Saint-Émilion: vilarejo medieval francês que roubou meu coração

Ruas de pedra, vias estreitas, (bela) arquitetura padronizada, lendas antiquíssimas que tornam tudo ainda mais interessante, muita história, uma vista do alto de tirar o fôlego, comida deliciosa, vinhedos para todos os lados (e excelentes vinhos em todos os lugares), povo acolhedor, gatinhos circulando livremente… Motivos para se apaixonar por Saint-Émilion não faltam! saint emillion - vilarejo perto de bordeaux-4

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saint emillion - vilarejo perto de bordeaux-5 A gente precisou de um dia e meio na pequena cidade em que parece que o tempo parou para incluí-la na nossa lista de preferidas da vida (AHAM!). E as experiências que vivemos lá contribuíram muito para isso. É sobre elas, aliás, que eu falo hoje. :)

→ Esse é o segundo post sobre essa viagem. O primeiro, em que João contou o que fizemos no primeiro dia que passamos em Bordeaux, está aqui.

Um tour a pé guiado em um patrimônio mundial da UNESCO

Vou ser bem sincera com você: nossa passagem por Saint-Émilion começou com uma decepção!

Deixamos Bordeaux na sexta-feira pela manhã achando que chegaríamos ao pequeno vilarejo medieval francês que é considerado um patrimônio mundial da UNESCO pela sua paisagem repleta de vinhedos e faríamos um passeio de bicicleta pela região. As bikes já estavam reservadas e a gente estava bem ansioso.

Tínhamos explorado a região de Cotswolds (interior da Inglaterra) de bike poucas semanas antes e tínhamos curtido MUITO. Não víamos a hora de fazer o mesmo em Saint-Émilion... :( --> Começamos a contar as histórias da nossa trip para Cotswolds neste post.
Tínhamos explorado a região de Cotswolds (interior da Inglaterra) de bike poucas semanas antes e tínhamos curtido MUITO. Não víamos a hora de fazer o mesmo em Saint-Émilion…
–> Começamos a contar as histórias da nossa trip para Cotswolds neste post.

Porém, logo nos primeiros quilômetros de viagem (Saint-Émilion está a cerca de 40km distante de Bordeaux – no fim do post tem informações práticas para você chegar lá), uma chuva insistente começou a cair, e nossa animação foi junto. Afinal, no céu, sinal nenhum indicava que podíamos ter esperanças. Para todos os lados que olhávamos só víamos nuvens cinzas.

Assim que estacionamos o carro no nosso destino final concluímos que o plano B teria que ser colocado em prática. E qual era esse plano? Um city tour guiado!

Quer coisa melhor do que se perder para se encontrar nessas ruazinhas cheias de charme, né?
Quer coisa melhor do que se perder para se encontrar nessas ruazinhas cheias de charme?

Em pouco tempo, o que era frustração virou satisfação. #tudumpá

Audrey, nossa guia, uma local de vinte e poucos anos que fez intercâmbio no Canadá e falava um inglês impecável, sabia MUITO sobre a cidade e estava mais do que disposta a contar tudo pra gente.

Com seu guarda-chuva na mão, no maior estilo Mary Poppins, ela iniciou o tour nos fundos do escritório de turismo da cidade, onde ficava uma bela igreja que foi erguida entre os séculos XI e XV.

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Em um 1h30 de passeio, Audrey nos levou para conhecer o local onde o padroeiro do município viveu e construiu sua fama de santo (tá certo que tem quem questione suas histórias, mas que elas são bacanas é inegável), nos apresentou a bela igreja monolítica (ou seja, lapidada a partir de uma grande pedra! – é, chocante!) que é uma das principais atrações da cidade (mais informações a seguir), contou várias curiosidades sobre Émilion, mostrou uma rua perfeita para quem quer jogar a madrasta ladeira abaixo (calma, é uma brincadeirinha! :), nos levou para explorar construções subterrâneas que datam do século VIII (sim, OITO!) e muito, muito mais.

Selecionei algumas fotos para contar algumas das histórias que ouvimos…

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Este aí é o santo que dá nome a esse apaixonante vilarejo medieval francês.

Segundo nossa guia, Émilion era um monge britânico que deixou para trás sua família para se dedicar à causa dos pobres e da religião. Existem algumas lendas a respeito da história dele, até hoje sobrevive uma que diz que a mulher que se senta em seu oratório, nas catacumbas em que fica essa imagem, engravida pouco tempo depois. A Audrey nos contou que o escritório de turismo da cidade recebe centenas de cartas por ano de mulheres que comprovam o “milagre”. Diz que tem muita gente que viaja por diiiias para colocar nas “mãos” do santo o seu futuro materno. E aí, você acredita nisso?

saint emillion - catacumbas

Você tem noção de que essa construção é SUBTERRÂNEA? A estrutura impressiona.

