Não é de hoje que os profetas da tecnologia anunciam o fim do jornalismo impresso. Concordemos que alguns dados como a queda das vendas e redução da arrecadação com anunciantes é a realidade de muitos. Isso obviamente sugere que a triste teoria possa vir a se confirmar.
Mas enquanto o Juízo Final não chega é importante ressaltar quem está superando a crise e crescendo em meio ao caos.
Já falamos aqui do London Evening Standard, jornal gratuito que é distribuído diariamente a partir das 16horas em Londres.
Com um conteúdo de primeira formado por matérias diversificadas que abordam desde os principais acontecimentos da cidade até análises da economia e política global, sem deixar de lado o turismo, esportes, moda, tecnologia, cultura, humor e tudo mais que deve fazer parte de um grande jornal o Standard anunciou que a partir de outubro aumentará em 100 mil exemplares sua tiragem, que atualmente gira próximos dos 600 mil.
Vale lembrar que até outubro do ano passado o Standard era pago e vendia pouco mais de 140mil dessa mesma quantidade.
A receita encontrada pelos proprietários foi partir para a gratuidade e apostar no aumento da arrecadação com anunciantes. O “grátis” já foi proposto por Chris Anderson, editor da revista Wired e autor do clássico empresarial A Cauda Longa. Ele escreveu recentemente Free – O Futuro dos Preços (por um tempo o livro ficou disponibilizado gratuitamente na internet).
Fala justamente sobre o poder da gratuitadade, modelo muito contestado por diversos empresários, mas que tem se mostrado eficiente em algumas ocasiões. Esta aí o Standard que não nos deixa mentir.
O jonal reverteu uma situação de crise quando parou de cobrar pelo seu produto. Irônico? Não, planejamento!
Conseguiu isso graças a um eficiente programa de redução de custos e a um investimento em logística para otimizar a distribuição. Mas o principal vai além.
E é aí que entra o bom jornalismo. O jornal é o queridinho dos “londoners”. Quase ninguém vai pra casa sem o seu Standard debaixo do braço. A maioria o vê como infinitamente superior ao concorrente Metro.
Enquanto muitos contestam a mídia impressa e condenam sua existência a um futuro não muito distante, outros encontram a solução simplesmente fazendo um bom trabalho – a prova maior de que algo bem feito sempre será reconhecido pelo mercado.
Peço desculpas por ter saído um pouco do foco do bog, mas como jornalista não podia deixar de comentar o feito desse jornal que tanto gostamos. E se não fizesse isso em meu próprio blog onde mais seria?
;)
Se quiser ler uma análise mais aprofundada do case do Standard recomendo a leitura deste artigo do Guardian (em inglês).