Imperial War Museum: histórias de guerras contadas em Londres

Imperial War Museum - Change Your Life - LondonRecentemente, conhecemos uma família que nos contou uma série de histórias interessantes (e ao mesmo tempo extremamente tristes) sobre a vida em Londres em um dos períodos mais difíceis da história: o da Segunda Guerra Mundial. Os “Allpress” eram em mais ou menos 12 – mãe, pai e cerca de 10 filhos (margem de erro de dois para mais ou para menos. hehe), e tinham um milhão de histórias para contar…

Textos, fotos, áudio e ambientes inspirados nos da época não apresentavam apenas a realidade desta família na Londres da primeira metade do século XX, mas também a realidade de todos aqueles que moravam aqui (e no Reino Unido como um todo) nesse período.

Ligando os pontos dessa história talvez você já tenha entendido onde quero chegar. Conhecemos a família Allpress não nas ruas de Londres, mas dentro de um dos museus mais incríveis da cidade, o Imperial War Museum (Museu de Guerra Imperial), que desde 1920 conta a história das batalhas e das vidas afetadas pelas forças bélicas desde a Primeira Guerra Mundial.

Dividido em diferentes áreas e contando diferentes histórias, o Imperial War Museum ensina história ao mesmo tempo que comove e nos faz entender e compreender alguns dos traços que permanecem até hoje nas características dos londoners, dos ingleses, dos britânicos e até mesmo dos europeus de uma forma geral. E é o museu de Londres que apresento hoje para você…

Change!

A visita ao Imperial War Museum começa antes mesmo de entrarmos nele.

No jardim em que o incrível prédio do museu fica, um pedaço do Muro de Berlim grita: “Change your life!”

Mude sua vida!
Mude sua vida!

E é um ótimo ponto de partida para tudo o que se vê da porta para dentro do museu. Afinal, chega de guerra, né? :)

Além disso, ainda fora do museu se observam estes dois canhões:

Canhões como este foram os principais armamentos de 22 navios a partir de 1912. Pesando cerca de 100 toneladas (!), eles tinham capacidade de disparar bombas de até 876kg a uma distância de 29km. UAU, né?
Canhões como estes foram os principais armamentos de 22 navios a partir de 1912. Pesando cerca de 100 toneladas (!), eles tinham capacidade de disparar bombas de até 876kg a uma distância de 29km. UAU, né?

É, pra convencer os indecisos a entrarem de uma vez. :)

Vamos lá, então?  

Por dentro do Imperial War Museum de Londres

Desde o ano passado o Imperial War Museum de Londres está passando por uma mega reforma, e algumas de suas áreas não estavam abertas ao público nessa nossa última visita. Aliás, é importante frisar que no momento TODO o museu está fechado. Ele será reaberto em julho deste ano (2014).

Mas não podia deixar essa dica para depois, porque saímos de lá com tanta coisa na cabeça e refletindo sobre tudo que precisávamos falar sobre ele logo. :)

Ao todo vimos seis exposições, dentre as quais destaco quatro:

  • War Story: Supplying Frontline Afghanistan – mostra como é a vida dos soldados britânicos que estão no Afeganistão na chamada “guerra contra o terror” por meio de fotos e dados. É uma exposição bem pequenininha, dá pra ver em uns 15/20 minutos.

British soldiers

Além das fotos, há vários murais com informações sobre a vida dos soldados britânicos no Afeganistão espalhados por esta sala. Alguns números surpreendem. Olha só:

  • Em 2010, 3500 toneladas de munição foram transferidas do Reino Unido para o Afeganistão;
  • No mesmo ano, mais de 200.000 sacolas contendo correspondências foram enviadas do UK pro Afeganistão e de lá pra cá . Bastante coisa em tempos de internet e telefone, né? Mas é que para quem está em campo de batalha as cartas ainda são o único meio de comunicação;
  • Em 2011, as tropas britânicas consumiam 7.5 toneladas de batata por semana;
  • Em 2012, a equipe de profissionais enviados do Reino Unido pro Afeganistão era de mais ou menos 9.500 pessoas!;
  • Também em 2012, mais de 2.700 veículos britânicos circulavam em território afegão;
  • 150.000 litros de combustível são consumidos diariamente pela equipe britânica no Afeganistão.

