Desenvolver um novo hábito não é algo simples. É preciso tempo (alguns especialistas dizem que são necessários 21 dias para criar – ou desfazer – um hábito), dedicação e força de vontade.
Por isso mesmo, apesar de a vontade de escrever sobre o tema do post de hoje ter surgido logo no dia 1 da nossa “vida nova”, esperei de fato ela se tornar um hábito para falar sobre o assunto.
Mas antes de explicar essa história, preciso voltar no tempo…
Pausa rápida!
Em 2015, o João escreveu uma matéria sobre o livro O poder do hábito para a revista VendaMais. Para ler, clique aqui.
Rotina, hábitos e qualidade de vida (ou a falta dela)
João e eu trabalhamos de casa desde 2010, quando fomos para Londres juntos pela primeira vez.
Na época, que marcou o início das nossas vidas de profissionais autônomos, eu era repórter de uma revista de investimentos (#saudadeInvestMais) e editora do blog da revista, e o João era assessor de imprensa de uma consultoria de investimentos (pois é, é daí que vem nossa riqueza. Hahaha, quem vê pensa).
Jovens (eu tinha 22 anos, o João, 24), com o dinheiro contado (ganhávamos em reais e gastávamos em libras! – que, na época, estava baratinha: £1 = R$ 2,60) e apaixonados pelo que fazíamos, mesmo estando quatro horas à frente do fuso brasileiro, iniciávamos nossa rotina de trabalho sempre às 9h da manhã.
E não pense que parávamos de trabalhar às 18h do horário de Londres.
Como a bolsa de valores de São Paulo fecha entre 17h e 18h (dependendo do horário de Brasília) e nosso trabalho estava muito relacionado a ela, era só depois de pelo menos 22h do nosso horário que começávamos a pensar em “fechar o escritório”.
Olhando para trás, confesso que não entendo por que a gente trabalhava TANTO naquela época. Mesmo quando cada um de nós só tinha UM cliente o ritmo era frenético. Depois, assumimos outros freelas e, claro, ficamos ainda mais loucos. Culpo a juventude e a falta de maturidade mesmo. haha
Desde então, sempre que estivemos fora do Brasil mantivemos a rotina mais ou menos assim. O escritório abria no tradicional horário comercial – do país em que estivéssemos – e só fechava perto do fim do horário comercial NO BRASIL. =/
O volume de trabalho aumentava e diminuía, mas a gente nunca trabalhava muito menos horas do que isso, não.
O engraçado é que nas temporadas que passamos em terras brazucas tínhamos jornadas mais equilibradas. Porém, NUNCA conseguimos fazer o mesmo estando em outros lugares.
Vai entender…
Nove anos depois do começo de tudo, mais maduros e com reflexos claros do excesso de trabalho na nossa saúde (física e mental), recentemente começamos a questionar e repensar nossa rotina.
Mudanças que geram mudanças
Em março deste ano, já vivendo em Valência (onde, no momento, estamos 5h à frente do Brasil “no tempo”), adotamos o que eu tenho chamado de “slow mornings”. Ou seja, do momento em que acordamos até às 13h, nada de escritório aberto!
Tem dias em que a gente vai pro parque, joga a canga na grama e lê um pouco.
Em outros, eu estudo espanhol e o João vai para o pilates.
Às vezes, é pra academia que vamos.
Há dias em que tudo que queremos é ver Masterchef e ficar de boa.
Já tiramos manhãs para explorar o lado turístico de Valência e visitar exposições em museus.
Se precisamos resolver burocracias, as manhãs também podem servir para isso.
E assim por diante.
O momento da virada
O que aconteceu foi que a gente percebeu que nosso dia a dia em casa era composto simplesmente de trabalhar + comer + beber (e ver uns episódios de séries, é claro, porque ninguém é de ferro).
Afinal, trabalhando das 9h às (pelo menos) 18h, quando a jornada de trabalho chegava ao fim, tudo o que a gente queria era descansar.
Nisso, nossa vida pessoal seguia negligenciada. E, apesar de morarmos em cidades superlegais nesse tempo todo, a vida nelas DE VERDADE era coisa só de fim de semana.
Aliás, como a gente não precisa sair de casa para trabalhar, passar alguns dias sem colocar o pé pra fora da porta era comum (especialmente pra mim; o João, por ter o hábito de pedalar de manhã, saía mais). E isso começou a nos incomodar MUITO.
Pô, moramos numa cidade em que o sol brilha em mais de 300 dias do ano, o Mediterrâneo – esse “marzão besta” (oi, Dads) – tá a um pulo de bike de distância, o trabalho está mais equilibrado (e, “oi, privilégio”, não exige que estejamos fisicamente presentes em nenhum lugar específico)…
Estava na hora de mudar; de viver mais!
Isso sem falar que SEMPRE trabalhamos bem à noite e que contamos com a ajuda do fuso neste sentido – já que estamos entre 3h e 5h à frente do Brasil e, portanto, nossos clientes iniciam e terminam a jornada de trabalho mais tarde…
É verdade que o fato de o sol já estar se pondo às 21h aqui (!) tem ajudado muito. Afinal, por mais que trabalhemos até 22h, 23h, o céu nos faz pensar que nem é tão tarde assim. Mas na hora em que os dias passarem a ser mais curtos a gente repensa a rotina novamente. Até lá, temos pelo menos uns bons cinco meses para levar a vida dessa forma mais leve. :)
E aí?
O resultado dessa mudança começou a aparecer logo nos primeiros dias.
É impressionante como eu me tornei mais produtiva no trabalho desde que adquirimos este novo hábito! As horas parecem render mais, eu tenho mais energia e estou me achando até mais criativa. :)
E o Kike (você tem a ver com isso)? :)
Eu sei que decidir não trabalhar pela manhã ou poder escolher quando, onde e como trabalhar é um privilégio imenso e que talvez pra você isso seja algo distante.
Por isso mesmo, meu objetivo não é fazer você aderir ao que chamei de slow morning.
O que quero é provocar uma reflexão sobre as coisas que fazemos no “piloto automático” e, consequentemente, sobre a importância de nos perguntarmos “por quê?” – e, depois “como?” (mudar o que nos incomoda, fazer melhor, viver melhor!).
De maneira geral, o ser humano tem o costume de fazer as coisas como sempre foram feitas (afinal, dizem que em time que está ganhando não se mexe, né?), e por causa disso, grandes oportunidades de melhoria se perdem.
Meus “por quês?” (e, depois, meus “comos?”) me trouxeram mais tempo para pensar, mais vontade de fazer coisas novas e diferentes e resultados melhores em todas as esferas da minha vida – até post novo eu escrevi depois de DOIS ANOS :O. Espero que os seus façam o mesmo por você! :)
Se você já passou por algo semelhante e quiser compartilhar sua história, a caixa de comentários tá aí pra isso. ;)
Até a próxima!
Nah
– que estava com muita saudade de escrever aqui.. :)