Act like a local – Viena

Nas últimas três semanas, tivemos a oportunidade de conhecer Bruxelas, Bruges e Antuérpia e Budapeste na companhia da minha amiga Thalita Uba na série que chamamos de “Act like a local” – já que ela trouxe dicas fora do roteiro turístico basicones (coisa que a gente ADORA, né? :). Hoje, na última parada dessa viagem super legal, vamos a Viena, que na minha bucket list tá por um motivo mais do que especial: o “Schiebel”, meu sobrenome paterno, é originário de lá (da Áustria, não especificamente de Viena). :)

Mas, enfim, o post da Thali tá excelente e imperdível. Embarque com ela!

Eis que chegamos ao fim dessa nossa viagem maravilhosa pela Europa dos europeus. Este último post da série tem uma conotação muito especial pra mim, pois é sobre o país que me acolheu quando eu era uma adolescente chata e boba durante um ano – que se tornou, até hoje, o ano mais importante da minha vida. Meine Damen und Herren, herzlich willkommen in Wien!

Fonte: www.stadt-wien.at
Fonte: www.stadt-wien.at

Viena – Wien

A linda capital da Áustria tem cerca de 2,3 milhões de habitantes espalhados por 415 km2. Por três vezes (em 2007, 2011 e 2012), Viena foi eleita a melhor cidade para se viver no planeta (segundo a pesquisa “Qualidade de Vida no Mundo”, realizada pela Mercer). Antiga capital do império Austro-Húngaro e residência oficial da dinastia Habsburgo, o centro histórico da cidade é, desde 2001, patrimônio da Unesco, e suas raízes artísticas fazem com que Viena seja conhecida por muitos como a maior referência de música clássica dentre todas as cidades europeias.

 Act like a local in Wien

Pra começar, uma dica não muito agradável: se você não é fumante e não gosta de cigarro, prepare-se para passar por algumas situações desconfortáveis. Em pleno 2013, a maioria dos bares e cafés de Viena ainda permite que se fume em seus interiores. E olha, o pessoal fuma, viu? Fuma pacas, é impressionante. Então é importante tentar não se incomodar tanto com isso, senão você não vai aproveitar tudo que a cidade tem de bacana e interessante.

Deixando o fumacê de lado, pra viver como um bom vienense é preciso se inspirar um pouco nos curitibanos. Isso mesmo: os vienenses são um povo um tanto fechado, desconfiado, que vive reclamando disso e daquilo (mesmo morando em uma das melhores cidades do continente). Parece familiar aos meus colegas das araucárias? :) Eles não costumam, portanto, ser muito simpáticos e calorosos com os turistas, não. Mas como nós não somos turistas quaisquer, somos muito mais espertos e bonitos, vamos tirar tudo isso de letra e aproveitar ao máximo a terra da valsa. ;)

Pois bem, o pessoal de Viena – como de toda a Europa, essencialmente – adora ficar ao ar livre. Seja para bater papo, estudar, ler, fazer um piquenique ou simplesmente ficar de bobeira, os austríacos marcam presença diária nos diversos parques e praças da cidade. Os parques mais visitados pelos turistas são o Volksgarten e o Burggarten, pela proximidade com o centro histórico. Por isso, a gente vai correr pro outro lado, pro Stadtpark, que é um pouquinho afastado do centro, mas é um dos maiores da cidade. É lá que tem a famosa estátua do Strauss, o pai da valsa, mas os turistas costumam passar só pra tirar foto e ir embora correndo. Mas você, que é uma pessoa inteligente, vai aproveitar pra encher a sua garrafinha d’água no bebedouro público que tem lá (e que muitos não sabem que existe) e, de quebra, escutar uma música deliciosa, pois por ali sempre tem artistas de rua tocando algum instrumento.

