Antes de mais nada, preciso fazer uma confissão: eu “escrevo” posts na minha cabeça. Sério. Todo dia tem um textinho sendo “escrito” enquanto eu tomo banho, quando vejo algo legal que acho que você que nos lê ia gostar de saber, até quando estou lavando louça vou juntando mentalmente palavras e ideias que poderiam virar um texto.
Na maioria das vezes, isso tudo fica só na minha cabeça mesmo. Mas vez ou outra viram textos de verdade. E se não vêm parar aqui (pode ter certeza de que vários posts que você já leu começaram assim!), vão para o meu Facebook pessoal. O motivo? Eram pessoais demais para um “blog de viagens”.
Ou, pelo menos, eu achava que eram…
Até que essa semana o João me deu um chacoalhão e disse que era pra eu trazer pra cá coisas que vinha escrevendo por lá alegando que está mais do que na hora de a gente quebrar essas barreiras do que podemos ou não escrever por aqui, e eu aceitei o desafio. :)
Então, o que você vai ler agora são três posts que eu publiquei no meu Facebook pessoal e que são relatos de coisas e momentos que nos fizeram felizes recentemente. Porque a vida é feita dessas pequenas alegrias, né? E, às vezes, o simples fato de eu compartilhar algo legal com você pode servir de inspiração para você aproveitar as pequenas felicidades que a sua vida proporciona. Que tal?
1) Uma declaração de amor à vida em comunidade
Se alguém me perguntasse hoje o que eu mais gosto na minha rotina diária aqui na Itália, provavelmente minha resposta causaria estranhamento.
Eu diria:
“Adoro abrir minha mochila, colocar dentro dela quatro garrafas de vidro, pegar minha bike dos anos 1950, pedalar por menos de um quilômetro e, com 20 centavos de euro (!), voltar pra casa com dois litros de água mineral e mais dois litros de água com gás.”
A verdade é que nem eu sei explicar o fascínio que isso exerce sobre mim, mas acho gostoso demais encher minhas garrafas com uma água que a comunidade toda divide. E divide MESMO. Não é raro chegar à fonte e ter lá 10 centavos disponíveis, deixados por um vizinho que só queria fazer uma gentileza para um outro morador de Galliera. A gente mesmo volta e meia deixa uma moeda a mais para matar a sede de quem passar pela sorgente* depois de nós…
–> Aqui estão as informações oficiais sobre a sorgente, a fonte urbana que alegra meus dias! :)
Há alguns dias, João e eu combinamos de fotografar mais o nosso dia a dia, registrar momentos simples do nosso cotidiano para que daqui alguns anos a gente possa olhar com carinho para essas recordações e reviver momentos bacanas.
Selecionei duas das primeiras fotos que tiramos para esse nosso novo projeto pessoal para compartilhar aqui.
1) Em uma terça-feira, enquanto eu estava em uma reunião às 22h no horário local (17h Brasil), João fez esse registro que retrata como eu sou feliz fazendo o que faço. Eram 22h, mas eu sorria enquanto falava com clientes sobre os nossos planos de dominar o mundo.
2) Há três semanas, passamos parte da nossa manhã de sábado limpando o “parque” que temos no fundo da nossa #casadomato, e eu fotografei o João se aventurando por aí com a máquina de cortar grama.
Duas fotos, dois momentos, nossa vida.
Ser feliz às vezes é mais fácil do que a gente imagina. 💑
Por último, quero falar um pouco sobre um projeto que ajuda a responder a pergunta que mais ouvimos desde que chegamos aqui: “O que vocês estão fazendo na Itália?”
A verdade é que a resposta pode ser loooonga, pois viemos fazer MUITAS coisas, mas dentre as mais divertidas e desafiadoras está o projeto Sebrae Trends, que desenvolvemos em parceria com o Sebrae-PR e que tem o objetivo de ser uma ponte entre os empreendedores brasileiros e histórias inspiradoras mundo afora.
Falei um pouquinho sobre ele em meu primeiro post no Clube do Empreendedor (você pode ler clicando aqui), mas, em resumo, vamos “caçar” tendências e buscar histórias de empresas que têm colocado quatro macrotendências em ação (Economia Sustentável, da Escassez de Tempo, das Experiências Únicas e da Ultraconectividade) e que podem deixar boas lições para empreendedores brasileiros.
