A pouco mais de duas horas de carro de Londres fica um desses lugares mágicos do planeta: Cotswolds, um pedaço do Reino Unido que parece que não acompanhou a passagem do tempo.
É verdade que até mesmo em Londres, caminhando por um beco qualquer de uma parte antiga da cidade, você pode sentir que está vivendo no passado, mas a magia do Reino Unido medieval se revela pra valer nos milhares de vilarejos do interior do país. E quando você chega em Cotswolds tudo que sempre imaginou se materializa à frente de seus olhos. A Inglaterra dos contos de fadas e histórias macabras está diante de você. É tudo e (muito) mais do que você imagina.
Essa imagem medieval que o Reino Unido “vende” (e entrega!), aliás, sempre esteve presente no meu imaginário e foi motivo de inspiração para visitar o país e sonhar com a vida simples em um vilarejo qualquer. E os dias que passamos em Cotswolds no fim do ano passado me fizeram ter certeza de que muita, mas muita gente mesmo, faz parte desse time também. Uma prova disso é que batemos recordes de likes no Facebook e no Instagram e views no Snapchat (onde somos praveremlondres), além de suspiros, corações e comentários como “@fulano, vamos morar lá?” nos cinco dias que passamos explorando a região e compartilhando nossa visão de lá nas redes sociais.
Talvez eu esteja exagerando (duvido), mas gostaria de ouvir alguém falar que explorou os vilarejos de Cotswolds e não gostou. Me pergunto qual seria a razão…
Voltamos de lá apaixonados e com muita vontade de convencer você a programar uma viagem parecida com a nossa.
Assim, iniciamos hoje uma série de posts que vai contar em detalhes tudo que vimos, fizemos e vivemos. Para começar, apresento algumas das razões que eu destacaria se você me perguntasse por que vale a pena visitar Cotswolds…
1 – Conhecer o Reino Unido além de Londres
Londres é, disparada, a cidade que mais recebe turistas brasileiros no Reino Unido. Se você gosta de estatísticas, recomendo que leia um post sobre o perfil do turista brasileiro no Reino Unido.
O domínio é justo e óbvio, afinal, estamos falando de uma das cidades mais incríveis do planeta. Mas há de se fazer justiça com o interior, muitas vezes ignorado pelos turistas – o que é compreensível, afinal, Paris é logo ali. =)
Porém, se você quer conhecer um país completamente diferente do que a Inglaterra demonstra ser em Londres, considere a esticar sua viagem para alguma região do interior. Se a ideia lhe parecer boa, estude Cotswolds com muito carinho. Eu espero que ao fim do post você entenda por quê.
2 – Se apaixonar por todos os vilarejos que conhecer
A gente caminhou por não menos do que dez vilarejos nos cinco dias que passamos na região, e todos eram incríveis!
Por mais que role um certo padrão no mix arquitetônico que predomina em terras bretãs – que começa com a inspiração romana (fortemente presente na City of London e em Bath) e atravessa alguns reinados e dinastias que deixaram um grande legado na característica de construções seculares (anglo saxões, tudors, períodos georgeano e vitoriano) –, cada cidadezinha tem um charme especial.
Os detalhes – pequenos ou grandes – sempre impressionam. Seja o cenário composto por um rio e a ponte que o “corta”, por ruas estreitas cheias de curvas, um mercado medieval, uma vista para o campo, a fumaça saindo da pequena chaminé dos cottages ou a lenha na varanda…
(Se fosse a Nah escrevendo esse texto, provavelmente você veria vários coraçõezinhos nessa descrição!)
3 – É fácil de chegar e de se locomover
Cotswolds, que fica no centro oeste da Inglaterra, se estende por uma distância aproximada de 140km de norte a sul e 45km de leste a oeste. No meio disso, centenas de vilarejos e estradinhas rurais. De Londres, são pouco mais 140km de distância, ou duas horas de estrada. Estando na região, em alguns casos, menos de cinco minutos de carro separam um vilarejo de outro.
Uma boa dica para aproveitar bem seus dias é fazer um roteiro prévio com alguns lugares que quer conhecer, mas deixar brechas para se perder – acredite, muitas vezes você vai ter vontade de virar à esquerda, apesar de seu destino estar à direita. Não lute contra essa vontade! Quem sabe você encontra, ao acaso, uma igreja do século XI só pra você…
4 – Conhecer uma igreja do século XI
Pois é, essa foi uma das coisas mais legais que rolou nessa viagem!
De repente, pegamos uma saída errada em uma rotatória e demos de cara com uma plaquinha indicando o caminho para a St Nicholas Church, construída no século XI. Tocamos pra lá sem pensar duas vezes.
A surpresa foi grande quando vimos que a porta estava encostada e não tinha absolutamente ninguém lá dentro – e nem num raio de 2km! Era 21 de dezembro e nossos companheiros de estrada eram chuva e vento. Ficamos um bom tempo dentro desse tesouro, “ouvindo” o silêncio e imaginando como seriam as celebrações nos séculos passados (se bem que ainda rolam missas lá até hoje!).
Vamos contar melhor sobre essa igreja em um próximo post, mas saiba que ao passear por Cotswolds experiências como essa farão parte da jornada. Por isso, lembre-se da dica de planejar um roteiro com margem para essas escapadas.
5 – Dirigir por estradas absurdamente lindas
Dirigir por Cotswolds foi um de nossos pontos altos de 2015!