E esse é apenas um pequeno pedaço da Saint-Émilion que existe “debaixo da terra” e que só é possível visitar com a ajuda de um guia. A Audrey, guia que nos acompanhou, tinha as chaves das impressionantes galerias subterrâneas e nos revelou que essa é a maior construção desse tipo da Europa. Uma pena que tudo é muito escuro por lá e as fotos não conseguem registrar toda a suntuosidade desses “segredos” de Saint-Émilion.

Também no "underground" de Saint-Émilion, há uma igreja com ícones pagãos, arquitetura que mistura traços góticos com traços romanescos, enfim, uma mistura de "linhas de pensamento".

Também no “underground” de Saint-Émilion, há uma igreja com ícones pagãos, arquitetura que mistura traços góticos com traços romanescos, enfim, uma mistura de “linhas de pensamento”.

A chuva nos acompanhou durante todo o percurso, mas isso não foi um problema. Diversas das paradas eram cobertas, estávamos vestidos apropriadamente (aliás, muito importante passear por lá de tênis, já que o terreno é irregular, tem bastante subida e descida e, com chuva, os paralelepípedos ficam bem escorregadios) e o papo estava extremamente interessante.

Foi muito, muito legal. <3 Recomendo sem pensar duas vezes. É uma ótima forma de explorar a cidade e ver as coisas passarem a fazer sentido diante dos seus olhos. Uma boa guia faz toda a diferença. :)

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A igreja monolítica e os tesouros que seu “underground” guarda. Quer entrar aí nessas portinhas e ver o que a gente viu? Só pode se estiver acompanhado de um guia. Justo. Afinal, só assim é possível conservar tanta história!

Adultos pagam 13€ (22€ por casal), estudantes e adolescentes entre 12 e 17 anos pagam 10€ e crianças até 12 anos, acompanhadas dos pais, não pagam. Todos os detalhes sobre datas e horários (e também o link direto para reservas) estão aqui. É importante dizer que os tours são guiados apenas em inglês e em francês – e é preciso reservar com antecedência (até porque nem todos os tours acontecem durante o ano inteiro).

E esse não é o único tour guiado que você pode fazer em Saint-Émilion. Neste link estão todas as opções de tours oficiais do bureau de turismo local. Vale a pena dar uma boa olha na lista (que inclui opções para famílias, mais voltadas para o lado histórico, para quem quer saber mais sobre os famosos vinhos da região e assim por diante) antes de decidir qual tour fazer, até pra não se arrepender da escolha depois. ;)

Minha dica? Faz uma listinha com o que você considera mais importante em um tour, cruza os prós e contras de cada opção e manda ver na sua decisão. :)

Uma boa análise SWOT pode ajudar bastante!

Essa é uma ferramenta de gestão que sempre usamos quando estamos indecisos sobre o que fazer em nossas viagens. Basta listar forças e fraquezas, oportunidades e ameaças de cada opção a ser analisada e ver qual tem mais pontos fortes do que fracos. Dessa forma, as chances de errar em uma decisão são consideravelmente menores. ;)

SWOT

Comida que aquece a alma

No fim do tour guiado, Audrey nos levou para almoçar no Chai Pascal.

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Nossa mesa era a única que está vazia na foto. :)

Passava de meio-dia e meio e o salão estava lotado. A maître nos revelou qual era o prato do dia e todos acatamos sua sugestão: uma carne de panela que, segundo as duas, era um prato típico da região.

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Momento blogueira fail: não lembro o preço dos pratos, mas come-se bem com cerca de €25 por pessoa lá.

Para acompanhar, pedimos uma taça do “vinho da casa”, que por essas bandas do mundo é sempre uma excelente pedida.

Fazia um frio danaaaaado naquele dia e a comida não apenas nos alimentou e aqueceu as pancinhas, mas emocionou, sabe? Era tudo simples e delicioso – além de o ambiente ser bem agradável. Saímos de lá satisfeitíssimos e prontos para o momento mais esperado da viagem para Saint-Émilion: o tour pelas vinícolas. \o/

A incrível experiência de beber um bom vinho direto da fonte

A chamada “Grande Saint-Émilion”, que abrange o vilarejo de mesmo nome e outras oito pequenas cidades ao redor, tem 7846 hectares de terra dedicados ao plantio de uvas para vinho, o que equivale a uma área de 78.46 km2 só de vinhedos. <3

No total, são 820 châteaux produzindo vinhos da melhor qualidade.