Act like a local - Viena - Strauss
Pai da valsa…

Depois de um gostoso passeio pelo parque, hora de repor as energias (e as calorias) com uma deliciosa torta Sacher, certo? Errado! A torta típica do famoso hotel é até gostosa, mas ao invés de passar meia hora na fila ao lado de um monte de turistas tagarelas e gastar uma nota por um pedacinho de bolo de chocolate (que é, essencialmente, a que a torta Sacher se resume) seja um bom vienense e vá comer uma bela salsicha recheada com queijo, a deliciosa Käsekrainer, acompanhada de uma cerveja local – Gösser, Stiegl e Ottakringer são as mais populares. Se estiver calor, pedir uma Radler (cerveja feita com limão) é obrigatório. E para os que não conseguem viver sem um docinho, um Strudel sempre cai bem (e pra quem não resistir e quiser mesmo provar a torta, saiba que a receita dela não é segredo pra ninguém – apesar de eles dizerem que é – e praticamente todas as confeitarias a servem por um preço bem mais em conta do que o hotel).

Act like a local in Viena
Käsekrainer – Fonte: www.wildhandel-wieser.at | Ottakringer Radler – Fonte: www.austriansupermarket.com | Strudel – Fonte: www.pizzeria-diavolo.at

 Os vienenses costumam passar horas em cafés lendo, trabalhando ou simplesmente relaxando. Pra quem gosta de fazer o mesmo, uma boa dica é o Café Club International, onde muitas das figuras clássicas locais costumam dar as caras. Esse café fica na praça Yppenplatz, uma das mais populares entre o pessoal local por conta das suas inúmeras opções – desde loja de geleias caseiras até livrarias antigas.

Outra atração bem popular em Viena são os Strandbars, ou “bares de praia”. Mas como assim, bares de praia? Viena não tem praia! Pois é, por isso mesmo os caras têm que improvisar. Pegue um monte de areia, coloque na beira do rio (o Danúbio, no caso), encha de cadeiras de praia e guarda-sóis, monte um barzinho com garçons bronzeados no meio e pronto! Você tem um Strandbar. É pra lá que todo mundo vai depois do expediente quando tá aquele solzão bonito (que, lá, só se põe perto das 22h). Um dos mais populares e divertidos é o Herrmann, que tem uma localização privilegiada e várias promoções de happy hour.

Fonte:  www.strandbarherrmann.at
Fonte: www.strandbarherrmann.at

Por fim, pra fechar esta viagem com chave de ouro, nada de consertos caríssimos na famosa ópera (já fomos à ópera em Budapeste, lembra? Por bem meno$$$), o negócio é curtir o bom e velho rock ‘n’ roll de uma banda local na Arena, um antigo matadouro transformado em casa de shows nos anos 70. Às vezes, eles transformam a pista em um grande cinema ao ar livre, então o negócio é se informar antes pra ter certeza do que vai estar rolando no dia.

E assim chegamos ao fim desse nosso breve passeio pela Europa dos locais! Espero que vocês tenham curtido as minhas dicas e que possam colocá-las em prática o quanto antes! Aqueles que quiserem continuar lendo coisas minhas, podem ficar ligados no Entretenha-me, onde eu e outros malucos damos dicas de cinema, música, literatura e cerveja diariamente. À Natasha, essa menina linda, querida e cheirosa, o meu agradecimento imenso por essa parceria tão legal e divertida! E aos leitores do Pra Ver em Londres, beijos, abraços e tapinhas nas costas (o que convier a cada um, vocês decidam). Até mais ;)

Owwww, Thali, que delícia de post de encerramento da série. Amei muito! :)

Sempre que quiser aparecer por aqui sinta-se à vontade. Para nós será um prazer ter acesso às suas dicas quentíssimas.

Beijobeijo!

 

 

Act like a local – Budapeste

Chegamos ao terceiro post da série “Act like a local”, na qual minha amiga Thalita Uba (tá esperando o que pra conhecer o blog dela? O Entretenha-me é incrível. Vai lá!) traz dicas pra quem quer curtir algumas das cidades mais interessantes da Europa como os locais fazem…

Já passmos por Bruxelas, Bruges e Antuérpia. O destino de hoje é Budapeste. Bora saber o que a Thali trouxe de lá?

Nossa viagem pelo mundo dos cidadãos europeus chega hoje a uma das capitais mais lindas que eu conheço: Budapeste! É tanta coisa legal que eu não sei nem por onde começar. Mas vamos lá.