E para viver seu dia a dia no Afeganistão, um soldado britânico leva consigo “só” isso:

british soldier - Afhganistan

Não quero entrar aqui no mérito da guerra em si (mas é bom dizer que sou contra qualquer tipo de guerra), mas o fato é que não tem como não se comover com tudo o que a gente vê nesse pequena parte do museu. E não só com a parte emocional, mas também com a financeira. Pare e pense: 7.5 toneladas de batata por semana. Só com isso já vai umas boas Rainhas, não é mesmo? E tudo isso para uma guerra que vai trazer o que de benefício para a humanidade?

Impossível não se questionar…

Supplying frontline Afhganistan

  • A family in wartime – “No dia 03 de setembro de 1939 a Grã-Bretanha declarou guerra contra a Alemanha. Para as famílias britânicas, a vida nunca mais seria a mesma. Esta exposição apresenta os Allpresses, uma família real que vivia no Sul de Londres quando a guerra começou”

Esta foi minha exposição preferida. Adoro aprender por meio de imersão, e é o que “A family in wartime” proporciona. Ao mesmo tempo em que o tema é pesado, a história das pessoas traz uma leveza. Levamos cerca de uma hora para ver tudo, mas passou muuuito rápido porque era tudo muito interessante.

Logo na entrada da exposição a gente conhece cada um dos integrantes da família Allpress. Depois, os caminhos de todos eles são apresentados. É legal demais ver o "papel" de cada um deles durante todo o período em que Londres foi afetada pela II Guerra Mundial.
Logo na entrada da exposição a gente conhece cada um dos integrantes da família Allpress. Depois, os caminhos de todos eles são apresentados. É legal demais ver o “papel” de cada um deles durante todo o período em que Londres foi afetada pela II Guerra Mundial.
Na "casa" dos Allpresses, dezenas de quadros preenchem as paredes. Não são quadros quaisquer; são quadros que também retratam cenas da época. Muuuito legal!
Na “casa” dos Allpresses, dezenas de quadros preenchem as paredes. Não são quadros quaisquer; são quadros que também retratam cenas da época. Muuuito legal!

The Blitz - Imperial War Museum - London

Recadinho do governo: quer comer em tempos de guerra? Melhor plantar em casa!
Recadinho do governo: quer comer em tempos de guerra? Melhor plantar em casa! [Não tá fácil pra ninguém, companheiro]
Uma boa parte da exposição é dedicada a mostrar as funções exercidas pelas mulheres no apoio ao lado britânico da guerra. Achei bem legal!
Uma boa parte da exposição é dedicada a mostrar as funções exercidas pelas mulheres no apoio ao lado britânico da guerra. Achei bem legal!
A sua tá fácil? Bom se cuidar, hein? O Hitler não avisa quando vem! =/
A sua tá fácil? Bom se cuidar, hein? O Hitler não avisa quando vem! =/
Dá pra se sentir na casa dos Allpress, não? :) A melhor parte é a mensagem lá no fundo: "a guerra tinha acabado. A gente mal podia acreditar". Para eles, a melhor parte é que a guerra acabou e a família toda resistiu - inclusive os irmãos que representaram o Reino Unido nos campos de batalha.
Dá pra se sentir na casa dos Allpress, não? :) A melhor parte é a mensagem lá no fundo: “a guerra tinha acabado. A gente mal podia acreditar”. Para eles, a melhor parte é que a guerra acabou e a família toda resistiu – inclusive os irmãos que representaram o Reino Unido nos campos de batalha.
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Apesar de a família Allpress ter passado ilesa pela guerra (só em termos de vida, porque de cicatriz emocional com certeza todos foram feridos), outros mais de 60.000 britânicos foram mortos por ataques inimigos; durante o período conhecido como Blitz (informações aqui) 2.25 milhões de pessoas perderam suas casas; 46% das crianças de Londres foram “evacuadas” – ou seja, enviadas para outros cantos do país para que ficassem mais seguras. Há histórias e relatos chocantes dessas crianças na exposição.

Enfim, não tem como não se imaginar na pele dos Allpresses. A família deles podia ser a nossa, e isso torna a compreensão dos fatos muito mais simples. Recomendo muito!

