Faz pouco mais de uma semana que nos mudamos para a casa que será nosso lar definitivo até (pelo menos) o fim do ano (nossos primeiros 30 dias aqui tinham sido em um apê temporário, alugado pelo Airbnb). Com as coisas se acalmando, agora pude sentar para contar um pouco sobre como foram nossas (intensas) primeiras semanas de vida em Bolonha.
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Teve coisa, viu. Desde aquele 12 de maio em que nos sentamos no bar que fica a 20m da entrada do prédio em que morávamos pra beber nosso primeiro Aperol Spritz (drink clássico do verão italiano) em terras bolonhesas, muito aconteceu.
Chegamos na tarde de uma sexta-feira ensolarada e no fim de semana não fizemos nada além de andar MUITO pelo charmoso centro histórico de Bolonha.
Bastou isso, aliás, para percebermos que escolhemos a cidade certa para iniciar nossa vida na Itália…
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A verdade é que demos sorte de alugar um apartamento colado na Via del Pratello, que é uma das ruas mais boêmias da cidade. No “Pratello” (como apelidamos a rua), há bares e restaurantes com mesas na calçada por todos os lados!
E tem de tudo. De pasta fresca feita feita em sua frente por nonnas (daquelas mais clássicas), piadina e pizza em fatia a street food de frutos do mar, restaurantes veganos e orientais. De pubs de cerveja artesanal – inclusive, um da Brewdog, como a Nah contou neste post – a microenotecas, botecos baratos e bares de drinks – todos, sempre, oferecendo o tradicional petisco grátis no happy hour! Há quem diga que italians do it better. Essa tradição maravilhosa de dar comida de graça pra quem bebe, faz jus.
Em um mês, pudemos conhecer bem o centro histórico de Bolonha, e dá pra dizer que a região da Via del Pratello é nosso lugar favorito na cidade.
Uma cidade para conhecer a pé ou de bicicleta
Em pouco mais de um mês de vida em Bolonha, só andamos de ônibus uma vez!
Para atravessar o centro histórico da cidade de leste a oeste, bastam 30/40 minutos de caminhada. Isso – e o clima da primavera – são um incentivo e tanto pra usar as próprias pernas para se locomover.
E, cá entre nós, tem coisa melhor que conhecer uma cidade a pé?
Tá, eu diria que conhecer uma cidade de bicicleta ganha, mas como ainda não compramos as nossas, falarei sobre como conhecer Bolonha sobre duas rodas daqui uns meses, combinado? Mas adianto que a cidade tem uma estrutura razoavelmente boa para pedalar – e tem muita gente pedalando.
Caminhando e correndo
Por ainda estarmos sem bikes, começamos a correr – coisa que jamais tínhamos feito juntos antes. Eu até já participei de umas corridas de 10km há uns cinco anos, mas parei total desde que comecei a pedalar. Já a Nah nunca foi muito íntima do esporte, mas está curtindo.
O despertar da corrida foi algo legal que nasceu nesse primeiro mês morando na Itália. Não que seja essencial, mas mudar de ambiente ajuda muito a eliminar e/ou criar hábitos.
O drama para alugar uma casa. Ou, por favor, planeje-se!
Quando o fim da temporada no apartamento temporário começou a se aproximar, o desespero veio junto. A gente se viu numa enrascada. Parecia que nunca iríamos conseguir alugar uma casa!
Pela internet, as imobiliárias não respondiam. Os contatos via Airbnb tinham se esgotado. Alguns safados tentaram nos aplicar golpes. Eu não tinha conta em banco, nem o tal do codice fiscale, essencial para qualquer contrato de aluguel. Pois é, tava complicado.
Pra piorar, meu italiano é sofrível. Eu estudei por dois anos, mas lá se vão uns 10 anos que fugi da escola. Está sendo como aprender de novo o pouco que eu sabia. Mas confesso que estou feliz com a sutil evolução do 1º para o 34º dia.
Esse, aliás, é um motivo importante para estarmos aqui. Sempre senti vergonha por ter um passaporte italiano e não falar a língua! E sei que posso falar o mesmo pela Nah, italiana em formação.
