

1) Uma declaração de amor à vida em comunidade sorgente italiana

Se alguém me perguntasse hoje o que eu mais gosto na minha rotina diária aqui na Itália, provavelmente minha resposta causaria estranhamento.

Eu diria:

“Adoro abrir minha mochila, colocar dentro dela quatro garrafas de vidro, pegar minha bike dos anos 1950, pedalar por menos de um quilômetro e, com 20 centavos de euro (!), voltar pra casa com dois litros de água mineral e mais dois litros de água com gás.”

A verdade é que nem eu sei explicar o fascínio que isso exerce sobre mim, mas acho gostoso demais encher minhas garrafas com uma água que a comunidade toda divide. E divide MESMO. Não é raro chegar à fonte e ter lá 10 centavos disponíveis, deixados por um vizinho que só queria fazer uma gentileza para um outro morador de Galliera. A gente mesmo volta e meia deixa uma moeda a mais para matar a sede de quem passar pela sorgente* depois de nós…

–> Aqui estão as informações oficiais sobre a sorgente, a fonte urbana que alegra meus dias! :)

vida em Galliera
Olha aí a bike de que eu falei ali em cima! :)

Leia também:

Será mesmo que é (só) coragem?

2) Retratos e relatos do cotidiano italiano

Há alguns dias, João e eu combinamos de fotografar mais o nosso dia a dia, registrar momentos simples do nosso cotidiano para que daqui alguns anos a gente possa olhar com carinho para essas recordações e reviver momentos bacanas.

Selecionei duas das primeiras fotos que tiramos para esse nosso novo projeto pessoal para compartilhar aqui. 

1) Em uma terça-feira, enquanto eu estava em uma reunião às 22h no horário local (17h Brasil), João fez esse registro que retrata como eu sou feliz fazendo o que faço. Eram 22h, mas eu sorria enquanto falava com clientes sobre os nossos planos de dominar o mundo. 

vida em Galliera #casadomato

2) Há três semanas, passamos parte da nossa manhã de sábado  limpando o “parque” que temos no fundo da nossa #casadomato, e eu fotografei o João se aventurando por aí com a máquina de cortar grama.

vida em Galliera #casadomato

Duas fotos, dois momentos, nossa vida. 

Ser feliz às vezes é mais fácil do que a gente imagina. 💑

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Viva sua própria aventura, seja ela qual for

3) Sebrae Trends

Por último, quero falar um pouco sobre um projeto que ajuda a responder a pergunta que mais ouvimos desde que chegamos aqui: “O que vocês estão fazendo na Itália?”

A verdade é que a resposta pode ser loooonga, pois viemos fazer MUITAS coisas, mas dentre as mais divertidas e desafiadoras está o projeto Sebrae Trends, que desenvolvemos em parceria com o Sebrae-PR e que tem o objetivo de ser uma ponte entre os empreendedores brasileiros e histórias inspiradoras mundo afora.

O primeiro episódio da websérie do Sebrae Trends vai falar sobre a Tiger, uma rede de lojas dinamarquesa que tem muuuito a ensinar a qualquer empreendedor!

Falei um pouquinho sobre ele em meu primeiro post no Clube do Empreendedor (você pode ler clicando aqui), mas, em resumo, vamos “caçar” tendências e buscar histórias de empresas que têm colocado quatro macrotendências em ação (Economia Sustentável, da Escassez de Tempo, das Experiências Únicas e da Ultraconectividade) e que podem deixar boas lições para empreendedores brasileiros.

Estamos muuuito animados com esse projeto. A nossa ideia é explorar esse Velho Continente todo ao longo deste ano e do próximo para poder ajudar os empreendedores brasileiros a se prepararem para o futuro. Por isso mesmo, se você tem alguma sugestão de pauta que acha que se encaixa nessa proposta, deixe um comentário que a gente te procura para saber mais. ;)

E aí, o que achou desse formato de post? Posso voltar a escrever sobre aleatoriedades quando der vontade? :)

E você, o que fez recentemente e que te fez feliz? Conta pra gente e bora espalhar a positividade por aí! ;)

Até o próximo post.

Um beijo!

Nah

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O mundo é pequeno pra caramba

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E a vida em Bolonha (?), como vai?

Faz pouco mais de uma semana que nos mudamos para a casa que será nosso lar definitivo até (pelo menos) o fim do ano (nossos primeiros 30 dias aqui tinham sido em um apê temporário, alugado pelo Airbnb). Com as coisas se acalmando, agora pude sentar para contar um pouco sobre como foram nossas (intensas) primeiras semanas de vida em Bolonha.