Infelizmente, a gente não escolheu a melhor das épocas para visitar Saint-Émilion. Em janeiro, as parreiras estava todas "peladas" - além de o clima estar frrriiiooo e bem cinza. Fecha os olhos e imagina esse cenário lá por maio, em que tudo está verdiiinho e carregado de uva. <3
Infelizmente, a gente não escolheu a melhor das épocas para visitar Saint-Émilion. Em janeiro, as parreiras estavam todas “peladas” – além de o clima estar frrriiiooo e bem cinza. Fecha os olhos e imagina esse cenário lá por maio, em que tudo está verdiiinho e carregado de uva. <3

Por isso mesmo, o que não faltam por lá são opções de tour para conhecer alguns dos produtores da região (dá uma olhada nesse link e nesse também para entender do que eu tô falando). Nossa programação incluía a visita a duas vinícolas: Lapelletrie e Toinet-Fombrauge. chateau lapelletrie - saint emillion_

Em ambas fomos recebidos pelos donos, que nos contaram um pouco da história do château e sobre os vinhos que produzem, apresentaram sua estrutura de produção, falaram sobre a distribuição (os dois vendem na França e em alguns outros países da Europa, infelizmente não é possível encontrá-los no Brasil) eeee… serviram seus vinhos para que a gente pudesse degustar! \o/

No Château Lapelletrie, quem conduziu a visita e nos serviu uma taça de seu vinho safra 2014 foi Anne Biscaye, que é hoje quem cuida da vinícola que foi inaugurada por seu avô, Pierre Jean, em 1930!
No Château Lapelletrie quem conduziu a visita e nos serviu uma taça de seu vinho safra 2012 foi Anne Biscaye, que é hoje quem cuida da vinícola que foi inaugurada por seu avô, Pierre Jean, em 1930!

As duas visitas foram muito legais. Na primeira, exploramos até uma cave subterrânea, sem luz e com morcegos. Haha

A cave em si não está mais em uso, hoje eles modernizaram o processo e os barris ficam em uma área menos roots, digamos assim. De qualquer forma, foi muito legal ver a evolução do processo de produção e saber como era quando o avô de Anne era o responsável pelo plantio, colheita e produção dos vinhos. :)

Anualmente, a Lappelletrie produz cerca de 65000 garrafas de vinho. A uva plantada nos cerca de 12 hectares de terra do châteaux é a Merlot.
Anualmente, a Lappelletrie produz cerca de 65000 garrafas de vinho. A uva plantada nos cerca de 12 hectares de terra do châteaux é a Merlot.
Uma história legal: viu que o rótulo da garrafa da foto anterior tinha o desenho de uma árvore? Então, a inspiração para o desenho é essa aí. Uma árvore plantada pelo avô de Anne no início da história do château Lappelletrie, lá nos anos 30. Legal, né?
Uma história legal: viu que o rótulo da garrafa da foto anterior tinha o desenho de uma árvore? Então, a inspiração para o desenho é essa aí. Uma árvore plantada pelo avô de Anne no início da história do château Lappelletrie, lá nos anos 30. Legal, né?

Mas o mais louco aconteceu no segundo château, o Toinet-Fombrauge.

Essa vinícola tem uma área de 7 hectares de terra para plantio de uva para vinho e utiliza esse espaço para produzir 60% Merlot, 25% Cabernet Franc e 15% Cabernet Sauvignon. Preocupados com a qualidade dos caixos selecionados, a colheita é feita inteira manualmente. No outro château, parte da colheita é manual e parte é automatizada.
Essa vinícola tem uma área de 7 hectares de terra para plantio de uva para vinho e utiliza esse espaço para produzir 60% Merlot, 25% Cabernet Franc e 15% Cabernet Sauvignon. Preocupados com a qualidade dos cachos selecionados, a colheita é feita inteira manualmente. No outro château, parte da colheita é manual e parte é automatizada.

Lá, o dono, Bernard Sierra, abriu um barril em que a safra de 2014 “envelhecia” e nos serviu uma taça direto dali.

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chateau toinete fombrauge - saint emillion_

GENTE, foi um dos melhores vinhos que eu já tomei na vida. Era muito, muito bom (pode ser que eu estivesse emocionada demais, porque a experiência em si já era muito legal, mas lembro com carinho daquele primeiro gole. haha).