Mas, voltando aos pepinos, foi só nas últimas duas semanas antes de virarmos sem-teto que começamos a entender como tudo funciona e o que precisávamos fazer. Muito com a ajuda da Lu, a rainha de Roma, que edita o ótimo blog Roma pra Você. E da Dani, autora do a Bolonhesa, que reúne dicas preciosas sobre Bolonha, Emilia Romagna e vida na Itália. Elas nos ajudaram muito a entender a burocracia italiana. Valeu, meninas!
Pra encurtar a história do aluguel, tudo se resolveu. E de uma forma BEM inusitada. Pedimos ajuda pra Valentina, dona da casa em que moramos no primeiro mês. Ela é uma italiana da Sardegna de 30 e tantos anos que se divide entre New York e o mundo fazendo arte.
Ela nos apresentou a Elisa, uma amiga que estava alugando um apê por um tempo e que talvez pudesse fazer o tal contrato de aluguel, fundamental para que eu pudesse obter a residência. Acabou que ela não podia. Mas a Elisa nos indicou um amigo, que é um agente imobiliário – o Guido.
Vida em Bolonha: Comunidade, confiança e amizade
E aí conhecemos um daqueles seres iluminados. Guido é um cara legal que ajuda amigos que têm casas para alugar, mas têm preguiça e/ou não entendem nada de internet. Ele comentou com a gente que uma família de amigos tinha uma villa (um casarão antigo) pra alugar em uma cidadezinhaZINHA situada a 30km de Bolonha.
Foi aí que conhecemos o Gianluca, um bolonhês de 50 e tantos anos, gente boníssima, engenheiro, dono de um pastor alemão chamado Denzel (ou Denzelino) e um fervoroso, mas conformado torcedor do Bolonha, clube que já teve suas conquistas, mas vive na seca há anos.
A gente entende. Como torcedores do Coritiba, o verdão original, sabemos bem como é dura a vida de um torcedor de um clube médio, que luta contra os gigantes de cifras absurdas. É a vida. #vaipracimadelesverdão
Esse episódio foi muito legal porque nos fez sentir, de alguma forma, inseridos na comunidade local. Todas essas pessoas foram fantásticas com a gente. A Marcella, esposa do Gianluca, quase adotou a Nah. É sempre bom ter algo que faz com que você se sinta parte de algo, ainda mais quando você chega em um ambiente totalmente novo. Mas segura aí que depois eu termino a história de onde estamos morando.
A Toscana: Parte 1 – Cinco anos de casados
Um dos nossos grandes sonhos nesse início de vida italiana era celebrar nossos cinco anos de casamento com amigos em um fim de semana na Toscana.
Deu certo! E foi lindo – daqueles momentos inesquecíveis da vida. Nica e Leo, Carol e João, Marla e Josh, Thaís e Nick, muito obrigado por estarem com a gente naqueles dias mágicos!
Alugamos uma casa épica no Airbnb, bebemos bem, comemos MUITO bem, rimos, dançamos, cantamos e choramos com a cerimônia linda que a Nica organizou. Se você tiver vontade de saber mais sobre como foi esse evento, comenta ali embaixo que a gente conta em um post futuramente.
O trabalho: novos projetos surgindo
Outro motivo importante para termos vindo para a Itália é o trabalho. Há tempos estamos tentando criar um projeto que possa combinar o trabalho que fazemos na London, nossa agência de marketing de conteúdo, com viagens e o desejo pessoal de fincar raízes temporárias em diferentes culturas.
Faz uns três anos que pensamos nisso e trabalhamos para encontrar o modelo ideal. Tem a ver com caçar tendências, cobrir eventos, conhecer histórias de empresas inovadoras e transformar isso em conteúdo multimídia para nossos clientes e futuros clientes – empresas interessadas em contar boas histórias, educar seu mercado e gerar valor para seus clientes e futuros clientes por meio do conteúdo.
No ano passado, já com a ideia na cabeça, mas ainda sem saber bem o que fazer com ela, eu escrevi uma reportagem para a VendaMais, revista que editamos, contando a história de uma imersão de negócios que fizemos no Vale do Silício.
Em paralelo a isso, também gravamos vários vídeos durante o Content Marketing World 2016, maior evento de marketing de conteúdo do mundo, que acontece todo ano em Cleveland.
Essas duas atividades foram fundamentais para dar a base para o projeto que vamos começar a tirar do papel, em Bolonha (e pela Europa), nas próximas semanas. Quando tivermos novidades a respeito, compartilharemos por aqui.
