Recentemente, conhecemos uma família que nos contou uma série de histórias interessantes (e ao mesmo tempo extremamente tristes) sobre a vida em Londres em um dos períodos mais difíceis da história: o da Segunda Guerra Mundial. Os “Allpress” eram em mais ou menos 12 – mãe, pai e cerca de 10 filhos (margem de erro de dois para mais ou para menos. hehe), e tinham um milhão de histórias para contar…
Textos, fotos, áudio e ambientes inspirados nos da época não apresentavam apenas a realidade desta família na Londres da primeira metade do século XX, mas também a realidade de todos aqueles que moravam aqui (e no Reino Unido como um todo) nesse período.
Ligando os pontos dessa história talvez você já tenha entendido onde quero chegar. Conhecemos a família Allpress não nas ruas de Londres, mas dentro de um dos museus mais incríveis da cidade, o Imperial War Museum (Museu de Guerra Imperial), que desde 1920 conta a história das batalhas e das vidas afetadas pelas forças bélicas desde a Primeira Guerra Mundial.
Dividido em diferentes áreas e contando diferentes histórias, o Imperial War Museum ensina história ao mesmo tempo que comove e nos faz entender e compreender alguns dos traços que permanecem até hoje nas características dos londoners, dos ingleses, dos britânicos e até mesmo dos europeus de uma forma geral. E é o museu de Londres que apresento hoje para você…
Change!
A visita ao Imperial War Museum começa antes mesmo de entrarmos nele.
No jardim em que o incrível prédio do museu fica, um pedaço do Muro de Berlim grita: “Change your life!”
E é um ótimo ponto de partida para tudo o que se vê da porta para dentro do museu. Afinal, chega de guerra, né? :)
Além disso, ainda fora do museu se observam estes dois canhões:
É, pra convencer os indecisos a entrarem de uma vez. :)
Vamos lá, então?
Por dentro do Imperial War Museum de Londres
Desde o ano passado o Imperial War Museum de Londres está passando por uma mega reforma, e algumas de suas áreas não estavam abertas ao público nessa nossa última visita. Aliás, é importante frisar que no momento TODO o museu está fechado. Ele será reaberto em julho deste ano (2014).
Mas não podia deixar essa dica para depois, porque saímos de lá com tanta coisa na cabeça e refletindo sobre tudo que precisávamos falar sobre ele logo. :)
Ao todo vimos seis exposições, dentre as quais destaco quatro:
- War Story: Supplying Frontline Afghanistan – mostra como é a vida dos soldados britânicos que estão no Afeganistão na chamada “guerra contra o terror” por meio de fotos e dados. É uma exposição bem pequenininha, dá pra ver em uns 15/20 minutos.
Além das fotos, há vários murais com informações sobre a vida dos soldados britânicos no Afeganistão espalhados por esta sala. Alguns números surpreendem. Olha só:
- Em 2010, 3500 toneladas de munição foram transferidas do Reino Unido para o Afeganistão;
- No mesmo ano, mais de 200.000 sacolas contendo correspondências foram enviadas do UK pro Afeganistão e de lá pra cá . Bastante coisa em tempos de internet e telefone, né? Mas é que para quem está em campo de batalha as cartas ainda são o único meio de comunicação;
- Em 2011, as tropas britânicas consumiam 7.5 toneladas de batata por semana;
- Em 2012, a equipe de profissionais enviados do Reino Unido pro Afeganistão era de mais ou menos 9.500 pessoas!;
- Também em 2012, mais de 2.700 veículos britânicos circulavam em território afegão;
- 150.000 litros de combustível são consumidos diariamente pela equipe britânica no Afeganistão.
E para viver seu dia a dia no Afeganistão, um soldado britânico leva consigo “só” isso:
Não quero entrar aqui no mérito da guerra em si (mas é bom dizer que sou contra qualquer tipo de guerra), mas o fato é que não tem como não se comover com tudo o que a gente vê nesse pequena parte do museu. E não só com a parte emocional, mas também com a financeira. Pare e pense: 7.5 toneladas de batata por semana. Só com isso já vai umas boas Rainhas, não é mesmo? E tudo isso para uma guerra que vai trazer o que de benefício para a humanidade?
Impossível não se questionar…
- A family in wartime – “No dia 03 de setembro de 1939 a Grã-Bretanha declarou guerra contra a Alemanha. Para as famílias britânicas, a vida nunca mais seria a mesma. Esta exposição apresenta os Allpresses, uma família real que vivia no Sul de Londres quando a guerra começou”
Esta foi minha exposição preferida. Adoro aprender por meio de imersão, e é o que “A family in wartime” proporciona. Ao mesmo tempo em que o tema é pesado, a história das pessoas traz uma leveza. Levamos cerca de uma hora para ver tudo, mas passou muuuito rápido porque era tudo muito interessante.
Enfim, não tem como não se imaginar na pele dos Allpresses. A família deles podia ser a nossa, e isso torna a compreensão dos fatos muito mais simples. Recomendo muito!
- Holocaust – como o nome diz, é a exposição que apresenta a história do holocausto e de todo o terror causado por Hitler e sua turma contra judeus e várias outras minorias. É, sem dúvidas, a parte mais pesada do museu – inclusive crianças são aconselhadas a não entrar. Não é permitido fotografar a exposição, mas eu posso garantir que ela é MUITO completa. Estivemos também no museu do Holocausto em Berlim e a exposição do Imperial War Museum é quase tão intensa quanto aquela – que está no lugar onde tudo começou, né? Uma hora, uma hora e meia do seu dia no Imperial War Museum deve ser dedicado à esta exposição.