Depois da tacinha de degustação, eu não resisti e perguntei: “amigo, rola a gente comprar uma garrafa?”.

Ele fez uma firula, disse que o vinho não estava pronto, que precisava de mais uns meses, que a garrafa nem tinha rótulo ainda, pensou, pensou e pensou mais um pouco até dizer: “€20!”

Foi uma daquelas compras emocionais, sabe? Já compramos vinhos exceleeeentes por bem menos do que isso. Mas não dava pra resistir.

Vimos ele encher nossa garrafinha lisinha, sem informação alguma, colocamos ela embaixo do braço e partimos para o bed and breakfast que seria nossa hospedagem naquela noite prontos para beber aquele vinho até o último gole. #glup

chateau toinete fombrauge - saint emillion_-3

La Gomerie: é hotel, mas bem que podia ser casa

Até aqui, o dia tinha sido frenético.

Pegamos a estrada às 9h da manhã. Chegamos em Saint-Émilion e fomos direto para o city tour. Almoçamos e fomos direto visitar os châteaus. Com alguns mililitros de vinho no sangue e cansada por causa do dia puxado (não tô reclamando, pelamor, foi puxado, mas foi incrível!), tudo o que eu queria era tomar um banho e dar uma descansadinha/trabalhadinha (pois é, era preciso) antes do jantar.

Por isso, ainda de dentro do carro, dei um suspiro quando avistei o La Gomerie…

La Gomerie- hospedagem em saint emillion_-4

saint emillion - la gomerie

Casinha de pedra, cachorro correndo de um lado pro outro, os filhos dos donos (Maryjoe e William, um casal pra lá de gente boa) brincando na porta de casa, um montão de parreiras no entorno. Parecia cenário de filme.

O dono nos contou que tinha uns hectarezinhos de terra em que plantava sua própria uva - e, claro, depois produzia seu próprio vinho. Que vida boa, ôôôô!
O William nos contou que assim como boa parte da população de Saint-Émilion, ele também tem uns hectarezinhos de terra em que planta sua própria uva – e, claro, depois produz seu próprio vinho (que é orgânico, aliás). Que vida boa, ôôôô!

Aí entramos na casa e pensei: “aaaah, podia morar aqui pra sempre!”.

Era tudo muito bonitinho e aconchegante, além de limpo e organizado. Chuveiro bom, cama gostosa, áreas comuns (copa e cozinha) bem práticas… enfim, um lugarzinho incrível para passar uma noite.

Dois detalhes importantes: o La Gomerie não fica NO CENTRO de Saint-Émilion (está cerca de 1,5km distante do centrinho do vilarejo) e apesar de o WiFi ser gratuito, não funcionava bem no quarto. Mas, sinceramente, não acho que isso prejudique a qualidade da estadia. :)

OLHA ESSE QUARTO!
OLHA ESSE QUARTO! <3

La Gomerie- hospedagem em saint emillion_-2

saint emillion - la gomerie-2

→ Se quiser se hospedar lá ao mesmo tempo em que dá uma mãozinha pra gente, faça sua reserva por este link. A gente ganha uma pequena comissão e você não paga a mais por isso. ;)

De banho tomado, servimos nossas duas taças do vinho “desrotulado”, brindamos e tomamos um único gole. O resto teve que ficar para o dia seguinte, pois aquela sexta-feira inesquecível acabava ali.

Café da manhã delicioso, feito pelos próprios donos do La Gomerie.
O sábado começou superbem: com um café da manhã delicioso, feito pela Maryjoe.
Cara de criança feliz depois de uma noite bem dormida e com uma mesa cheia de quitutes franceses à disposição. :D
Cara de criança feliz depois de uma noite bem dormida e com uma mesa cheia de quitutes franceses à disposição. :D Ah, não deixe de olhar “pra fora da janela”. Tá vendo as parreiras ali? Tudo plantado e colhido pelo próprio William! :)

–> Antes de decidir onde vai se hospedar em Saint-Émilion quer dar uma olhada em outras opções? Aqui tem várias!

Dicas práticas para você curtir Saint-Émilion

Além desse dia inteiro que passamos em Saint-Émilion, tivemos mais uma manhã na cidade. Era sábado e dava pra contar nos dedos as almas vivas circulando pelas ruas. Tinha mais gatinho do que gente nas pequenas vielas do vilarejo. :)

Os donos de Saint-Émilion na baixa temporada
Os donos de Saint-Émilion na baixa temporada

Além disso, o comércio estava quase todo fechado, então só batemos perna mesmo.