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Primeiros dias em Bolonha em fotos e relatos

Teve coisa, viu. Desde aquele 12 de maio em que nos sentamos no bar que fica a 20m da entrada do prédio em que morávamos pra beber nosso primeiro Aperol Spritz (drink clássico do verão italiano) em terras bolonhesas, muito aconteceu.

Chegamos na tarde de uma sexta-feira ensolarada e no fim de semana não fizemos nada além de andar MUITO pelo charmoso centro histórico de Bolonha.

Bastou isso, aliás, para percebermos que escolhemos a cidade certa para iniciar nossa vida na Itália…

A verdade é que demos sorte de alugar um apartamento colado na Via del Pratello, que é uma das ruas mais boêmias da cidade. No “Pratello” (como apelidamos a rua), há bares e restaurantes com mesas na calçada por todos os lados!

E tem de tudo. De pasta fresca feita feita em sua frente por nonnas (daquelas mais clássicas), piadina e pizza em fatia a street food de frutos do mar, restaurantes veganos e orientais. De pubs de cerveja artesanal – inclusive, um da Brewdog, como a Nah contou neste post – a microenotecas, botecos baratos e bares de drinks – todos, sempre, oferecendo o tradicional petisco grátis no happy hour! Há quem diga que italians do it better. Essa tradição maravilhosa de dar comida de graça pra quem bebe, faz jus.

Em um mês, pudemos conhecer bem o centro histórico de Bolonha, e dá pra dizer que a região da Via del Pratello é nosso lugar favorito na cidade.

cerveja artesanal em bolonha - brewdog
Um das melhores cervejarias do mundo escolheu Bolonha pra abrir seu primeiro bar na Itália. Ele não fica NA via del Pratello, mas nos arredores.

Uma cidade para conhecer a pé ou de bicicleta

Em pouco mais de um mês de vida em Bolonha, só andamos de ônibus uma vez!

Para atravessar o centro histórico da cidade de leste a oeste, bastam 30/40 minutos de caminhada. Isso – e o clima da primavera – são um incentivo e tanto pra usar as próprias pernas para se locomover.

E, cá entre nós, tem coisa melhor que conhecer uma cidade a pé?

Tá, eu diria que conhecer uma cidade de bicicleta ganha, mas como ainda não compramos as nossas, falarei sobre como conhecer Bolonha sobre duas rodas daqui uns meses, combinado? Mas adianto que a cidade tem uma estrutura razoavelmente boa para pedalar – e tem muita gente pedalando.

bicicletas em bolonha

Caminhando e correndo

Por ainda estarmos sem bikes, começamos a correr – coisa que jamais tínhamos feito juntos antes. Eu até já participei de umas corridas de 10km há uns cinco anos, mas parei total desde que comecei a pedalar. Já a Nah nunca foi muito íntima do esporte, mas está curtindo.

O despertar da corrida foi algo legal que nasceu nesse primeiro mês morando na Itália. Não que seja essencial, mas mudar de ambiente ajuda muito a eliminar e/ou criar hábitos. 

vida em bolonha
No dia em que tiramos esta foto, caminhamos 10 km em meio a muito verde até a Basílica de San Luca com a Nica e Leo, amigos do coração e padrinhos de casamento. Esse é um passeio incrível pra quem curte caminhar pela natureza. A Basílica é linda e a vista da cidade vermelha no trajeto, impagável.

O drama para alugar uma casa. Ou, por favor, planeje-se!

Quando o fim da temporada no apartamento temporário começou a se aproximar, o desespero veio junto. A gente se viu numa enrascada. Parecia que nunca iríamos conseguir alugar uma casa! 

Pela internet, as imobiliárias não respondiam. Os contatos via Airbnb tinham se esgotado. Alguns safados tentaram nos aplicar golpes. Eu não tinha conta em banco, nem o tal do codice fiscale, essencial para qualquer contrato de aluguel. Pois é, tava complicado.

Pra piorar, meu italiano é sofrível. Eu estudei por dois anos, mas lá se vão uns 10 anos que fugi da escola. Está sendo como aprender de novo o pouco que eu sabia. Mas confesso que estou feliz com a sutil evolução do 1º para o 34º dia.

vida em bolonha

Esse, aliás, é um motivo importante para estarmos aqui. Sempre senti vergonha por ter um passaporte italiano e não falar a língua! E sei que posso falar o mesmo pela Nah, italiana em formação.