- Secret War – explora os temas espionagem, forças especiais e aí por diante, e é muuuito interessante. O que se vê lá é a ação dos 007 da vida real. Porém, o espaço em que ela fica é meio apertado, e como há bastante informação para ser lida ao longo da exposição às vezes acumula um monte de gente em uma “janelinha”, o que dificulta bastante a leitura. Essa exposição por si só ocupa mais de uma hora da visita.
Sobre as outras exposições do IWM
Ainda vimos uma exposição fotográfica de guerra e outra que… desculpa, mas não lembro. Já estávamos bem cansados (é bastante informação pra assimilar, e informação pesada, minha gente) e não demos bola pra ela, confesso. =/
Além disso, estava em cartaz uma exposição paga que, segundo uma das monitoras do museu, era mais voltada pra crianças – Spies: Horrible Stories e alguns tanques, jipes de guerra estavam espalhados pelo prédio do museu. Isso porque normalmente a área central do Imperial War Museum concentra esse tipo de coisa, mas está temporariamente fechada para a reforma que citei no começo do post.
Também não pudemos ver as famosas galerias “Second World War”, que promovem uma experiência sensorial em uma Londres bombardeada. Uma pena. :(
Imperial War Museum: veredito final
No nosso ranking estelar, o Imperial War Museum de Londres mereceu 4 estrelas!
Por que não 5? Porque estava em reforma, oras. Mas isso não será problema pra você que planeja visitá-lo depois de julho. Afinal, quando ele reabrir no verão deste ano estará já prontiiinho. E aí, meu caro, cinco estrelas com certeza. :)
Só preciso fazer mais algumas observações…
Você deve ter reparado que falei em tempo para ver as exposições, certo? É que para aproveitar ao máximo o museu é preciso ler. E ler muito. Todas as exposições estão muitooo detalhadas em texto. E isso, claro, toma tempo. Então é bom programar umas 3, 4 horas para visitar o Imperial War Museum com calma.
E se você não tem paciência para ler, o melhor talvez seja nem ir ao museu. Ou só ver a parte dos veículos de guerra mesmo. ;)
Gostou e ficou afim de começar a planejar sua visita? Se liga no serviço:
- Entrada: Gratuita – exceto para algumas exposições pontuais
- Site: http://www.iwm.org.uk/
- Horários: das 10h às 18h, diariamente (fechado 24, 25 e 26 de dezembro)
- Onde fica: Lambeth Road SE1 6HZ
- Estações de metrô mais próximas: Lambeth North (Bakerloo Line, marrom); Waterloo (Bakerloo – marrom, Northern – preta, Jubilee Line – cinza), Southwark (Jubilee Line – cinza) e Elephant & Castle (Bakerloo – marrom, Northern Line – preta)
- Nossa sugestão: vá a pé do Big Ben. É uma caminhadinha suuuper gostosa de cerca de 20 minutos. :)
Bom passeio!
Beijobeijo,
Nah
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18 thoughts on “Imperial War Museum: histórias de guerras contadas em Londres”
Achei super interessante e me arrependi, lendo o post, de não ter ido quando estive em Londres.
Fica pra próxima, Andrea! ;)
Eu e minha namorada estivemos nessa semana no Museu. Realmente a reforma atrapalha muito o clima do ambiente, e como nosso inglês é péssimo não conseguimos aproveitar ao máximo os textos e descrições detalhadas, mas só as imagens e a exposição do holocausto já vale a pena e é algo realmente bem pesado e triste.. Parabéns pelo blog, finalizo minha viagem de 2 semanas amanhã, e seu blog foi muito útil na nossa preparação. Abraço
Oi, Lucas! Tudo bem?
Pois é, eu fiquei pensando nas pessoas que não têm o inglês tão avançado. Deve ser complicado mesmo. =/
Mas que bom que você achou que a visita valeu a pena. Isso é o que importa. :)
Coisa boa saber que o blog foi útil na preparação da viagem de vocês. :)
Espero que nas próximas viagens, para outros destinos sobre os quais já falamos, nossos posts também ajudem.
Abraços aos dois!
Esse museu é espetacular!
Assinamos embaixo. hehe
Oi, ainda não conheço o Imperial War Museum, mas como vou estar por aí em meados de março e início de abril, pelo que li o museu estará fechado. Terá que ficar para a próxima viagem. Já tinha colocado essa visita no roteiro, será mais uma desculpa para retornar a Londres! afinal, We love London! Abraços.
Opa, com certeza, Marta. É sempre bom ter motivos para retornar. :)
We love London, right? :)
Obrigada pela visita e pelo comentário.
Abraços
Parabéns, ótimo post! Esse museu é um dos meus preferidos!!
Que bom que gostou, Flávia. Sempre bom ver você por aqui. :)
Beijo!
Claro! O blog de vcs é o máximo!! Continuem com o ótimo trabalho!! Abraços
Obrigada, querida. :)
Beijão
Parabéns por mais este post, riquissimo nos detalhes, obrigado por nos proporcionar a sensação de estarmos dentro do museu.
opa, adorei saber que consegui fazer você se sentir dentro do museu, Rafael. Significa que consegui cumprir meu objetivo. hehe
Obrigada pela visita e pelo comentário. :)
Abraços!