Budapeste – Budapest

O centro corporativo, econômico e cultural da Hungria tem quase 2 milhões de habitantes distribuídos em uma área de 525 km2. Sexta maior cidade da União Europeia, Budapeste foi classificada como cidade global alpha (indicador de que a cidade é um ponto importante no sistema econômico global) pela Globalization and World Cities Study Group & Network (GaWC).  Fundada em 1893, essa capital maravilhosa nasceu da união das cidades de Buda, na margem direta do Danúbio, com Peste, que ficava à esquerda. Por sua proximidade com Viena (que fica a apenas 217 km), era considerada a segunda capital do Império Austro-Húngaro, e era lá que Sissi, a famosa imperatriz, sempre ia passear (dizem por aí que ela, na verdade, era amante do primeiro ministro húngaro, mas abafa o caso).

Act like a local in Budapest

Não tem como não pensar em Budapeste como duas coisas distintas, pois a parte de Buda e a parte de Peste são realmente bem diferentes e devem ser aproveitadas também de maneira diferente.

Buda é a parte mais histórica, onde fica o imenso Castelo de Buda, a igreja de São Matias (que é absolutamente maravilhosa), a Citadela, o Bastião dos Pescadores e a famosa casa de banhos Gellert. Esse é o dia em que você deve vestir a carapuça de turista mesmo e fazer os passeios mais usuais (esses todos que eu falei ali em cima), pois são todos pontos obrigatórios e ver tudo isso leva muitas horas. É de Buda, também, que se tem a melhor vista do parlamento húngaro, que é uma das construções mais lindas do mundo. A dica aqui é nunca, jamais, sob hipótese alguma comer, beber ou comprar qualquer coisa no castelo e seus arredores. Passeio pra turista, preço pra turista. Não custa nada dar uma andadinha a mais pelas ruas próximas pra achar restaurantes e lojinhas com preços bem mais camaradas.

Legenda: Oi! Essa sou eu :)
Oi! Essa sou eu :)

Em Peste é que nossa diversão começa! Pra começar, alugue uma bike. Budapeste, como tantas outras cidades da Europa, tem ciclovias em todos os lugares e os motoristas realmente respeitam os ciclistas. Além disso, essa parte da cidade é toda plana (ao contrário de Buda, que é montanhosa), então pedalar por lá é supertranquilo. Depois de visitar o parlamento (que também é parada obrigatória), pegue sua bike e dê umas voltas pelas ruas em torno da praça Erzsébet, ali tem um monte de restaurantezinhos pequenos e caseiros onde você não pode deixar de apreciar algumas das delícias locais, herança do extinto Império Austro-Húngaro: goulasch (uma sopa apimentada feita com pedaços de carne), túrós batyu (uma espécie de pastel recheado com requeijão) para sobremesa e, pra acompanhar, um vinho tinto Egri Bikavér (gente, deu até água na boca!). O restaurante onde eu fui foi indicado por um nativo, que disse que era o lugar onde ele ia “pra relembrar a comida da avó” e era realmente simples e gostoso: o Kisharang, que fica aqui.

o tal goulasch
o tal goulasch

Budapeste também é o lugar onde você vai encontrar os bares mais doidos e divertidos do mundo. Os chamados “ruinpubs” são bares que foram construídos em locais que foram abandonados depois da guerra e onde a decoração se resume a um amontoado de sucatas e velharias das mais diversas que você pode imaginar. Tem pedaços de bicicletas, vinis, cartazes antigos da URSS, manequins, brinquedos, fotos, aparelhos eletrônicos, enfim, de tudo mesmo.

Um dos ruinpubs mais legais para se parar durante o dia (ou seja, durante seu passeio turístico de bike por Peste) é o Kertem, que fica bem no meio do maior parque da cidade, o Varosliget, que é um dos meus lugares preferidos na cidade toda. Com poucos turistas, muitas pessoas locais, cerveja gelada e uma paisagem absolutamente maravilhosa, o Kertem é um lugar bem agradável pra fazer aquela pausa no meio da tarde. Além disso, volta e meia tem música ao vivo por lá (mesmo durante a semana e no meio da tarde!).