Estamos muuuito animados com esse projeto. A nossa ideia é explorar esse Velho Continente todo ao longo deste ano e do próximo para poder ajudar os empreendedores brasileiros a se prepararem para o futuro. Por isso mesmo, se você tem alguma sugestão de pauta que acha que se encaixa nessa proposta, deixe um comentário que a gente te procura para saber mais. ;)
E aí, o que achou desse formato de post? Posso voltar a escrever sobre aleatoriedades quando der vontade? :)
E você, o que fez recentemente e que te fez feliz? Conta pra gente e bora espalhar a positividade por aí! ;)
Faz pouco mais de uma semana que nos mudamos para a casa que será nosso lar definitivo até (pelo menos) o fim do ano (nossos primeiros 30 dias aqui tinham sido em um apê temporário, alugado pelo Airbnb). Com as coisas se acalmando, agora pude sentar para contar um pouco sobre como foram nossas (intensas) primeiras semanas de vida em Bolonha.
Teve coisa, viu. Desde aquele 12 de maio em que nos sentamos no bar que fica a 20m da entrada do prédio em que morávamos pra beber nosso primeiro Aperol Spritz (drink clássico do verão italiano) em terras bolonhesas, muito aconteceu.
Chegamos na tarde de uma sexta-feira ensolarada e no fim de semana não fizemos nada além de andar MUITO pelo charmoso centro histórico de Bolonha.
Bastou isso, aliás, para percebermos que escolhemos a cidade certa para iniciar nossa vida na Itália…
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A verdade é que demos sorte de alugar um apartamento colado na Via del Pratello, que é uma das ruas mais boêmias da cidade. No “Pratello” (como apelidamos a rua), há bares e restaurantes com mesas na calçada por todos os lados!
E tem de tudo. De pasta fresca feita feita em sua frente por nonnas (daquelas mais clássicas), piadina e pizza em fatia a street food de frutos do mar, restaurantes veganos e orientais. De pubs de cerveja artesanal – inclusive, um da Brewdog, como a Nah contou neste post – a microenotecas, botecos baratos e bares de drinks – todos, sempre, oferecendo o tradicional petisco grátis no happy hour! Há quem diga que italians do it better. Essa tradição maravilhosa de dar comida de graça pra quem bebe, faz jus.
Em um mês, pudemos conhecer bem o centro histórico de Bolonha, e dá pra dizer que a região da Via del Pratello é nosso lugar favorito na cidade.
Uma cidade para conhecer a pé ou de bicicleta
Em pouco mais de um mês de vida em Bolonha, só andamos de ônibus uma vez!
Para atravessar o centro histórico da cidade de leste a oeste, bastam 30/40 minutos de caminhada. Isso – e o clima da primavera – são um incentivo e tanto pra usar as próprias pernas para se locomover.
E, cá entre nós, tem coisa melhor que conhecer uma cidade a pé?
Tá, eu diria que conhecer uma cidade de bicicleta ganha, mas como ainda não compramos as nossas, falarei sobre como conhecer Bolonha sobre duas rodas daqui uns meses, combinado? Mas adianto que a cidade tem uma estrutura razoavelmente boa para pedalar – e tem muita gente pedalando.
Caminhando e correndo
Por ainda estarmos sem bikes, começamos a correr – coisa que jamais tínhamos feito juntos antes. Eu até já participei de umas corridas de 10km há uns cinco anos, mas parei total desde que comecei a pedalar. Já a Nah nunca foi muito íntima do esporte, mas está curtindo.
O despertar da corrida foi algo legal que nasceu nesse primeiro mês morando na Itália. Não que seja essencial, mas mudar de ambiente ajuda muito a eliminar e/ou criar hábitos.
O drama para alugar uma casa. Ou, por favor, planeje-se!
Quando o fim da temporada no apartamento temporário começou a se aproximar, o desespero veio junto. A gente se viu numa enrascada. Parecia que nunca iríamos conseguir alugar uma casa!
Pela internet, as imobiliárias não respondiam. Os contatos via Airbnb tinham se esgotado. Alguns safados tentaram nos aplicar golpes. Eu não tinha conta em banco, nem o tal do codice fiscale, essencial para qualquer contrato de aluguel. Pois é, tava complicado.
Pra piorar, meu italiano é sofrível. Eu estudei por dois anos, mas lá se vão uns 10 anos que fugi da escola. Está sendo como aprender de novo o pouco que eu sabia. Mas confesso que estou feliz com a sutil evolução do 1º para o 34º dia.
Esse, aliás, é um motivo importante para estarmos aqui. Sempre senti vergonha por ter um passaporte italiano e não falar a língua! E sei que posso falar o mesmo pela Nah, italiana em formação.