Uma das coisas que aprendi sobre empreendedorismo com um engenheiro da Netflix no Vale, foi que a grande ideia de um bilhão de dólares é um mito. Escrevi sobre isso e muito mais na matéria. Você pode ler aqui. =)
A Netflix não acredita na ideia de um bilhão de dólares que vai surgir da noite para o dia e revolucionar o planeta, mas em pequenas melhorias diárias baseadas em decisões e ações rápidas, mesmo que sutis, mas que, com o passar do tempo, fazem com que a empresa possa permanecer relevante e competitiva em um dos mercados mais acirrados do planeta.
A inovação faz parte do dia a dia. Não é um ato isolado.
Na prática, ao longo dos últimos sete anos aprendendo diariamente a empreender, percebemos o mesmo por aqui. Foi bom conhecer um pouco sobre a cultura da Netflix e ver que, de certa forma, compartilhamos de uma visão parecida.
Estou sendo bem simplista aqui pra não me arrastar muito no papo sobre empreendedorismo, mas o projeto que estamos construindo agora começou a ser desenhado, lapidado e amadurecido há mais de três anos. Para criar algo de valor é preciso tempo, suor, grana, sorrisos, lágrimas e uma maturação natural do projeto – principalmente quando se tem vários pratos para equilibrar ao mesmo tempo – como é o nosso caso com a London. Todo o resto, é discurso de palco.
A Toscana: Parte 2 – O Val d’Orcia com os padrinhos
Ainda no primeiro mês, deu tempo de fazer uma viagem mágica por uma das mais belas regiões da Toscana. O Val d’Orcia é a “casa” do aclamado Brunello di Montalcino, o clássico vinho produzido com as uvas Sangiovese, predominantes na região.
Mas não é só de vinho que vive essa joia toscana. Incríveis e incontáveis vilarejos medievais para explorar, estradas que representam a Toscana clássica das clássicas, águas termais gratuitas e muita comida boa. O Val d’Orcia é mais um exemplo perfeito do #italiansdoitbetter. Aliás, acho que essa # será bem presente por aqui. ;)
Vamos falar mais essa viagem em breve, mas se tiver viagem marcada, tome nota de Pienza, Montepulciano e Bagno di San Fillipo, três pontos imperdíveis dos vários do trajeto. A gente passou por oito cidades em dois dias, tempo suficiente para conhecer vários lugares legais.
Bem-vindo a uma “vida no mato”
O Gianluca, (lembra dele?) nos levou para conhecer a casa em que estamos morando na semana passada, cinco dias antes de mudarmos. É um casarão do século XIX, de três andares, que ele dividiu em três apartamentos (um por andar), sendo que o último (o nosso) é destinado a aluguéis de longo prazo – e os de baixo para festas e eventos de fim de semana. O preço era o melhor que tínhamos visto até então – 490 euros por mês, fora as contas. Tchau vida em Bolonha?
Pesamos muito a decisão de sair de um pequeno apartamento no CENTRO de Bolonha para uma casa gigante com um quintal cheio de árvores em uma CIDADEZINHAZINHA que fica a 35 minutos de trem da capital da Emilia Romagna. Por uma vida mais simples, econômica, focada e propícia a criatividade, decidimos “correr o risco” de viver de uma forma BEM diferente de todas que já vivemos.
Galliera, nossa cidade, tem cinco mil habitantes. Um bom supermercado. Uma feira de rua às quartas-feiras. Duas sorveterias. Duas cafeterias. Uma padaria. Uma tabacaria. Um restaurante. Zero bares. Um banco. Uma agência de correio. Muitas crianças e idosos. Poucos jovens. O ciclo da vida fica evidente aqui. Tão logo os jovens ganham independência, se mandam.
Ficaremos aqui, pelo menos, até dezembro (provavelmente mais). Nosso dia a dia será cercado de muito sossego, pássaros cantando, trabalho e viagens. Estamos animados com a ideia de passar mais tempo ao ar livre, correndo pelas plantações diversas que compõem o cenário no entorno nossa casa, pedalando por estradas rurais ou lendo debaixo de uma árvore do nosso quintal.
Mas, por outro lado, chegar em Bolonha é muito fácil. Não estaremos com o pé no centro, mas os 35 minutos não são nada se você comparar com a logística interna de uma cidade como Londres, por exemplo. Além disso, a bela Ferrara fica a menos de 15 minutos de trem. Definitivamente, não estamos isolados!