Kertem! (Fonte: http://www.kapcsolodj.be/)
Kertem! (Fonte: http://www.kapcsolodj.be/)

Dentro deste mesmo parque tem uma casa de banhos superbadalada, a Széchenyi. Eu confesso que não fui (fui só à Gellert), mas quem foi me garantiu que é bem legal.

Pra fechar o dia (depois que você devolver a sua bike), duas opções. A primeira: conhecer o ruinpub mais antigo da cidade: o Szimpla kert! Aberto em 2002, o pioneiro dos ruinpubs é provavelmente o bar mais maluco a que eu já fui na vida – e simplesmente sensacional! Localizado em um prédio bem antigo e no meio do “nada” (é até estranho o caminho desértico até lá, mas não se assustem, é bem tranquilo!), o Szimpla tem uma série de cervejas locais, drinks dos mais variados e uma decoração completamente doida (e superdivertida). Sempre tem um DJ animando a noite e o ambiente é pra lá de descontraído.

Szimpla (Fonte: https://www.facebook.com/szimplakert)
Szimpla kert (Fonte: https://www.facebook.com/szimplakert)

A segunda opção é para aqueles que gostam de arte e música: um espetáculo na ópera. A ópera de Budapeste é simplesmente linda e os ingressos mais caros custam apenas 60 euros. Isso mesmo. Ou seja: mesmo que você não queira gastar tanto, dá pra assistir a algo bem bacana por 20, 40 euros – um preço, cá entre nós, bastante razoável. Os estudantes de música da universidade costumam comprar os ingressos mais baratos (de 6 euros) pra ficar láááá em cima e estudar a música tocada pela orquestra que geralmente acompanha o espetáculo. Então aqui fica outra dica: se você quiser mergulhar de cabeça na cultura local fazer o mesmo, vá em frente! Certamente vai render algumas conversas interessantes com os músicos.

Act like a local - Budapeste - Opera

Nossa próxima parada é (infelizmente) a última! Encontro vocês na bela capital austríaca. Até lá!

Mais uma cidade pra bucket list, né? :)

Adorei, Thali. Muito obrigada pelas dicas preciosas. Esperamos você (já com saudade) na semana que vem. Tenho certeza que o último post vai encerrar a série com chave de ouro.

Beijobeijo,

Nah.

Act like a local – Bruges e Antuérpia

Na semana passada, iniciamos a série Act like a local – de guest posts produzidos pela minha amiga Thalita Uba (do blog Entretenha-me – corre lá conhecer) – falando sobre Bruxelas, a capital da Bélgica, e sobre o que você, que viaja querendo mergulhar na cultura local, poderia fazer por lá.

Hoje, seguimos viagem e nossa parada é dupla: Bruges e Antuérpia. Como a primeira delas está há milênios na nossa bucket list eu estava super ansiosa para ler esse post. Aí a Thali apresenta uma linda Antuérpia e eu babo. Adorei. Espero que você goste também! :)

Manda ver, Thali!

Continuando nosso passeio pela belíssima Bélgica, chegamos hoje a duas cidades absolutamente maravilhosas, daquelas que parecem “feitas” pra filme, sabe? E nossa primeira parada é conhecida como a “Veneza do Norte” – ou seja, não tem como não ser mágica, né? Bem vindos a Bruges.

Bruges – Brugge

Bruges é uma cidade pequenininha, de menos de 120 mil habitantes, capital da província belga de Flandres Ocidental. Oficialmente uma cidade desde 1128, Bruges já foi um ponto estratégico superimportante para a economia do país, devido aos inúmeros canais que a ligavam a outras cidades da Bélgica e dos Países Baixos, mas desde que o lodo começou a tomar conta do canal principal da cidade (o Zwin), Bruges perdeu prestígio e acabou perdendo o posto para Antuérpia (para onde vamos já, já).

Com a construção do porto de Zeebrugge, utilizado pelas tropas alemãs durante a I Guerra Mundial para atracar seus submarinos, Bruges voltou a atrair a atenção das pessoas, o turismo cresceu e, em 2002, a cidade foi eleita capital europeia da cultura.