Mas, voltando aos pepinos, foi só nas últimas duas semanas antes de virarmos sem-teto que começamos a entender como tudo funciona e o que precisávamos fazer. Muito com a ajuda da Lu, a rainha de Roma, que edita o ótimo blog Roma pra Você. E da Dani, autora do a Bolonhesa, que reúne dicas preciosas sobre Bolonha, Emilia Romagna e vida na Itália. Elas nos ajudaram muito a entender a burocracia italiana. Valeu, meninas!
Pra encurtar a história do aluguel, tudo se resolveu. E de uma forma BEM inusitada. Pedimos ajuda pra Valentina, dona da casa em que moramos no primeiro mês. Ela é uma italiana da Sardegna de 30 e tantos anos que se divide entre New York e o mundo fazendo arte.
Ela nos apresentou a Elisa, uma amiga que estava alugando um apê por um tempo e que talvez pudesse fazer o tal contrato de aluguel, fundamental para que eu pudesse obter a residência. Acabou que ela não podia. Mas a Elisa nos indicou um amigo, que é um agente imobiliário – o Guido.
Vida em Bolonha: Comunidade, confiança e amizade
E aí conhecemos um daqueles seres iluminados. Guido é um cara legal que ajuda amigos que têm casas para alugar, mas têm preguiça e/ou não entendem nada de internet. Ele comentou com a gente que uma família de amigos tinha uma villa (um casarão antigo) pra alugar em uma cidadezinhaZINHA situada a 30km de Bolonha.
Foi aí que conhecemos o Gianluca, um bolonhês de 50 e tantos anos, gente boníssima, engenheiro, dono de um pastor alemão chamado Denzel (ou Denzelino) e um fervoroso, mas conformado torcedor do Bolonha, clube que já teve suas conquistas, mas vive na seca há anos.
A gente entende. Como torcedores do Coritiba, o verdão original, sabemos bem como é dura a vida de um torcedor de um clube médio, que luta contra os gigantes de cifras absurdas. É a vida. #vaipracimadelesverdão
Esse episódio foi muito legal porque nos fez sentir, de alguma forma, inseridos na comunidade local. Todas essas pessoas foram fantásticas com a gente. A Marcella, esposa do Gianluca, quase adotou a Nah. É sempre bom ter algo que faz com que você se sinta parte de algo, ainda mais quando você chega em um ambiente totalmente novo. Mas segura aí que depois eu termino a história de onde estamos morando.
A Toscana: Parte 1 – Cinco anos de casados
Um dos nossos grandes sonhos nesse início de vida italiana era celebrar nossos cinco anos de casamento com amigos em um fim de semana na Toscana.
Deu certo! E foi lindo – daqueles momentos inesquecíveis da vida. Nica e Leo, Carol e João, Marla e Josh, Thaís e Nick, muito obrigado por estarem com a gente naqueles dias mágicos!
Alugamos uma casa épica no Airbnb, bebemos bem, comemos MUITO bem, rimos, dançamos, cantamos e choramos com a cerimônia linda que a Nica organizou. Se você tiver vontade de saber mais sobre como foi esse evento, comenta ali embaixo que a gente conta em um post futuramente.
O trabalho: novos projetos surgindo
Outro motivo importante para termos vindo para a Itália é o trabalho. Há tempos estamos tentando criar um projeto que possa combinar o trabalho que fazemos na London, nossa agência de marketing de conteúdo, com viagens e o desejo pessoal de fincar raízes temporárias em diferentes culturas.
Faz uns três anos que pensamos nisso e trabalhamos para encontrar o modelo ideal. Tem a ver com caçar tendências, cobrir eventos, conhecer histórias de empresas inovadoras e transformar isso em conteúdo multimídia para nossos clientes e futuros clientes – empresas interessadas em contar boas histórias, educar seu mercado e gerar valor para seus clientes e futuros clientes por meio do conteúdo.
No ano passado, já com a ideia na cabeça, mas ainda sem saber bem o que fazer com ela, eu escrevi uma reportagem para a VendaMais, revista que editamos, contando a história de uma imersão de negócios que fizemos no Vale do Silício.
Em paralelo a isso, também gravamos vários vídeos durante o Content Marketing World 2016, maior evento de marketing de conteúdo do mundo, que acontece todo ano em Cleveland.
Essas duas atividades foram fundamentais para dar a base para o projeto que vamos começar a tirar do papel, em Bolonha (e pela Europa), nas próximas semanas. Quando tivermos novidades a respeito, compartilharemos por aqui.