Mas, voltando aos pepinos, foi só nas últimas duas semanas antes de virarmos sem-teto que começamos a entender como tudo funciona e o que precisávamos fazer. Muito com a ajuda da Lu, a rainha de Roma, que edita o ótimo blog Roma pra Você. E da Dani, autora do a Bolonhesa, que reúne dicas preciosas sobre Bolonha, Emilia Romagna e vida na Itália. Elas nos ajudaram muito a entender a burocracia italiana. Valeu, meninas!

vida em bolonha

Pra encurtar a história do aluguel, tudo se resolveu. E de uma forma BEM inusitada. Pedimos ajuda pra Valentina, dona da casa em que moramos no primeiro mês. Ela é uma italiana da Sardegna de 30 e tantos anos que se divide entre New York e o mundo fazendo arte.

Ela nos apresentou a Elisa, uma amiga que estava alugando um apê por um tempo e que talvez pudesse fazer o tal contrato de aluguel, fundamental para que eu pudesse obter a residência. Acabou que ela não podia. Mas a Elisa nos indicou um amigo, que é um agente imobiliário – o Guido.

Arquitetura de Bolonha

Vida em Bolonha: Comunidade, confiança e amizade

E aí conhecemos um daqueles seres iluminados. Guido é um cara legal que ajuda amigos que têm casas para alugar, mas têm preguiça e/ou não entendem nada de internet. Ele comentou com a gente que uma família de amigos tinha uma villa (um casarão antigo) pra alugar em uma cidadezinhaZINHA situada a 30km de Bolonha.  

Foi aí que conhecemos o Gianluca, um bolonhês de 50 e tantos anos, gente boníssima, engenheiro, dono de um pastor alemão chamado Denzel (ou Denzelino) e um fervoroso, mas conformado torcedor do Bolonha, clube que já teve suas conquistas, mas vive na seca há anos.

A gente entende. Como torcedores do Coritiba, o verdão original, sabemos bem como é dura a vida de um torcedor de um clube médio, que luta contra os gigantes de cifras absurdas. É a vida. #vaipracimadelesverdão

Denzel
Denzel, o pastore tedesco. #saudadesDjandjan

Esse episódio foi muito legal porque nos fez sentir, de alguma forma, inseridos na comunidade local. Todas essas pessoas foram fantásticas com a gente. A Marcella, esposa do Gianluca, quase adotou a Nah. É sempre bom ter algo que faz com que você se sinta parte de algo, ainda mais quando você chega em um ambiente totalmente novo. Mas segura aí que depois eu termino a história de onde estamos morando.

A Toscana: Parte 1 – Cinco anos de casados

Um dos nossos grandes sonhos nesse início de vida italiana era celebrar nossos cinco anos de casamento com amigos em um fim de semana na Toscana.

Deu certo! E foi lindo – daqueles momentos inesquecíveis da vida. Nica e Leo, Carol e João, Marla e Josh, Thaís e Nick,  muito obrigado por estarem com a gente naqueles dias mágicos!

5 anos de casamento na toscana

Alugamos uma casa épica no Airbnb, bebemos bem, comemos MUITO bem, rimos, dançamos, cantamos e choramos com a cerimônia linda que a Nica organizou. Se você tiver vontade de saber mais sobre como foi esse evento, comenta ali embaixo que a gente conta em um post futuramente.

Por do sol na toscana
Registro espetacular do nobre amigo João Pens. Sugiro que você acompanhe as fotos dele no Instagram: https://www.instagram.com/joaopens/

O trabalho: novos projetos surgindo

Outro motivo importante para termos vindo para a Itália é o trabalho. Há tempos estamos tentando criar um projeto que possa combinar o trabalho que fazemos na London, nossa agência de marketing de conteúdo, com viagens e o desejo pessoal de fincar raízes temporárias em diferentes culturas.

Faz uns três anos que pensamos nisso e trabalhamos para encontrar o modelo ideal. Tem a ver com caçar tendências, cobrir eventos, conhecer histórias de empresas inovadoras e transformar isso em conteúdo multimídia para nossos clientes e futuros clientes – empresas interessadas em contar boas histórias, educar seu mercado e gerar valor para seus clientes e futuros clientes por meio do conteúdo.

No ano passado, já com a ideia na cabeça, mas ainda sem saber bem o que fazer com ela, eu escrevi uma reportagem para a VendaMais, revista que editamos, contando a história de uma imersão de negócios que fizemos no Vale do Silício.

Visita ao Facebook - Palo Alto
Em nossa visita ao Facebook, em Palo Alto, fomos recebidos por uma brasileira que trabalha com big data na rede social. Tivemos debates bem interessantes sobre as tendências na comunicação virtual.