Act like a local - Bruges dia

Act like a local in Brugge

Na verdade bem verdade, dentro do centro histórico da cidade (que é a parte que você vai visitar) vivem apenas 20 mil pessoas. Isso significa que quase sempre vai ter mais turistas na rua do que pessoas locais, o que torna a vida de quem quer viver algumas horas como um cidadão de Bruges um tanto complicada. Difícil, mas não impossível.

Pra começar, saiba que a sensação térmica em Bruges é sempre menor que em Bruxelas – por estar mais perto do mar e ventar pra caramba por lá. Então mesmo que esteja calor em Bruxelas, lembre-se da sua mãe e da sua avó e leve um casaquinho. Além do casaco, tenha um mapa da cidade em mãos. Os moradores de Bruges não gostam muito de dar informações, então quanto mais você puder se virar sozinho, melhor. Uma belga amiga minha me disse que, se fosse realmente necessário pedir informação a alguém, era melhor perguntar pro pessoal que faz passeios de charrete – afinal, o trabalho deles é atender os turistas mesmo.

Act like a local - Bruges - charrete

Ao andarilhar pela cidade, uma das mais fofas do mundo (ao menos do mundo que eu conheço), fique atento aos ciclistas – especialmente os locais. Eles têm uma tendência a tentar passar por cima dos turistas. O mesmo vale para as charretes – a maioria dos cavalos parece não conhecer as leis de trânsito e atropelará você sem dó nem piedade. Por fim, vale a mesma regra que eu mencionei em Bruxelas: nada de roubar os copos de cerveja (por mais lindos e diferentes e legais que eles sejam). Isso é coisa de turista.

Agora que você está preparado para andar pelas ruas de Bruges com segurança, vamos a o que você não pode, como um bom belga, deixar de fazer. Os canais que atravessam toda a cidade são, de fato, lindos. Se você não conseguir conter seus instintos de turista, faça o passeio de barco. Mas o “certo” mesmo é você comprar uma cerveja no mercado e ir andar ao longo dos canais, sem pressa, e sem um monte de gente tagarelando e tirando fotos sem parar. Se quiser, compre um guia da cidade e siga a rota sugerida por ele – assim, você vai ficar por dentro da história de Bruges de maneira calma e tranquila, como o clima da cidade pede.

Vale lembrar que a cerveja, como em qualquer outra cidade belga, tem que ser local – senão não tem graça. Suas opções são: Straffe Hendrik, Straffe Hendrik Quadrupel, Brugse Zot, Brugse Bok e Fort Lapin. Eu, particularmente, recomendo a Straffe Hendrik, que é uma delícia e provavelmente a mais “fácil” de agradar diversos paladares.

Act like a local - Bruges - Straffe Hendrik

O pessoal de Bruges adora ficar ao ar livre – e como não adoraria, com um cenário tão lindo? Pra quem gosta de correr, então, a cidade é um prato cheio. Uma corridinha ao redor de Bruges, margeando o muro que circunda a cidade, dá pouco mais que 7 km. Depois de tanto esforço, o negócio é fazer um piquenique pra repor as energias em algum dos pequenos parques da cidade, como o Hof de Jonghe – onde, com sorte, dá até pra ver umas ovelhinhas, superbucólico. É só ir ao mercado, comprar umas cervejas, pães, queijos e chocolates e pronto. Você vai ter uma das refeições mais deliciosas da sua vida (visto que todos esses produtos, lá, são excelentes).

Depois de ir pra casa e tomar um banhinho (né?), é hora de curtir a noite. Em Bruges, é proibido vender bebidas alcoólicas das 23h às 7h, então o negócio é sair cedo. Se estiver acompanhado, vale experimentar um jantar romântico no Du Phare. Para tomar umas cervejas e curtir a “night”, tente o ‘T Poatersgat; para esnobar mesmo, o Zwart Huis; e para quem gosta de história, o Café Vlissinghe, o bar mais antigo de Bruges, de 1515 (quase a mesma idade do Brasil :P ). Todas as opções precisam ser seguidas de um passeio noturno pelos canais, que ficam absolutamente maravilhosos à noite. Depois de aproveitar as delícias desse pequeno pedacinho do céu, no dia seguinte seguimos para Antuérpia, a segunda maior cidade da Bélgica.