Uma das coisas que aprendi sobre empreendedorismo com um engenheiro da Netflix no Vale, foi que a grande ideia de um bilhão de dólares é um mito. Escrevi sobre isso e muito mais na matéria. Você pode ler aqui. =)
A Netflix não acredita na ideia de um bilhão de dólares que vai surgir da noite para o dia e revolucionar o planeta, mas em pequenas melhorias diárias baseadas em decisões e ações rápidas, mesmo que sutis, mas que, com o passar do tempo, fazem com que a empresa possa permanecer relevante e competitiva em um dos mercados mais acirrados do planeta.
A inovação faz parte do dia a dia. Não é um ato isolado.
Na prática, ao longo dos últimos sete anos aprendendo diariamente a empreender, percebemos o mesmo por aqui. Foi bom conhecer um pouco sobre a cultura da Netflix e ver que, de certa forma, compartilhamos de uma visão parecida.
Estou sendo bem simplista aqui pra não me arrastar muito no papo sobre empreendedorismo, mas o projeto que estamos construindo agora começou a ser desenhado, lapidado e amadurecido há mais de três anos. Para criar algo de valor é preciso tempo, suor, grana, sorrisos, lágrimas e uma maturação natural do projeto – principalmente quando se tem vários pratos para equilibrar ao mesmo tempo – como é o nosso caso com a London. Todo o resto, é discurso de palco.
A Toscana: Parte 2 – O Val d’Orcia com os padrinhos
Ainda no primeiro mês, deu tempo de fazer uma viagem mágica por uma das mais belas regiões da Toscana. O Val d’Orcia é a “casa” do aclamado Brunello di Montalcino, o clássico vinho produzido com as uvas Sangiovese, predominantes na região.
Mas não é só de vinho que vive essa joia toscana. Incríveis e incontáveis vilarejos medievais para explorar, estradas que representam a Toscana clássica das clássicas, águas termais gratuitas e muita comida boa. O Val d’Orcia é mais um exemplo perfeito do #italiansdoitbetter. Aliás, acho que essa # será bem presente por aqui. ;)
Vamos falar mais essa viagem em breve, mas se tiver viagem marcada, tome nota de Pienza, Montepulciano e Bagno di San Fillipo, três pontos imperdíveis dos vários do trajeto. A gente passou por oito cidades em dois dias, tempo suficiente para conhecer vários lugares legais.
Bem-vindo a uma “vida no mato”
O Gianluca, (lembra dele?) nos levou para conhecer a casa em que estamos morando na semana passada, cinco dias antes de mudarmos. É um casarão do século XIX, de três andares, que ele dividiu em três apartamentos (um por andar), sendo que o último (o nosso) é destinado a aluguéis de longo prazo – e os de baixo para festas e eventos de fim de semana. O preço era o melhor que tínhamos visto até então – 490 euros por mês, fora as contas. Tchau vida em Bolonha?
Pesamos muito a decisão de sair de um pequeno apartamento no CENTRO de Bolonha para uma casa gigante com um quintal cheio de árvores em uma CIDADEZINHAZINHA que fica a 35 minutos de trem da capital da Emilia Romagna. Por uma vida mais simples, econômica, focada e propícia a criatividade, decidimos “correr o risco” de viver de uma forma BEM diferente de todas que já vivemos.
Galliera, nossa cidade, tem cinco mil habitantes. Um bom supermercado. Uma feira de rua às quartas-feiras. Duas sorveterias. Duas cafeterias. Uma padaria. Uma tabacaria. Um restaurante. Zero bares. Um banco. Uma agência de correio. Muitas crianças e idosos. Poucos jovens. O ciclo da vida fica evidente aqui. Tão logo os jovens ganham independência, se mandam.
Ficaremos aqui, pelo menos, até dezembro (provavelmente mais). Nosso dia a dia será cercado de muito sossego, pássaros cantando, trabalho e viagens. Estamos animados com a ideia de passar mais tempo ao ar livre, correndo pelas plantações diversas que compõem o cenário no entorno nossa casa, pedalando por estradas rurais ou lendo debaixo de uma árvore do nosso quintal.
Mas, por outro lado, chegar em Bolonha é muito fácil. Não estaremos com o pé no centro, mas os 35 minutos não são nada se você comparar com a logística interna de uma cidade como Londres, por exemplo. Além disso, a bela Ferrara fica a menos de 15 minutos de trem. Definitivamente, não estamos isolados!
O nosso plano, além de realizar nossos projetos de trabalho, é aproveitar os fins de semana pra viajar por cidades da região – Modena, Parma, Reggio Emilia e Rimini (litoral) são algumas das cidades que ficam a um pulinho daqui – e conhecer mais da Itália. Temos planos de viajar muito por aqui nos próximos meses. E, se você quiser, pode vir com a gente. Basta nos acompanhar por aqui ou pelas nossas redes sociais.