Em paralelo a isso, também gravamos vários vídeos durante o Content Marketing World 2016, maior evento de marketing de conteúdo do mundo, que acontece todo ano em Cleveland.

Content marketing World - Unmarketing - scott strattenjpg
Na edição 2015 do CMW, eu havia comprado esse (ótimo) livro que fala sobre uma nova forma de vender e se relacionar com clientes. Em 2016, assisti uma palestra, conversei com o autor e ganhei uma cópia com dedicatória. Quão legal é isso? =D

Essas duas atividades foram fundamentais para dar a base para o projeto que vamos começar a tirar do papel, em Bolonha (e pela Europa), nas próximas semanas. Quando tivermos novidades a respeito, compartilharemos por aqui.

Uma das coisas que aprendi sobre empreendedorismo com um engenheiro da Netflix no Vale, foi que a grande ideia de um bilhão de dólares é um mito. Escrevi sobre isso e muito mais na matéria. Você pode ler aqui. =)

Vida no mato-2
Reunião com cliente às 22h é algo que aprendemos a nos acostumar. Faz parte.

A Netflix não acredita na ideia de um bilhão de dólares que vai surgir da noite para o dia e revolucionar o planeta, mas em pequenas melhorias diárias baseadas em decisões e ações rápidas, mesmo que sutis, mas que, com o passar do tempo, fazem com que a empresa possa permanecer relevante e competitiva em um dos mercados mais acirrados do planeta.

A inovação faz parte do dia a dia. Não é um ato isolado.

Na prática, ao longo dos últimos sete anos aprendendo diariamente a empreender, percebemos o mesmo por aqui. Foi bom conhecer um pouco sobre a cultura da Netflix e ver que, de certa forma, compartilhamos de uma visão parecida.

golden gate bridge - san francisco
Fazer uma imersão na cultura do Vale do Slício por alguns dias nos ajudou a construir a ideia de como imaginamos o futuro da nossa empresa

Estou sendo bem simplista aqui pra não me arrastar muito no papo sobre empreendedorismo, mas o projeto que estamos construindo agora começou a ser desenhado, lapidado e amadurecido há mais de três anos. Para criar algo de valor é preciso tempo, suor, grana, sorrisos, lágrimas e uma maturação natural do projeto – principalmente quando se tem vários pratos para equilibrar ao mesmo tempo – como é o nosso caso com a London. Todo o resto, é discurso de palco. 

A Toscana: Parte 2 – O Val d’Orcia com os padrinhos

Ainda no primeiro mês, deu tempo de fazer uma viagem mágica por uma das mais belas regiões da Toscana. O Val d’Orcia é a “casa” do aclamado Brunello di Montalcino, o clássico vinho produzido com as uvas Sangiovese, predominantes na região.

Pienza - Val d'Orcia - Toscana - Italia-2
É no Val d’Orcia que a Toscana “imprime” boa parte de seus cartões postais

Mas não é só de vinho que vive essa joia toscana. Incríveis e incontáveis vilarejos medievais para explorar, estradas que representam a Toscana clássica das clássicas, águas termais gratuitas e muita comida boa. O Val d’Orcia é mais um exemplo perfeito do #italiansdoitbetter. Aliás, acho que essa # será bem presente por aqui. ;)

Pienza - Val d'Orcia - Toscana - Italia
Pienza é fascinante.

Vamos falar mais essa viagem em breve, mas se tiver viagem marcada, tome nota de Pienza, Montepulciano e Bagno di San Fillipo, três pontos imperdíveis dos vários do trajeto. A gente passou por oito cidades em dois dias, tempo suficiente para conhecer vários lugares legais. 

Val d'Orcia - Toscana - Italia

Bem-vindo a uma “vida no mato”

O Gianluca, (lembra dele?) nos levou para conhecer a casa em que estamos morando na semana passada, cinco dias antes de mudarmos. É um casarão do século XIX, de três andares, que ele dividiu em três apartamentos (um por andar), sendo que o último (o nosso) é destinado a aluguéis de longo prazo – e os de baixo para festas e eventos de fim de semana. O preço era o melhor que tínhamos visto até então – 490 euros por mês, fora as contas. Tchau vida em Bolonha?

Vida no mato-6
Registro do nosso primeiro sábado na #casadomato, feito pelo amigo blogueiro (e primeiro hóspede) Jr Caimi, do Tip Trip: http://www.tiptrip.com.br

Pesamos muito a decisão de sair de um pequeno apartamento no CENTRO de Bolonha para uma casa gigante com um quintal cheio de árvores em uma CIDADEZINHAZINHA que fica a 35 minutos de trem da capital da Emilia Romagna. Por uma vida mais simples, econômica, focada e propícia a criatividade, decidimos “correr o risco” de viver de uma forma BEM diferente de todas que já vivemos.