  • Holocaust – como o nome diz, é a exposição que apresenta a história do holocausto e de todo o terror causado por Hitler e sua turma contra judeus e várias outras minorias. É, sem dúvidas, a parte mais pesada do museu – inclusive crianças são aconselhadas a não entrar. Não é permitido fotografar a exposição, mas eu posso garantir que ela é MUITO completa. Estivemos também no museu do Holocausto em Berlim e a exposição do Imperial War Museum é quase tão intensa quanto aquela – que está no lugar onde tudo começou, né? Uma hora, uma hora e meia do seu dia no Imperial War Museum deve ser dedicado à esta exposição.
  • Secret War – explora os temas espionagem, forças especiais e aí por diante, e é muuuito interessante. O que se vê lá é a ação dos 007 da vida real. Porém, o espaço em que ela fica é meio apertado, e como há bastante informação para ser lida ao longo da exposição às vezes acumula um monte de gente em uma “janelinha”, o que dificulta bastante a leitura. Essa exposição por si só ocupa mais de uma hora da visita.

Secret War - Imperial War Museum - London-

Secret War - Imperial War Museum - London

No fim da exposição, esta bandeira do Reino Unido. A importância dela? Ela foi encontrada nos destroços do World Trade Center, em NY, depois do atentado de 11/09/2001. Não tem como não se emocionar...
No fim da exposição, esta bandeira do Reino Unido. A importância dela? Ela foi encontrada nos destroços do World Trade Center, em NY, depois do atentado de 11/09/2001. Não tem como não se emocionar…

Sobre as outras exposições do IWM

Ainda vimos uma exposição fotográfica de guerra e outra que… desculpa, mas não lembro. Já estávamos bem cansados (é bastante informação pra assimilar, e informação pesada, minha gente) e não demos bola pra ela, confesso.  =/

Além disso, estava em cartaz uma exposição paga que, segundo uma das monitoras do museu, era mais voltada pra crianças – Spies: Horrible Stories e alguns tanques, jipes de guerra estavam espalhados pelo prédio do museu. Isso porque normalmente a área central do Imperial War Museum concentra esse tipo de coisa, mas está temporariamente fechada para a reforma que citei no começo do post.

Não vou mentir. Foi meio decepcionante ver os vículos de guerra simplesmente estacionados aqui e ali. Queria que a área central do museu estivesse aberta para ver o jipe do lado do avião, do lado do tanque... Mas, tudo bem. Fica pra próxima! :)
Não vou mentir. Foi meio decepcionante ver os vículos de guerra simplesmente estacionados aqui e ali. Queria que a área central do museu estivesse aberta para ver o jipe do lado do avião, do lado do tanque… Mas, tudo bem. Fica pra próxima! :)

Também não pudemos ver as famosas galerias “Second World War”, que promovem uma experiência sensorial em uma Londres bombardeada. Uma pena. :( 

Imperial War Museum: veredito final

No nosso ranking estelar, o Imperial War Museum de Londres mereceu 4 estrelas!

ranking-estelar-IWM

Por que não 5? Porque estava em reforma, oras. Mas isso não será problema pra você que planeja visitá-lo depois de julho. Afinal, quando ele reabrir no verão deste ano estará já prontiiinho. E aí, meu caro, cinco estrelas com certeza. :)

Só preciso fazer mais algumas observações…

Você deve ter reparado que falei em tempo para ver as exposições, certo? É que para aproveitar ao máximo o museu é preciso ler. E ler muito. Todas as exposições estão muitooo detalhadas em texto. E isso, claro, toma tempo. Então é bom programar umas 3, 4 horas para visitar o Imperial War Museum com calma.

E se você não tem paciência para ler, o melhor talvez seja nem ir ao museu. Ou só ver a parte dos veículos de guerra mesmo. ;)

Gostou e ficou afim de começar a planejar sua visita? Se liga no serviço:

  • Entrada: Gratuita – exceto para algumas exposições pontuais
  • Site: http://www.iwm.org.uk/
  • Horários: das 10h às 18h, diariamente (fechado 24, 25 e 26 de dezembro)
  • Onde fica: Lambeth Road SE1 6HZ
  • Estações de metrô mais próximas: Lambeth North (Bakerloo Line, marrom); Waterloo (Bakerloo – marrom, Northern – preta, Jubilee Line – cinza), Southwark (Jubilee Line – cinza) e Elephant & Castle (Bakerloo – marrom, Northern Line – preta)
  • Nossa sugestão: vá a pé do Big Ben. É uma caminhadinha suuuper gostosa de cerca de 20 minutos. :)


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Bom passeio!

Beijobeijo,

Nah

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