Foi uma delícia, mas eu confesso que queria mais um dia útil por lá. Acho que dois dias inteirões – e com tudo aberto – tá de bom tamanho pra cidade. Claro, se você quiser visitar mais châteaux da região e explorar melhor a parte histórica do vilarejo, dá para incluir um terceiro dia, com certeza não será motivo para tédio. Ao mesmo tempo, uma daytrip bem planejadinha cobre bem os principais pontos turísticos, então é tudo questão de organização e de vontade mesmo. ;) saint emillion - vilarejo perto de bordeaux

Para se programar nesse sentido, recomendo uma visita ao site do escritório de turismo (aqui). É supercompleto e pode ajudar bastante. ;)

–> Como chegar

Saindo de Bordeaux, dá para chegar a Saint-Émilion de trem, de ônibus ou, como a gente fez, de carro.

Os preços variam bastante dependendo da época e da antecedência com que você compra os bilhetes. Então, sugiro que acesse os sites para se programar direitinho. Na cidade em si dá pra fazer tudo a pé – especialmente se você ficar hospedado bem no centrinho (o que não foi nosso caso), mas um carro ajuda bastante se seu objetivo for mais turistar pelos châteaux mais afastados (claro que isso vai impedir que você tome todas. Mas, honestamente, esse não costuma ser o foco dessas visitas. A ideia é conhecer a vinícola e degustar UMA taça de vinho – o que não será problema para você dirigir por ali).

–> Quando ir

Se a gente for fazer uma análise fria, janeiro, quando nós visitamos Saint-Émilion, é uma época PÉSSIMA para turistar na cidade. O clima não é dos melhores, a paisagem não está no seu ápice (a colheita das uvas é feita em setembro e elas só voltam a dar as caras lá pelo meio de maio), nem tudo fica aberto e não há muito movimento de pessoas. Porém, contudo, entretanto, nós AMAMOS a experiência. Ou seja, diria que sempre é tempo de conhecer esse pedacinho maravilhoso da França – até porque é bem bacana circular por Saint-Émilion deserta, como você vê nas fotos (isso é tipo praticamente impossível na alta temporada). :)

Mas se você quer pegar a cidade em seu auge, programe sua viagem no intervalo entre meio de maio e fim de setembro, pois as temperaturas estão melhores, a programação cultural é intensa, as cores da natureza deixam a cidade ainda mais fotogênica, dá para visitar os vinhedos DE VERDADE… enfim, é quando tudo colabora para a experiência ser a melhor possível!

–> Onde comer

Quer escolher os restaurantes em que vai comer antes mesmo de chegar a Saint-Émilion? Dá uma olhada neste link. Tem várias boas sugestões.

Diz aí, consegui convencer você a incluir Saint-Émilion na sua lista de viagens dos sonhos? Espero que sim, porque eu já estou louca pra voltar. <3

Como não querer voltar? :)
Como não querer voltar? :)

*Essa viagem teve apoio do Bordeaux Tourist Office, mas minha opinião é isenta e transparente (apesar de apaixonada). :)

–> Quer ver mais fotos de Saint-Émilion? Veja o álbum que criamos no Facebook. Ele reúne as imagens que tiveram que ficar de fora desse post. –> Logo mais faremos outros posts sobre essa trip. Se você não leu o primeiro relato, que conta o que fizemos assim que chegamos a Bordeaux, clique aqui.

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Bordeaux: nosso roteiro de cinco dias (parte 1)

A ideia de conhecer Bordeaux (França) surgiu ao acaso, na última Black Friday. Entrei no site da Ryanair pra ver se tinha alguma boa oferta e encontrei o melhor cenário que já havia visto por ali: uma lista com passagens para várias cidades custando £4 IDA E VOLTA a partir de Londres. Nada mau, né?

Fizemos uma rápida análise. Não me lembro bem de todas as opções que estavam com esse preço, mas tinha algumas cidades na Itália, outras na Espanha, na Noruega, países diversos do leste europeu, e, na França, uma das cidades mais conhecidas do mundo pelos vinhos que produz.

Não era uma escolha fácil, mas optamos por Bordeaux porque pensamos que seria a oportunidade perfeita para fazer uma viagem despretenciosa e relax, dedicada ao vinho. E como é legal programar  uma viagem assim, meio sem querer, não?