Vida no mato-4
Primeiro sábado na casa nova

Galliera, nossa cidade, tem cinco mil habitantes. Um bom supermercado. Uma feira de rua às quartas-feiras. Duas sorveterias. Duas cafeterias. Uma padaria. Uma tabacaria. Um restaurante. Zero bares. Um banco. Uma agência de correio. Muitas crianças e idosos. Poucos jovens. O ciclo da vida fica evidente aqui. Tão  logo os jovens ganham independência, se mandam.

Ficaremos aqui, pelo menos, até dezembro (provavelmente mais). Nosso dia a dia será cercado de muito sossego, pássaros cantando, trabalho e viagens. Estamos animados com a ideia de passar mais tempo ao ar livre, correndo pelas plantações diversas que compõem o cenário no entorno nossa casa, pedalando por estradas rurais ou lendo debaixo de uma árvore do nosso quintal.

Mas, por outro lado, chegar em Bolonha é muito fácil. Não estaremos com o pé no centro, mas os 35 minutos não são nada se você comparar com a logística interna de uma cidade como Londres, por exemplo. Além disso, a bela Ferrara fica a menos de 15 minutos de trem. Definitivamente, não estamos isolados!

O nosso plano, além de realizar nossos projetos de trabalho, é aproveitar os fins de semana pra viajar por cidades da região – Modena, Parma, Reggio Emilia e Rimini (litoral) são algumas das cidades que ficam a um pulinho daqui – e conhecer mais da Itália. Temos planos de viajar muito por aqui nos próximos meses. E, se você quiser, pode vir com a gente. Basta nos acompanhar por aqui ou pelas nossas redes sociais.

E aí, vamos juntos? :)

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Primeiros dias em Bolonha em fotos e relatos

Viva sua própria aventura, seja ela qual for

A gente anda um tanto sumido aqui do blog, é verdade. Não é a primeira vez que ficamos longas semanas sem escrever e – possivelmente – não será a última.

A desculpa é a mesma de sempre. O trabalho principal, com nossa agência de marketing de conteúdo, tem tomado conta de boa parte de nosso tempo e – sendo franco – depois de ficar longas horas sentado em frente ao laptop fritando o cérebro, o que mais queremos é distância do tec tec das teclas quando “fechamos o escritório”.

Saudade de escrever aqui a gente sente todo dia, acredite. Mas tem horas que é preciso priorizar, focar, abrir mão, fazer escolhas – e viver com isso.

Por alguns anos a gente alimentou o sonho de viver do blog, fazê-lo ser nossa principal fonte de renda, mas a blogosfera testou nossa paciência. Tivemos algumas decepções com esse mercado e decidimos não levar mais a carreira de blogueiros tão a sério. Até temos algumas ideias e projetos bem legais, mas nada que será tratado como prioridade – ao menos no curto e médio prazo.

O que é bom, porque isso nos tirou algumas amarras e pressões que nós mesmos nos colocávamos sobre TER que postar algo, TER que interromper momentos legais de uma viagem para registrar isso ou aquilo. Em nossa última viagem – para o Uruguai, no Carnaval – relaxamos como há tempos não relaxávamos simplesmente porque deixamos de lado as “obrigações” de blogueiro.

noite estrelada no container - playa atlantica - uruguay - aventura
Tentativa – quase frustrada – de permanecer imóvel para uma exposição de 30 segundos em uma das noites mais lindas da vida em algum lugar no litoral do Uruguai

De certa forma, foi um grito particular de liberdade

Não vamos deixar de escrever e nem abandonar o blog. A gente ama esse nosso filhão que completa sete anos de vida este mês. É mais uma coisa de não se preocupar tanto com o calendário de posts fixado na parede do escritório que está na minha frente, bem atrasado, agora mesmo.

Grandes mudanças estão por vir em nossas vidas. Será mais um episódio da vida semi-nômade, que eu expliquei aqui, quando ainda não se ouvia falar do “largue tudo, seja um nômade digital e viva da internet”. Tenho calafrios com gente irresponsável que vende falsas verdades e destrói sonhos.

→ Se você se interessa por nomadismo digital de forma séria, planejada e realista, recomendo o Pequenos Monstros. Eles tratam do tema de forma responsável. Tome cuidado com os pseudos gurus da internet. Tem muitos por aí!