Fonte: Fonte: www.nationalgeographic.nl
Fonte: Fonte: www.nationalgeographic.nl

Antuérpia – Antwerpen

Com cerca de 500 mil habitantes, Antuérpia é a cidade mais populosa da Bélgica e tem um dos portos mais importantes do mundo. Conhecida como centro mundial de lapidação de diamantes, aqui são negociados nada menos que 80% dos diamantes brutos e 50% dos diamantes lapidados do mundo(!). O nome da cidade tem origem em uma lenda segundo a qual um gigante chamado Antigoon, que morava perto do rio Escalda, cobrava um pedágio daqueles que queriam atravessar– os que se recusavam, tinham as mãos cortadas e jogadas no rio. Eventualmente, o gigante foi morto por um jovem herói chamado Brabo, que conseguiu cortar a mão do gigante e a atirou no rio. Daí o nome Antwerpen, do holandês werpen (mão) e wearpan (arremessar).

Act like a local - Antuerpia

Act like a local in Antwerpen

Muita gente costuma tratar Antuérpia apenas como uma parada entre Paris e Amsterdam. Um bando de bobos, pois Antuérpia é uma das cidades mais agradáveis e bonitas que eu conheço. São mais de 400 bares na segunda cidade mais internacional do mundo, com moradores (registrados) de 168 nacionalidades (ficando atrás apenas de Amsterdam, com 177). Ou seja, é uma cidade, no mínimo, interessante!

A primeira coisa a se fazer em Antuérpia é alugar uma bicicleta. 90% da população local anda de bike (tá, estou exagerando, mas é gente pra caramba mesmo) e, como a cidade é toda plana, é simplesmente uma delícia pedalar por lá. E, ao contrário do pessoal de Bruges, que tem certa preguiça em ajudar os turistas, as pessoas de Antuérpia são super solícitas – também, com tanto estrangeiro morando lá, acho que elas não têm muita escolha. :) De qualquer forma, é bem fácil andar pela cidade, que tem ruas bem cuidadas e onde o ciclista é quem manda.

Act like a local - Antuerpia-

Os belgas de Antuérpia também são apaixonados pelo sol. Basta que um raio de luz apareça entre as nuvens para que todos estejam andando pelas ruas, aproveitando os bares e as praças da cidade. Andar de bike ao longo do rio Escalda é absolutamente delicioso. Aproveite para fazer esse trajeto quando for ao Museum aan de Stroom (MAS) – que é parada obrigatória em Antuérpia. Ninguém pode deixar de ir até o topo do museu pra ter uma vista 360º maravilhosa da cidade (até os belgas vão, mesmo que só pra tomar uma cerveja e jogar conversa fora, apreciando a vista).

Além do museu, não deixe de ir, também, à estação de trem da cidade, uma das mais bonitas da Europa. Mesmo que você não vá pegar trem algum, vale a pena só pela arquitetura do lugar – e, de quebra, você faz um belíssimo passeio pela cidade, pois o caminho entre o museu e a estação é lindo.

Fonte: www.visitflandres.us
Fonte: www.visitflandres.us

Um dos melhores programas é, sem sombra de dúvidas, escolher um dos bares próximos à Groen Plaats (a maior praça da cidade) e sentar-se às mesinhas da área externa, apreciando o sol e todos os artistas de rua que tomam conta da cidade. Uma sugestão é o Café Pelikaan, um dos pontos mais badalados recomendados pelo pessoal local. Pra quem gosta de jazz, o De Muze é uma boa opção (aos domingos, tem shows de jazz ao vivo a partir das 15h).

A cerveja local, é claro, não pode faltar. Então qualquer que seja o bar aonde você vá, peça uma Bolleke Koninck, a cerveja de Antuérpia. Para aqueles que querem experiência cervejeira mais “completa”, vale ir ao ‘T Pakhuis, onde eles fabricam a própria cerveja e dá pra dar uma espiada na microcervejaria que fica dentro do bar. Eles têm, também, uma porção de queijos locais deliciosa pra acompanhar a bebida.