Bordeaux - o que fazer
Não poderíamos ter escolhido melhor. Bordeaux é daquelas cidades que desperta a vontade de pegar a mala e se mudar pra lá

Passamos cinco noites lá. Período suficiente pra conhecermos quase tudo o que tínhamos planejado.

Bordeaux tem pouco mais de 200 mil habitantes e boa parte das atrações da cidade podem ser vistas a pé. Tivemos tempo, inclusive, para dormir uma noite em Saint-Émilion, vilarejo medieval que tem menos de 500 habitantes e fica a 40km de Bordeaux, numa região cercada por vinhedos.

Hoje vou começar a contar a história dessa viagem fazendo um resumo dos nossos dois primeiros dias por lá.

Primeiro dia: tour guiado e muito vinho

Logo que chegamos no Mama Shelter, um hotel boutique com uma pegada divertida e super bem localizado (em breve falaremos sobre em detalhes), largamos as malas e saímos para um tour guiado por uma profissional do departamento de turismo da cidade. Enquanto caminhávamos pela cidade, ela contava sobre a história e curiosidades de Bordeaux.

Bordeaux - Cathédrale Saint-André_
A arquitetura da Catedral de Bordeaux impressiona. A guia nos contou que ela levou aaaaanos para se construída. Por isso mesmo, parte da construção tem características romanescas e parte, góticas. Observar esses detalhes estando lá dentro torna a visita ainda mais interessante

Um dos fatos mais curiosos que ela contou foi que o prefeito de Bordeaux está no cargo, acredite, desde 1995. O cara é uma unanimidade! Não por pouco. Mudou completamente a cidade fechando ruas para carros, trocando estacionamentos por áreas verdes e privilegiando o transporte público. As fotos do antes e depois que estão expostas em um pequeno museu na Place de la Bourse falam por si:

Bordeaux - revitalizacao-2
Vão os carros, vêm as pessoas

Bordeaux está classificada desde 2007 como patrimônio mundial da UNESCO pelo seus belíssimos e muito bem conservados prédios do século XVIII, que combinam características da arquitetura clássica e neoclássica às margens do rio Garonne.

Uma das coisas que mais chamaram a minha atenção na cidade é como ela é silenciosa. Como na maior parte da região central o tráfego é formado basicamente por trams, ônibus de baixa emissão de CO2 e bicicletas – em alguns trechos a circulação de carros é proibida -, a calma e a tranquilidade conduzem a rotina.

Em duas horas de tour, tivemos uma bela primeira impressão da cidade e nos preparamos da melhor forma possível para explorar o que Bordeaux tinha a nos oferecer…

Bordeaux - revitalizacao-3

Rota urbana do vinho em Bordeaux

Na noite do primeiro dia fizemos um tour guiado para explorar alguns dos melhores wine bars da cidade. O Urban Wine Trail Bordeaux é conduzido pelo Thibault (se fala Tibô), um enólogo gente boa de 28 anos que trabalha no escritório de turismo como  responsável pelo enoturismo.

Por enquanto, o tour está restrito à imprensa, mas aqui você pode pegar um mapa e fazer o passeio por conta. São 14 bares escolhidos a dedo por ele. Dica quente: se você fizer o passeio e falar que está fazendo a rota vai ganhar um mimo nos estabelecimentos. Não sei o que é, mas vale tentar a sorte. ;)

O tour – que, aliás, tem uma proposta parecida com a do nosso tour A Rota da cerveja artesanal em Londres – foi divertidíssimo. O plano era visitarmos três bares para degustar vinhos de Bordeaux e região, aprender sobre a bebida e provar iguarias locais, como queijos variados e o foie gras – aclamado pelo franceses e condenado pelos ambientalistas.

Começamos a rota muito bem, caminhando pelas charmosas ruelas de Bordeaux com suas luzes amareladas e acompanhados por uma lua cheia que não espantava o frio, mas era um convite a ficar na rua.

Bordeaux - wine more time

O primeiro bar, Wine More Time, era muito legal. Como a gente é muito acostumado a frequentar bares de cerveja artesanal onde quer que estejamos, é sempre legal visitar algo similar, mas com o foco em outra bebida. A atmosfera era parecida, inclusive. Principalmente o quadro negro que anunciava a carta de vinhos da noite.

Bordeaux - wine more time-2

O bar tem mais de 400 rótulos – os mais baratos custam cerca de €10, e o mais caro sai por €400. Muitos deles você pode consumir em taças ou garrafas.