Vida de nômade digital - trabalhando no aeoroporto
Aeroporto é sempre sinônimo de escritório pra nós

Dolce far niente (mas nem tão niente assim)

Em maio vamos nos mudar para a Itália para escrever um novo capítulo de nossa vida viajante. O país está em nossos planos há anos. Pra mim, é uma vontade que indiretamente sempre esteve presente em razão de raízes familiares, mas que foi crescendo desde que fomos pra lá pela primeira vez, em 2010.

Quando decidimos virar a página de Londres, a vontade de fixar raízes – temporárias ou não – na velha bota veio forte. Começamos a planejar essa mudança há mais de um ano.

A ideia inicial era ir para Florença, cidade que nos encantou, mas nas primeiras pesquisas vimos que viver lá não seria muito mais barato do que morar em Londres. Aí, entre pesquisas e conversas com amigos e bartenders italianos que encontrávamos nos bares londrinos sobre qual seria a cidade ideal, chegamos a Bologna.

por do sol em florença
Pôr do sol ao fundo do rio Arno, em Florença

Nossa vontade era encontrar uma cidade pequena, mas bem estruturada, com clima bom em boa parte do ano, bem localizada, com fácil acesso para viajar, que tivesse um custo de vida que coubesse no bolso, comida boa, lugares legais para pedalar e por aí vai. Esqueci de algo?

Ah, sim. Em dado momento, quando eu já estava bem inclinado a Bologna, mas a Nah ainda considerava alternativas, ela falou que só se mudaria pra lá se tivesse um bar da Brewdog, uma das melhores cervejarias do mundo.

E não é que tinha? :D

O mais curioso é que, além da inusitada Bologna, só Firenze abrigava a Brewdog na Itália. Mais tarde, abriu um bar da cervejaria em Roma também.

Foi uma piada dela, claro, mas vimos como um sinal do destino. Batemos o martelo e é pra lá que vamos, mas de coração aberto para mudar a rota se por algum motivo, la gorda – como a cidade é conhecida, por motivos óbvios – não nos conquistar.

É louco decidir, por conta própria, mudar para uma cidade em que você nunca pisou, mas depois de ir e vir algumas vezes para lugares diferentes, esse tipo de mudança passou a fazer parte da nossa vida.

Desapegar é difícil, mas preciso

Acho que falar sobre os porquês e os benefícios que essas mudanças de cidades e países nos trouxeram nos últimos anos é tema para aprofundar em outro texto, mas a verdade é que mudar é bom. Simples assim.

Nem sempre é fácil, é verdade. Toda mudança exige muito de nós. Mas o que eu sinto é que a gente cresce sempre quando muda algo que incomoda. E quando falo “a gente”, incluo você também.

Como bem diria Barney Stinson do seriado How I met your mother:

via GIPHY

Eu não estava planejando escrever esse texto. A ideia veio durante a leitura do livro Na natureza selvagem, de Jon Krakauer, clássico da literatura viajante que inspirou o filme homônimo e que é daqueles que mexem com os sentimentos e nos faz questionar verdades inquestionáveis que carregamos.

A gente assistiu há cerca de nove anos, ainda no cinema (matando aula na facul para um de nossos encontros “proibidos” #momentolovestory). Mas só agora parei pra ler a obra que o inspirou. Se você ainda não viu/leu, recomendo que veja/leia.

Depois que li uma carta escrita por Alex (personagem principal da história) para um senhor de 80 anos que se tornou um grande companheiro de estrada por algumas semanas foi quando, precisamente, senti que precisava compartilhar essa história com você.

yosemite national park - california
Fascinado pela estonteante beleza do Yosemite National Park – Califórnia

O jovem que, cansado do mundo, largou tudo para viver uma aventura épica consigo mesmo, escreveu a Ron um recado que também é importante pra mim e pra você.

“Acho que você deveria realmente promover uma mudança radical em seu estilo de vida e começar a fazer corajosamente coisas em que talvez nunca tenha pensado, ou que fosse hesitante demais para tentar. Tanta gente vive em circunstâncias  infelizes e, contudo, não toma a iniciativa de de mudar sua situação porque está condicionada a uma vida de segurança, conformismo e conservadorismo, tudo isso que parece dar paz de espírito, mas na realidade nada é mais maléfico para o espírito aventureiro do homem que um futuro seguro.
A coisa mais essencial do espírito vivo de um homem é sua paixão pela aventura. A alegria da vida vem de nossos encontros com novas experiências e, portanto, não há alegria maior que ter um horizonte sempre cambiante, cada dia com um novo e diferente Sol. Se você quer mais de sua vida, Ron, deve abandonar sua tendências à segurança monótona e adotar um estilo de vida confuso que, de início, vai parecer maluco para você. Mas depois que se acostumar a tal vida verá seu sentido pleno e sua beleza incrível. (…) Não hesite nem se permita dar desculpas. Simplesmente saia e faça isso. Você ficará muito, muito contente por ter feito. “