Act like a local - Antuerpia - Bolleke Koninck

Por fim, se você é uma pessoa baladeira e que gosta de festas de arromba, vai adorar Antuérpia. O pessoal de lá vive organizando festas em lugares diferentes, basta perguntar pra galera do Café Normo que eles provavelmente saberão onde rolará o próximo festerê. E se você estava triste por não ter comprado souvenires em Bruxelas, pois estavam muito caros, seus problemas acabaram! Tudo é bem mais barato aqui – inclusive aqueles copos de cerveja lindos da Kwak e da La Corne, que vocês viram no post passado (menos da metade do preço de Bruxelas). Bora gastar esses euros aí!

Semana que vem, deixaremos esse pequeno e lindo país para nos aventurar por uma das capitais mais lindas da Europa (eu diria até do mundo): Budapeste. Não vá perder!

Budapeste? Outra da bucket list. Não perco por nada. E você? ;)

Act like a local – Bruxelas

No mês passado, enquanto minha amiga Thalita Uba fazia uma super euro trip eu cuidava da área cervejeira do blog dela – o Entretenha-me. Na mala de volta da viagem a Thali trouxe um presente pra você que lê o Pra Ver em Londres: uma série suuuper legal de posts sobre algumas das cidades que visitou – e que estão na nossa bucket list. \o/

O primeiro você confere hoje. Com vocês, Thalita Uba!

Salve, salve, digníssimos leitores do Pra Ver em Londres! Depois da brilhante passagem da minha querida Natasha pelo Entretenha-me durante a minha ausência (não conhece o blog? Ixi, então corre lá), chegou a minha vez de retribuir as dicas excelentes que ela deixou por lá (aliás, quem não viu devia aproveitar o embalo e ver agora aqui, aqui, aqui e aqui).

Pra quem não me conhece, sou a Thalita Uba – jornalista, tradutora, editora de livros, crítica de cinema do Literatortura, “mãe” do Entretenha-me e globe-trotter nas horas vagas, o que me traz (finalmente) a o que eu vim fazer aqui.

O Act like a local vai ser uma pequena série em que esta que vos escreve vai dar algumas dicas para quem, como eu, gosta de viajar pra se inserir de corpo e alma na cultura local, conhecendo pessoas locais, frequentando os lugares aonde elas costumam ir, comendo o que elas comem, bebendo o que elas bebem, enfim, agindo como um local! Então se você também gosta de fingir – mesmo que apenas por alguns dias – ser cidadão de um outro país, welcome aboard!

Bruxelles – Brussel – Bruxelas

Bruxelas é a capital da pequenina Bélgica – um dos menores e mais fofos países da Europa – e capital oficial, vejam só, da União Europeia. Com uma população de 145 mil habitantes e uma área de 161 km2, é uma cidade que dá para conhecer em poucos dias (e aproveitar para conhecer outras cidades próximas, como Bruge e Antuérpia), mas que tem muitas coisas legais (e gostosas) para fazer (e comer e beber!).

O maior cartão postal da cidade é, sem sombra de dúvidas, a Grande Praça (La Grand-Place, em francês, e Grote Markt, em holandês – os dois idiomas oficiais do país), onde fica uma série de construções góticas deslumbrantes (dentre elas, a residência do rei e a câmara municipal). Já viram, alguma vez, uma foto de uma praça bem grande com um tapete de flores gigante? Então, é lá (só que esse tapete é colocado só a cada dois anos, geralmente em agosto).

Imagem retirada do site do jornal Zero Hora
Imagem retirada do site do jornal Zero Hora

Act like a local in Bruxelles/Brussel

A Bélgica, no geral, é bastante famosa por duas coisas: a cerveja e o chocolate (ou seja, o país é praticamente o paraíso!). Então pra ser um bom belga, é preciso, em primeiro lugar, ser um bom bebedor (pra não sair do bar caindo na sarjeta que nem turista sem-noção). Além disso, como Bruxelas (tal qual todas as outras cidades da Bélgica) é uma cidade bastante pequena, você certamente vai fazer quase tudo a pé, então pode tirar seu scarpin salto 12 e botar o bom e velho tênis no pé. Por fim, não vale ser enjoado. Mesmo. Aquele papo de que as pessoas não usam desodorante, que tem rato nos restaurantes e que eles não lavam as mãos pra fazer sua comida é tudo verdade. E ninguém morreu por isso ainda, então comece a ser um bom belga agora e deixe o nojo de lado antes de ir pra Bruxelas.