Ficamos um bom tempo lá ouvindo o Alexandre, dono do bar, falar sobre os vinhos de Bordeaux e dar dicas sobre como degustá-los melhor, sentindo seus taninos e decifrando aromas e sabores.

Bordeaux - wine more time - queijos

Conversamos sobre sobre a paixão dos franceses pelo foie gras e a polêmica envolvendo sua produção. O foie gras é o fígado de pato engordado, que recebe uma alimentação forçada e bastante invasiva a ponto de ser proibido em alguns países. Se tiver curiosidade, dê uma googleada. Alerto que as imagens são perturbadoras.

O que ficou claro pra mim é que o foie gras é algo tão cotidiano na cultura dos franceses que eles pouco se importam como a forma que ele é “obtido”. Eu experimentei ali pela primeira vez e não me fez muito a cabeça, não. Confesso que as imagens da tortura que as aves sofrem me vieram à mente enquanto comia.

A experiência me fez pensar também sobre como nossos hábitos, nossa cultura e a realidade que vivemos muitas vezes nos cegam a respeito de absurdos que, de tão enraizados, parecem normais. Aí podemos falar de consumo de carne, corrupção, violência, “jeitinhos”…

O wine bar comandado por italianos

Bordeaux - le wine bar
O Le Wine Bar, nossa segunda parada no tour, é comandado por Giancarlo e Emmanuel, dois cunhados italianos que apesar de não morarem mais em sua terra natal, levam a cultura italiana por onde passam. Sim, porque onde tem italiano tem comida boa, não é mesmo? Além de uma imensa carta de vinhos e um ambiente pequeno e acolhedor (aliás, recomenda-se fazer reserva ao menos um dia antes), lá, você vai poder provar uma burrata sensacional – além de outras delícias típicas da Itália.

Bordeaux - le wine bar - burrata

Emmanuel, o chef, nos contou que ele é o único importador dessa burrata da foto em Bordeaux. Ela vem de um pequeno produtor da região de Puglia, principal referência na iguaria italiana. Ficamos um bom tempo conversando com ele, que falava um ótimo português por já ter morado em Moçambique, e que sonha em conhecer o Brasil e visitar as cidades cantadas por Chico Buarque em Paratodos.

Bordeaux - le wine bar-2

“Renderá uma bela viagem, Giancarlo.” Foi o que falamos a ele entre um gole de vinho e uma garfada na burrata!

Chico Buarque canta: Meu pai era paulista, meu avô pernambucano. O meu bisavô mineiro. Meu tataravô baiano.
Chico Buarque canta: Meu pai era paulista, meu avô pernambucano. O meu bisavô mineiro. Meu tataravô baiano. E assim nasceu um roteiro de viagem

Ficamos tanto tempo lá, aliás, que perdemos a hora (e a prova do quanto gostamos dali foi que acabamos voltando outro dia!). Quando chegamos ao terceiro bar (Oenolimit) ele já estava fechando.

Nosso bro “Tibô” nos pediu perdão pelo vacilo, mas a gente não esquentou nem um pouco. A noite tinha sido memorável e renderá histórias que, com o perdão do pieguiesmo, nos farão lembrar de Bordeaux pra sempre.

Segundo dia: um tour tecnológico, comida boa e mais vinho

Bordeaux - Imayana tour-2

No dia seguinte, fazia um frio congelante e uma neblina intensa tomou conta da cidade. Nossa manhã foi dedicada a um tour tecnológico pelas ruas.

Com Ipads na mão, fones na orelha e um app interativo que trazia à vida a estátua de Louis-Urbain-Aubert de Tourny, administrador de Bordeaux que viveu no século XVIII e teve grande influência no desenvolvimento urbanístico da cidade, fizemos um passeio bastante divertido e informativo.

Caminhamos por pouco mais de uma hora ouvindo histórias contadas por estátuas vivas, uma gangue de mascarons, as simpáticas cabeças renascentistas que estão espalhadas pela cidade (são mais de 3.000), e personagens diversos da época.

Bordeaux - Imayana tour

Se você é daqueles que não tem paciência pra ouvir um guia falando, mas quer aprender sobre o local que visita, essa é uma forma interessante. Nós gostamos! São nove paradas no tour que durou aproximadamente duas horas. Aqui você pode saber mais e reservar.  Custa €10.

Uma cerveja antes do almoço…

Uma de nossas missões de vida, onde quer que estejamos, é procurar bares de cervejas artesanais. Temos, aliás, uma lista grande de bares em diversas cidades em nossos “posts pendentes”. Pode cobrar! Nesta viagem, demos a sorte de ter um pubzinho a uma quadra do hotel. Como tínhamos um tempinho entre o tour e o almoço que tínhamos reserva, fomos ao Jaqen tomar uma cerveja artesanal de Bordeaux.

