Quando os seis meses que passamos em Londres acabaram, em outubro de 2010, falamos pra nós mesmos: vamos voltar um dia!
Acho que todos que passam por uma experiência fora do país acabam falando isso. Mas o problema é que falar é fácil. Fazer, não é tão simples assim. Ao menos pra nós não foi…
Em Curitiba, após Londres, a vida seguia, mas o tal itchy feet e a depressão pós-Londres, que a Nah já contou aqui, incomodavam.
Tanto que fomos morar por quatro meses em Buenos Aires pouco depois que voltamos pra casa. A vida porteña foi o estalo que faltava para percebermos que a tal coceira nos pés pra viajar era algo muito forte.
Um estilo de vida
Esses 10 meses que passamos fora do Brasil entre 2010 e 2011 nos fizeram muito bem.
No clichê: amadurecemos como cidadãos e profissionais. Nos tornamos um casal mais unido. E sabíamos que essa coisa de viajar era pra sempre!
Foi aí que começamos a sonhar em viver algo que hoje tento chamar de um estilo de vida semi nômade. Mas como?
Como viver fora do país sem ter que encarar os chamados sub-empregos? Nada contra, sério! Respeito e admiro demais quem rala pra ganhar a vida de forma honesta e dedicada, seja na área que for!
Tento explicar: tanto eu como Natasha nos formamos jornalistas. E somos apaixonados por essa arte de juntar letrinhas.
Ver o mundo, tentar aprender um pouco de muito e muito de pouco. Transmitir informação e conhecimento. Ajudar pessoas a partir de coisas que você gosta e entende! Isso é um pouco do que resume o Jornalismo pra mim. E seria muito triste, tanto pra mim como para a Nah, ficar longe de tudo isso.
Como conseguimos exercer nossa profissão nessa condição viajante?
Foi em 2010, poucos meses antes de embarcarmos para Londres, que nossa vida de jornalistas autônomos começou. E foi aí que o home office entrou em nossas vidas.
Eu era assessor de imprensa de uma consultoria de investimentos. A Nah produzia conteúdo para o blog de uma revista, também do mercado financeiro. Trabalhávamos em Curitiba, de casa.
Sem muito pensar, planejar ou temer que a grana não daria levamos nosso escritório para o Velho Continente. Aviso: planejamento é fundamental. Mas vai dizer isso pra dois jovens recém formados e doidos pra cair na estrada?
Em Londres, trabalhávamos muito! E o fuso prejudicava, pois precisávamos estar conectados de acordo com o horário da BMF & Bovespa e todas as suas agudas e eternas crises.
Com o pregão fechando às 18h em São Paulo, em Londres, era só lá pelas 23h que começávamos a fechar o escritório.
Apesar das jornadas de trabalho por vezes dignas da Revolução Industrial, essa experiência foi demais! Na época não havíamos percebido, mas Londres nos proporcionava ao maior estilo inglês de ser, discreta e eficiente, uma nova forma de vida!
Nascia o estilo de vida semi nômade
Morávamos em Londres. Trabalhávamos para empresas brasileiras. E funcionava!
A lição que ficou foi: atender clientes oferecendo serviços jornalísticos, com qualidade, em qualquer lugar do mundo, era possível.
Em nossas cabeças não fazia mais sentido correr atrás de um emprego com carteira assinada sendo que podíamos ter o mundo como jardim.
O desafio
Estava em nossas mãos criar os mecanismos pra fazer isso acontecer. Foi nesse contexto e alguns outros projetos freelas depois, que surgiu a LondonPress. A empresa que hoje é corresponsável por nos levar ao UK novamente.
Em dois anos de atividade ralamos e penamos muito. Continuamos fazendo isso, claro. Mas, hoje, com clientes satisfeitos, reconhecimento e respeito do mercado e, acima de tudo, realizados profissionalmente!
Grana é parte ou consequência disso tudo. Ela pode não vir sempre, mas manter o foco no que você é bom ajuda e atrai!
A LondonPress
Levamos Londres no nome da nossa empresa pela mais óbvia e honesta homenagem que poderíamos fazer. Nossas vidas passaram por uma completa ruptura a partir daqueles seis meses de 2010. A cidade nos uniu, nos fez crescer, nos mostrou que poderíamos trabalhar juntos e ter mais qualidade de vida. Devíamos essa homenagem a Londres. ;)
Agora, estamos voltando pra lá por uns meses para dar uma atenção maior ao Pra Ver Em Londres – e para você que nos acompanha há tanto tempo.
Vamos fazer valer nossa missão de ajudar pessoas a viajar mais, melhor e gastando menos! Com a LondonPress na mala junto com a saudade do Piva.
Atualização em 2019: Hoje, nossa empresa se chama Handmade Content. :) Mudamos o nome no ano passado, para adequar ao novo momento que vivemos profissionalmente.
Faltam poucos dias para o embarque! Um novo tempo de descobertas e desafios gigantes vem aí!
Até lá, fica aquela estranha sensação do medo combinado com a ansiedade e a perspectiva de ver novos sonhos acontecendo, além do pensamento “tem tudo pra dar certo, mas na pior das hipóteses teremos passado mais alguns preciosos meses de nossas vidas na cidade mais incrível do mundo”. E isso, por si só, vale a viagem! =)
Por que escrevi esse texto
Gosto muito de conhecer histórias inspiradoras de gente que foi na contramão do tradicional pra ser mais feliz. Como as contadas nos vídeos do continuecurioso.
E sei que tem muita gente que sonha em viver de forma remota. Ou viver viajando.
Eu e a Nah temos o privilégio de ter cursado Jornalismo, que, apesar de não ser a profissão mais lucrativa do mundo, é capaz de proporcionar isso tudo que estamos vivendo hoje. Mas a tecnologia é aliada de todos. É possível que você possa atuar de forma remota em sua área. Estude, bote a cabeça pra funcionar e mãos à obra.
Um grande sonho move sua vida! Cabe a você ter calma, sabedoria, paciência, foco e determinação pra fazê-lo acontecer!
E desencana desse negócio de “chegar lá”, “alcançar o sucesso”. Isso é bobagem. Correr atrás disso é que é a grande diversão da vida.
Dicas de Home Office
O GoHome reúne muita informação sobre home office. Foi criado pelo André Brik e pela Marina Sell Brik, um casal aqui de Curitiba. Ele designer, ela jornalista. Eles começaram com um blog há algus anos e hoje têm livro publicado sobre o assunto e fazem muitas coisas legais! Certamente podem te ajudar e te inspirar. O André escreveu o artigo 7 coisas que todo mundo precisa saber sobre home office. Vale a leitura!
Também recomendo a leitura do livro Trabalhe 4 horas por semana. É uma espécie de manual da vida remota. Bastante inspirador! O Efetividade tem um post bem legal sobre a obra.