Chegando lá, você obviamente vai visitar todos os pontos turísticos “obrigatórios”, como a praça central, o Atomium (a “torre Eiffell” dos belgas), a Galeria Hubert, a catedral, o palácio, a ópera, o jardim botânico e até aquele famigerado menininho que faz xixi (o Manneken Pis), uma das coisas mais sem graça que eu já vi na vida. (Aliás, prepare-se para se perder nas inúmeras ruelas estreitas rodeadas de lojas e restaurantes porque você vai se perder, pode ter certeza).

Mas depois de ter feito esse turismo “obrigatório”, você pode começar a se inserir na cultura local indo comprar chocolate nas lojinhas em que não tem ninguém. Isso mesmo: belga mesmo não compra Godiva e Cote D’Or (isso é coisa de turista trouxa :P), prefere comprar marcas locais menos famosas mas igualmente boas e bem mais em conta. São inúmeras as lojas que vendem chocolates de todos os tipos e sabores em “blocos” bem mais generosos que aquelas caixinhas com meia dúzia de bombons. Vejam só:

chocolates

Deu água na boca, né? Mas guarde esses pra sobremesa, que antes você não pode deixar de comer um suculento hambúrguer gourmet acompanhado das típicas batatas com maionese belgas – que é o que muitos belgas comem no almoço e é absolutamente delicioso (mas cuidado! Os hambúrgueres são enormes e super recheados, comer sem fazer lambança é uma façanha e tanto!).

hamburguer e batatas

Para coroar tudo, uma cerveja local – mas tem que ser a cerveja certa! Nada de trapistas para acompanhar a comida – para os belgas, as trapistas devem ser bebidas naqueles momentos em que você está no bar, tarde da noite, com os amigos, reclamando do chefe. Para acompanhar a refeição, melhor optar por uma cerveja de trigo ou, melhor ainda, uma Kriek – cerveja tipo Lambic maturada com uma frutinha chamada amarena (para os que preferem algo mais docinho, tem também as Framboise, que são maturadas com framboesas) –, que é algo super belga.

lindemans kriek e framboise

À noite, muitos dirão pra você ir ao bar da Delirium (uma das maiores cervejarias belgas, cujo logo é um elefante rosa), que fica na badaladíssima Rue des Bouchers (bem no meio da Galeria Hubert). É uma cilada, Bino! Digo, se você gosta de gente demais, barulho demais, calor demais, enfim, aquela muvuca generalizada, vá em frente – é, definitivamente, o point dos turistas baladeiros. Mas pra quem quer vivenciar a cultura local, o melhor mesmo é tentar os bares que ficam pro lado da Bolsa de Valores – que é pra onde a galera local vai pra fugir dos turistas. Lá, você vai encontrar um monte de bares e boates bem legais e que têm as mesmas opções de cerveja que a Delirium (tá, não tem tantas, mas ninguém vai tomar mais de 300 tipos de cerveja numa noite mesmo). Não deixe de tomar a Kwak e a La Corne, que vêm em copos superdivertidos, além das trapistas (são seis, ao todo).

kwak e la corne

Por fim, se você quiser mesmo não passar recibo de turista, lute contra aquela vontade irresistível de roubar os copos. Ao invés disso, procure-os no mercado de pulgas, na Place du Jeu de Balle, que também é bem legal. Se não achar, tudo bem, renda-se e compre nas lojinhas de souvenires mesmo – mas se por acaso for à Antuérpia, deixe pra comprar lá, que é bem mais barato.

Nossa próxima parada, aliás, é lá mesmo, Antuérpia, com uma passada por Bruge. Até lá!

YEY, obrigada pelo ótimo primeiro post da série, Thali. Eu adorei, e você aí? :)

Tem dúvidas sobre Bruxelas ou quer pedir alguma coisa em específico sobre Bruge ou Antuérpia? Deixa um comentário, vai. A gente agradece. ;)

Beijobeijo,

Nah.