O nosso plano, além de realizar nossos projetos de trabalho, é aproveitar os fins de semana pra viajar por cidades da região – Modena, Parma, Reggio Emilia e Rimini (litoral) são algumas das cidades que ficam a um pulinho daqui – e conhecer mais da Itália. Temos planos de viajar muito por aqui nos próximos meses. E, se você quiser, pode vir com a gente. Basta nos acompanhar por aqui ou pelas nossas redes sociais.
E aí, vamos juntos? :)
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Primeiros dias em Bolonha em fotos e relatos
8 thoughts on “E a vida em Bolonha (?), como vai?”
Amei tanto esse post que to ate comentando do computador que nao tem acento! ahahah
Voces ja fizeram tanta coisa nesse primeiro mes, mal espero ver as aventuras que os proximos 6 meses vao trazer… E to adorando os insights de voces sobre “a vida no mato”, eh algo que pretendo fazer um dia pra ver quale :)
Um beijo grande, seus lindos! <3
Haha, valeu Thais! Estamos adorando essa vida. As vezes faz falta não ter uma cidade no porta de casa, mas os benefícios estão sendo muito maiores. Quando quiserem vir passar uns dias aqui com a gente pra sentir o astral da casa no mato é só chegar. =)
Brotto!
Tô sentindo que estamos muito na mesma vibe. Uma cidade menor, um ritmo diferente, uma vida mais simples e, ainda assim, mais completa.
Jamais saberei colocar em palavras como foi delicioso fazer parte de mais um pedacinho da vida de vocês. Desejo só o melhor do amor e do sucesso pra vocês, SEMPRE!
A gente se vê em breve!! Somos quase vizinhos! ;)
Beijooo
Essa É a vibe, Marlitcha! Estamos total nessa! =) Pra nós também foi uma grande alegria ter vocês lá com a gente. Você sabe que a sua amizade é uma das grandes conquistas que o blog nos proporcionou. Beijão!
Olá, João! Estou sempre acompanhando as aventuras de vocês e fico feliz que tenham tomado decisões tão legais, como essa de morar em uma cidade pequena, optando pela qualidade de vida, proximidade com a natureza – que sei que vocês valorizam bastante! Afinal, deve ser um grande desafio, depois de viver em cidades como Curitiba e Londres, não? Confesso que quando vi “zero bares”, rolou uma certa preocupação (rsrs), mas nada que um trem para Bolonha não resolva! A busca por uma vida alternativa tem movido vocês dois e os resultados que têm alcançado são excelentes. Continuo torcendo pelo êxito desse casal incrível, que eu e minha namorada Fabíola ainda pretendemos conhecer pessoalmente! Ah, e por favor, não deixe de postar sobre a cerimônia do aniversário de casamento de vocês na Toscana. Abraços, José Júnior.
Muito obrigado pelas palavras, José. Sentimos que fizemos a coisa certa ao vir pra cá. E também queremos muito te conhecer pessoalmente. A impressão que temos é que já somos amigos de longa data. Grande abraço. =)
Oi João tudo bem?
Sigo vocês já há algum tempo e agora que estão em Bolonha com mais assíduidade. O motivo é que estou me mudando para itália em agosto para finalizar meu processo de cidadania. Em pesquisas como voc6es, também escolhi Bolonha com minha futura residência.
Porém como voc6e deve saber preciso alugar um lugar em meu nome e comprovar minha residência. Gostaria de saber se pode me ajudar, passando o contato desse agente imobiliário (Guido), já que também pretendo fixar resideência em alguma cidade menor ao redor de Bolonha, por conta dos custos menores envolvendo aluguel. E calro também por um pouco menos burocracia no processo.
Valeu.
Rodholfo
Olá, Rodholfo. Boa sorte com a mudança.
O Guido não vai poder te ajudar, creio. O negócio dele é alugar para férias/curta temporada. O nosso caso foi sorte mesmo!
Adianto que alugar é complicado. As imobiliárias não facilitam pra quem é de fora, mesmo que tenha o passaporte.
Sugiro que alugue um airbnb no início e procure alguma assessoria pra te ajudar. O problema é que não conheço ninguém aqui em Bologna. Se pudermos ajudar em algo mais, conte com a gente. Abraço!