Alex Mc Candless em Na natureza selvagem

É um texto forte. É fácil, muito fácil, nos vermos presos à rotina. Não que a rotina seja algo ruim. Eu gosto de ter um (aparente) controle da maior parte do tempo. Ter horário pra dormir, acordar, trabalhar,  pedalar etc. A rotina ajuda a equilibrar a vida. Mas o problema, ao meu ver, começa quando a vida passa a acontecer de forma automática, tipo assim:

via GIPHY

É difícil não cair no clichê, mas eu também não sei por que sempre que falamos em clichê sentimos essa necessidade de nos defendermos e praticamente pedimos permissão para falar sobre. Clichês são clichês porque fazem parte da vida, oras!

De nossa vida só ficará a história que escrevemos

Qual foi a última vez que você se desafiou a fazer algo diferente? Algo que te assusta? Não precisa ser algo como largar tudo e viajar pelo mundo. Pode ser começar a praticar um esporte, empreender, falar aquilo que você sempre quis falar pra alguém, mas nunca teve coragem.

Seja o que for, lembre-se das palavras de Alex. Ele pode ter tido um final trágico em razão de seu grito de liberdade, é verdade, mas o seu legado, quase 30 anos depois, ainda inspira milhares de pessoas em todo o planeta.

Viva sua própria aventura, seja ela qual for. A nossa próxima começa em pouco mais de um mês!

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Um passeio de bicicleta por vinícolas no Napa Valley

Dedicamos dois dias de nossa viagem de dois meses pela Califórnia para explorar o Napa Valley – uma das mais respeitadas regiões produtoras de vinho do mundo – e seus arredores.

No primeiro dia rodamos de carro a Highway 29 (estrada base para explorar o vale vinicultor mais famoso dos EUA) e passamos por diversas cidades, em especial Sonoma e Napa. Durante o percurso, conhecemos as vinícolas Provenance, Beringer e Castello di Amorosa, algumas lojas e um supermercado onde compramos nosso almoço – um piquenique debaixo de uma árvore nos jardins de uma vinícola.

picnic napa valley - beringer

Mas os detalhes deste dia vão ficar para outro post. Temos fotos lindas e algumas boas dicas. Segura aí e vem comigo…

napa valley

Rolê de bicicleta por vinícolas californianas

No segundo dia, saímos cedo de Rohnert Park, cidade em que encontramos o hotel com melhor custo benefício da região. Lá, pagamos $49 na diária no Good Nite Inn, um hotel honesto que fica a cerca de 50km de Napa (a cidade), onde não encontramos nada por menos de $130!

Claro que com isso perdemos um tempinho na estrada, mas com o orçamento apertado, acabou sendo uma boa opção. 

hotel no napa valley - good nite inn
O Good Nite Inn, hotel no Napa Valley que foi nossa base, era bem honesto dentro daquele padrão de motel de estrada. Não tinha frigobar, mas a gente tinha cerveja. #comofaz? Pega gelo na recepção, enche a pia com ele e mergulha as IPAs maravilhosas nela.

Se no dia anterior nosso roteiro foi focado nos clássicos do Napa, agora era a vez de fazer um tour de bike pelo Dry Creek Valley, região produtora vizinha ao Napa.

O Dry Creek reúne mais de 60 vinícolas e é reconhecido pelos seus Zinfandel. O que mais me chamou a atenção na região foi que a experiência ali é mais simples e menos turística – bem diferente do que havíamos visto no Napa, no dia anterior. 

As vinícola são menores e, em sua maioria, produzem vinhos orgânicos. Além disso, as estradas são mais calmas e muito provavelmente você nunca vai achar um rótulo produzido no Dry Creek longe dali. E como é boa essa sensação de viver algo que você só poderá sentir novamente se voltar…

tour de bike napa valley-2

Eu sonhava em fazer um passeio de bike por vinícolas há tempos. Até porque carregava uma frustração da vez em que a chuva nos impediu de pedalar por vínicolas em Saint-Emilión, na França.

E, olha, tem algo mágico em rodar por estradas calmas, sentindo o vento no rosto, cercado por vinhedos e sabendo que no fim, além da paisagem maravilhosa, você ainda degustará alguns dos melhores vinhos da sua vida…

Bella Vineyards and Wine Caves

Um passeio de bicicleta por vinícolas no Napa Valley

O passeio não poderia ter sido melhor!