Estradas rurais, com vacas e ovelhas às margens, que contornam vilarejos medievais, horizontes de se perder de vista, florestas e ar puro compõem a road trip dos sonhos. Em diversos momentos, entre um vilarejos e outro, parávamos para fotografar e tudo o que ouvíamos era o barulho dos galhos das árvores agitados pelo vento forte enquanto uma chuva fina caía. Aliás, uma das vantagens de viajar no inverno pelo interior da Inglaterra é que apesar do frio e dos dias curtos, você vai ver poucos turistas e terá tráfego livre. Always look to the bright side of life.
6 – Ficar com vontade de mudar pra lá umas 200 vezes durante a viagem
É sério! Em todos as cidades que paramos ficávamos imaginando como seria morar ali, em uma casinha de pedra com lareira, gatinhos correndo de um lado pro outro e um jardim florido.
Esse exercício de imaginação é legal. Talvez – ou, melhor, provavelmente – mudar para Cotswolds agora seja completamente inviável, mas ao “ver” esse futuro você liga um botãozinho no cérebro e passa a refletir sobre outras mudanças que pode fazer na sua vida. Viajar tem disso.
7 – Sentir-se em um conto de fadas
Cotswolds poderia ser o cenário perfeito de um filme da Disney (deu para perceber pelas fotos?). Os vilarejos parecem de mentira. Lembro de um comentário que recebemos no Instagram dizendo que é surreal imaginar que pessoas, de fato, vivem ali. É tudo muito perfeitinho.
8 – Ou em um filme de terror
A mesma lógica vale para o horror. O cenário medieval inspira um conto macabro. A foto abaixo, por exemplo, é do cemitério que fica em frente à igreja que comentei há pouco. Nesse dia, só estávamos nós dois ali. Não seria um bom lugar para o início de um filme sobre o apocalipse zumbi?
(Comentei isso no momento e a Nah me pediu para irmos embora logo. Pra você ver…)
9 – Perceber o amor dos britânicos pela cerveja
Se você visitar um pub e pedir uma cerveja local em um vilarejo qualquer de Cotswolds e, depois, viajar por 20km até outra cidade (sem dirigir, claro!) vai, muito provavelmente, encontrar uma cerveja local diferente. A real ale é um dos maiores orgulhos desse país. E ao viajar por seu interior isso fica evidente.
Talvez você nem goste de cerveja, mas se ver, viver e entender a cultura de um povo é algo que busca quando viaja, saiba que a cerveja é um aspecto importantíssimo desse país. Repare os rótulos locais nos balcões dos pubs. E se beber, não dirija!
10 – Comer um full english breakfast artesanal
Tenho um segredo a confessar: foi em Cotswolds que comi o Full English Breakfast pela primeira vez na vida.
Nunca foi o café da manhã dos meus sonhos, confesso. É de alguém? Mas nesse dia decidi comer porque a descrição do prato no cardápio do charmoso café Huffkins, em Burford, me convenceu. Falava sobre a origem dos ingredientes utilizados no prato (boa parte, orgânicos e vindos de pequenos produtores da região).
Você já ouviu falar da filosofia Slow Food, que surgiu na Itália nos anos 1980 e tem a ver com reduzir o passo, viver melhor, apreciar melhor os alimentos e priorizar produtos e produtores locais? A experiência que tive ali tem muito a ver com isso! E foi sensacional. Dava pra sentir o sabor dos alimentos (não era uma coisa industrial, sabe?) e não era “ogro” como normalmente é.
11 – Hospedar-se em um pub
Por duas noites dormimos em um “Inn“, que é o meio de hospedagem mais comum no interior da Inglaterra. Você vai ver dezenas deles ao longo de sua viagem.
Basicamente, trata-se de um pequeno hotel, geralmente em uma grande casa georgeana. No térreo fica o pub, sempre supertradicional e com a ale local a sua espera. Aí você abre uma porta no canto do pub, sobe um lance de escadas está em frente ao seu quarto. That’s the dream, já diria Barney Stinson (How I met your mother freak detected!)
12 – Conhecer a cidade de William Shakespeare
Stratford-upon-Avon é uma das cidades mais ao norte de Cotswolds e uma das mais famosas da região, muito em razão de seu cidadão mais ilustre. William Shakespeare lá nasceu e, depois de ter feito história em Londres e ganhado o mundo, hoje descansa em sua cidade natal – que é um prato cheio para os amantes de sua obra. Nos próximos posts a gente vai falar mais sobre ela.
Leia o post sobre o Shakespeare’s Globe, teatro que mantém Shakespeare “vivo” em Londres
13 – Pedalar e fazer parte do cenário de Cotswolds
Um de nossos dias em Cotswolds foi dedicado a pedalar.
Ficamos quatro horas rodando de bike por estradas rurais com pouco tráfego, ciclofaixas exclusivas e vielas em meio a cottages nos vilarejos. Foram 50km de estrada no total a partir de Stratford-upon-Avon até Chipping Campden e passando por outros vilarejos.
Uma das coisas mais legais do cicloturismo é que você diminui a velocidade da viagem, aprecia melhor os cenários e se sente mais próximo do lugar em que está, o que também tem a ver com o Slow Food. Fazer mais viagens de bicicleta, aliás, é um de nossos projetos para 2016.
E aí, vai concordar comigo?
Nas próximas semanas vamos contar em detalhes a viagem em diferentes posts.
Contaremos sobre como foi pedalar em Cotswolds, quais cidades visitamos, onde nos hospedamos e daremos boas dicas para você organizar sua viagem e aproveitar ao máximo esse pedacinho do paraíso, seja em uma day trip a partir de Londres ou em alguns dias.
No tópico número um desse texto eu falei que esperava que ao final você pudesse concordar comigo sobre colocar Cotswolds como opção para conhecer no Reino Unido além de Londres. Deu certo? :)