Bordeaux - jaqen - cerveja artesanal em bordeux-2

O bar tinha tudo o que a gente podia querer: uma boa oferta de cervejas locais na trave de chopes e mais de 100 garrafas, não só francesas, nas prateleiras. As ótimas londrinas Kernel e Beavertown estavam lá representando o UK.

Bordeaux - jaqen - cerveja artesanal em bordeux-3

Ok que Bordeaux é a cidade do vinho, mas a cultura da cerveja artesanal cresce forte por lá.  No quarto dia de viagem acabamos em uma loja sensacional e conhecemos um bar que produz a própria cerveja. Segura aí!

Bordeaux - jaqen - cerveja artesanal em bordeux-3
Uma boa porter local pra espantar o frio acompanhada por patês de azeitona

Um almoço para apreciar a gastronomia local

Na sequência, fomos almoçar no Glouton Le Bistrot, um pequeno bistrô com pratos assinados pelo chef Ludovic Le Goardet . O menu é inspirado na gastronomia da região e muda de acordo com os ingredientes da época. Comemos muito bem!

Bordeaux - glouton le bistrot
Sopa de aspargos de entrada. Deliciosa!

Eles oferecem um menu fixo ao custo de justíssimos €14 que dá direito a prato principal, sobremesa e café, mas também têm opções à la carte (pratos principais entre €16 e €23).

Bordeaux - glouton le bistrot-2
Mexilhões frescos ao molho de curry. Um mix inusitado que me fez comer suspirando
Bordeaux - glouton le bistrot-3
O crepe francês com maçãs caramelizadas. Precisa mais?

Conhecendo a Cidade do Vinho

Depois do almoço fomos visitar a obra da La Cité du Vin, um prédio incrível em formato de decanter que eternizará o amor da cidade pela bebida.

Bordeaux - la cite du vin

A cidade do vinho abrigará uma exposição permanente sobre as civilizações e culturas ligadas ao  vinho, que desde o ano 5.500 a.C. está presente na vida do ser humano, terá um restaurante panorâmico, espaço para eventos e outras surpresas.

Bordeaux - la cite du vin-2

A inauguração será em junho de 2016. Saímos de lá impressionados com a obra e futuro legado e empolgados com o próximo programa.

Bordeaux - la cite du vin com a pr
Com a Pauline, assessora de imprensa da Cité du Vin, que foi morar em Bordeaux por amor ao vinho e para trabalhar neste projeto.

Degustação de vinho às cegas

Da Cité du Vin fomos direto para o The Wine Bar do Boutique Hôtel, onde faríamos uma degustação às cegas de vinhos franceses acompanhados por queijos e frios  e conduzida por um sommélier.

Bordeaux - degustacao de vinho - The Wine Bar do Boutique Hôtel

Foi uma experiência bem legal porque antes da degustação, o expert falou sobre os aromas e sabores que poderíamos sentir e, durante, nos orientou a percebê-los. Também falou sobre as diferenças entre os vinhos do sul (mais escuros) e norte (mais claros) da França.

Bordeaux - degustacao de vinho - The Wine Bar do Boutique Hôtel-3

É fato que chegar no nível dos caras que identificam os mais complexos sabores no vinho é tarefa duríssima – e pra mim, às vezes inimaginável -, mas a experiência certamente nos ajudou a evoluir na arte. Provamos vinhos que variavam de €15 a €109 a garrafa, aprendemos e rimos bastante.

Detalhe da decoração do bar. Que tal um lustre assim em casa?
Detalhe da decoração do bar. Que tal um lustre assim em casa?

A experiência pode ser reservada diretamente no site do hotel e custa €35.

Saímos de lá alegrinhos e rindo à toa, mas estávamos mortos e capotamos no hotel. Até porque no dia seguinte iríamos acordar cedo, pegar um carro e ir até Saint-Émilion, um vilarejo medieval distante 40km de Bordeaux que estávamos loucos pra conhecer.

Saint emilion - arredores de Bordeaux

Mas essa história eu vou deixar pra Nah contar num próximo post. Ainda temos muito mais pra compartilhar sobre essa despretenciosa viagem…

*Fizemos alguns dos passeios e fomos a alguns dos restaurantes à convite do Bordeaux Tourist Office, mas minha opinião é isenta e transparente.

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