Alugamos as magrelas na cidade de Healdsburg, que fica a 80km de Napa. Foi tudo ótimo. As bicicletas (da marca Trek) eram muito confortáveis, confiáveis e tinham um bagageiro espaçoso em que deu até pra colocar a câmera DSLR, dentre outras coisas.

tour de bike dry creek valley california
No alforge tinha um kit de ferramentas, câmara reserva e bomba, caso o pneu furasse. Mas caso você não saiba trocar pneu é só ligar para o número de emergência que eles te resgatam.

Tá vendo aquele papel perto do guidão? Nele estava o mapa do roteiro que estávamos fazendo. Ajudou bastante a gente se localizar sem precisar pegar o celular.

Onde alugar bicicleta no Napa Valley

O que eu achei legal da Wine Country Bikes,  loja em que alugamos as bikes, é que além das bicicletas voltadas para o cicloturismo eles têm as de estrada (speed) top de linha, perfeitas para ciclistas experientes que gostam de percorrer longas distâncias.

Os preços variam de acordo com o modelo da bike, mas a diária começa em $39 para a bike da foto abaixo, que foi a que usamos.

wine country bikes - dry creek valley - california

Os tours personalizados/acompanhados saem por a partir de $139, mas eu sugiro que você navegue bem pelo site porque eles oferecem muita coisa diferente. Eu gostei muito da proposta dos passeios. Há desde roteiros para quem não está habituado a pedalar até percursos que ultrapassam os 100km. A gente escolheu um dos mais leves.

tour de bike napa valley-3

Nosso objetivo era pedalar devagar, curtir o sol, fotografar a paisagem, degustar um vinho orgânico e comer em uma lanchonete fundada no século XIX, dica que foi dada pela Amber, a simpática canadense que é a dona da Wine Country Bikes.

A Dry Creek General Store é uma parada imperdível na região.

dry creek valley

Não poderia ter sido melhor. Nosso destino foi a Bella Vineyards and Wine Caves em um passeio de 40km (ida e volta) por estradas calmas, cercadas por vinhedos e paisagens bucólicas, abrilhantadas por um céu daqueles que só a Calfórnia parece saber fazer.

dry creek valley

Em boa parte do caminho o que mais ouvíamos eram pássaros cantarolando e o vento que sacudia as árvores anunciando a chegada do outono. Os poucos carros que cruzaram nosso caminho eram guiados por motoristas bem respeitosos. #sonhodeciclista.

Vídeo do nosso pedal pelos vinhedos na região do Napa Valley

Foi um dia especial!

Tentamos mostrar um pouco do passeio, o que vimos e fizemos no vídeo abaixo. Conhecer a vinícola Bella foi uma das boas surpresas do passeio. A sala de degustação deles fica numa caverna embaixo dos vinhedos – mostramos tudo no vídeo. Dá o play e aproveita pra se inscrever no nosso canal no YouTube. Tem rolado bastante coisa por lá!

Leia também:

Por que ir além do Napa Valley

Perguntamos para o pessoal da Bella por que um turista deveria ir ao Dry Creek Valley – que a gente só conheceu porque alugou as bicicletas. A resposta deles foi “porque aqui se tem uma experiência mais simples, autêntica e em um ambiente menos movimentado.”

Faz sentido. Não avistamos ônibus ou vans de turismo em todo o trajeto que rodamos, ao contrário da muvuca que vimos no Napa um dia antes. Na Bella, havia pouquíssimas pessoas com a gente. Ficamos algumas boas horas por lá batendo papo e curtindo o sol.

Acabou sendo a experiência de enoturismo mais legal que tivemos na região.

O Napa Valley é lindo, tem vinícolas espetaculares e logicamente merece sua visita, mas se você puder dedicar ao menos dois dias de sua viagem pela meca dos vinhos californianos, recomendo que vá até o Dry Creek em ao menos um.

Você já foi para o Napa Valley? Deixe um comentário com a sua dica do que visitar por lá. Em meio a centenas de vinícolas, é sempre bom ter uma dica de quem já foi, né? Lembrando que em breve vamos falar sobre as que visitamos no dia anterior ao passeio de bike. 

Dica extra

Falando nisso, se você tem viagem marcada para o Napa Valley, recomendo fortemente que leia as dicas da Mari, do blog Ideias na Mala. Os posts extraordinários da Mari sobre vários destinos na Califórnia nos ajudaram muito a bolar o roteiro para esse e outros dias de uma viagem que foi épica.

Boa viagem,

João (com vontade de tomar vinho)

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