Se tem uma coisa que eu adoro como viajante é poder conhecer uma cidade com a ajuda de quem a conhece bem. Assim, logo que decidimos que o sul da Itália estaria nos planos da nossa lua de mel dei pulinhos de alegria por saber que uma grande e linda amiga minha de infância que há anos mora em Reggio di Calabria estaria por lá.
E não poderia ter sido melhor. Dona Vanise não apenas nos recebeu super bem como deu as melhores dicas de insider do mundo. A praia que vou te apresentar hoje é uma delas. Vem comigo!
Como tudo começou…
Como já falamos algumas vezes, um dos motivos para incluirmos o sul da Itália no roteiro dessa trip do ano passado foi o fato de que o João precisava finalizar o processo de cidadania italiana dele e tinha um advogado ítalo-brasileiro que fazia a ponte que era lá do bico da bota.
Por questões burocráticas, nossos 10 primeiros dias na Itália foram em Mammola, uma cidadezinha minúscula na Calabria com pouco mais de três mil habitantes (!) e da qual agora meu marido é cidadão. \o/
Apesar de muito fofa, Mammola não tem nenhum grande atrativo, então não vou me estender nos detalhes sobre ela. Se quiser saber mais, clique aqui.
Passados esses dez dias, por um problema de comunicação (ou de sacanagem dos caras da cidadania, nunca vamos saber ao certo) acabamos viramos sem-teto na Itália. AHAM. haha. A justificativa deles é que aquela parte do processo tinha sido finalizada e que nossa acomodação lá não fazia mais parte do contrato (coisa que não tinham nos explicado antes). Desesperada, fui atrás da minha amiga para ver o que poderíamos fazer (sabendo que por mais que ela oferecesse a casa dela, lá não ia rolar ficar, porque o apê era pequeno). A ideia que ela nos apresentou ou reproduzo neste diálogo:
- Nah: Ni, não sei o que fazer. Não temos onde ficar. Ou adiantamos o restante da nossa trip ou teremos que desembolsar uma grana em acomodação que não podemos.
- Ni (bem de boa, do jeitinho fofo dela): Ai, amiga, fica calma. Vai dar tudo certo. Olha só, eu tenho uma amiga que tem uma casa em uma praia que fica bem pertinho aqui de Reggio que é enorme, e ela tá sozinha lá. Certeza que vocês podem ficar com ela esses 15 dias.
- Nah (um pouco mais calma): Ai, Ni, não sei. Não é chato?
- Ni (rindo da minha cara): Cala boca, amiga. É bem de boa. Vou fazer meu aniversário lá no sábado. Vocês vão comigo, dormem lá, conversam com ela e vêm como fica.
- Nah (aliviada): Tá bom então, Ni. Fechou. :)
Nos mandamos para Scilla no começo da madrugada de sábado. Como chegamos tardão, nem tivemos tempo de ver nada. Dormimos na casa de um amigo da Ni que ficava em um “bairro” chamado Chianalea. Estava muito escuro para ver qualquer coisa da janela, então capotamos! Quando acordei com o barulho do mar resolvi dar uma olhadinha e me deparei com esta imagem:
… Naquele mesmo momento concluí que não ia ser difícil passar os tais 15 dias nesse pedaço do paraíso no sul da Itália. :)
Scilla em foco
23 quilômetros separam a capital da província, Reggio di Calabria, de Scilla, cidade que fica no estreito de Messina e é composta de três partes: o centro, Chianalea e a Marina de Scilla, uma praia de águas transparentes de temperatura agradável (depois dos 5 primeiros minutos, claro), pedrinhas, Lidos (como o da foto abaixo), lanchonetes, restaurantes, hotéis e casas de veraneio de alguns privilegiados – inclusive da mais querida “calabresa” de todas, nossa anfitriã Chiara (a amiga da Ni).
Nos 15 dias que passamos lá, choveu mais ou menos meia hora. Nas outras muitas horas pegamos sol e calor e aproveitamos mergulhando com peixinhos coloridos no mar, saboreando deliciosos panini, macedonia (hummm… salada de fruta fresquinha), cornetto (croissant italiano), birras geladas, etc. etc. etc.
Como se não bastasse tudo isso, Scilla ainda abriga um castelo de onde vimos um pôr do sol lindíssimo – arrisco dizer que foi um dos mais belos que já vi na vida. A entrada no Castello dei Ruffo custa simbólicos 2 euros, e dentre as poucas informações disponíveis a seu respeito está o fato de ele ter sido construído em meados do século IX.
Quando o visitamos, pudemos passear pela estrutura (que inclui esse farol lindão cercado de flores da foto abaixo), curtir o incrível visual e ainda conferir uma exposição fotográfica que mostrava o fundo do mar da da Calabria. Bem bacana. :)
Além de tudo isso, ainda fomos presenteados com uma cena belíssima um dia enquanto trabalhávamos em um café no centro da cidade. Era mais ou menos 17h30 quando escutamos o sino da igreja ao lado badalar e concluímos que uma cerimônia de casamento estava chegando ao fim (a pompa dos convidados denunciava isso). Corremos para a porta e de pertinho vimos a saída dos noivos e a liberação de dois pombos brancos. Fechou nossa temporada em Scilla com chave de ouro. O João fez este belo registro:
Por todos esses e por vários outros motivos (a simpatia do povo, a culinária deliciosa, as facilidades da vida por lá, as vespas espalhadas por todos os cantos…), Scilla nos encantou. Entrou pra lista de cidades preferidas do mundo, cidade que pretendemos revisitar e passar mais alguns dos dias mais felizes de nossas vidas. Uma cidade que mostra que é preciso ter muito pouco para ser feliz.
Foi bem difícil escrever esse post pois apesar de ser pequena em tamanho, Scilla é enorme em qualidades, e daria para falar mais e mais e mais sobre ela, além de postar um milhão de fotos. Porém, meu objetivo aqui é convencê-lo a incluir esse pedaço do paraíso na terra em seu roteiro pelo Sul da Itália (consegui até aqui?), então para concluir dou uma mãozinha no planejamento com dicas práticas. Que tal?
Vamos começar pelo “como chegar…”
Como disse anteriormente, a maior cidade próximo de Scilla é Reggio di Calabria. De Reggio, a melhor maneira de ir para Scilla é, sem dúvidas, de carro. Em 20 minutinhos você vai de uma cidade a outra pela autoestrada A3 ou, se preferir, pode ir por dentro das cidades que ficam no caminho, admirando toda a italianice e, em 30/40 minutos você estará lá. Manda ver no GPS e vai com fé. :)
Caso você não esteja de carro, dá para ir de trem. Aliás, de trem você consegue cruzar a Itália de Norte a Sul, como contamos neste post. :)
Para isso, basta acessar o site da Trenitalia e buscar a passagem ideal. Antes de mais nada, se assim como eu você no parla italiano, troque o idioma da página para o inglês. Depois, na busca, troque “ticket” por “passes”, pois na opção ticket ele só busca trens Le Frecce, eo Le Frecce não faz esses trechos regionais.
Depois disso, apesar de você poder visualizar os horários dos trens pode ser que não consiga comprar sua passagem online, porque são estações menores e às vezes é preciso comprar pessoalmente. Mas pelo menos você tem as informações que precisa para se planejar, né? A viagem de trem entre Reggio e Scilla dura mais ou menos 40 minutos e o preço gira em torno de 10 euros.
Dependendo de onde você estiver antes de chegar a Reggio di Calabria você pode ir pra lá de trem, carro, ônibus e avião. A cidade tem o aeroporto Tito Menniti e lá pertinho tem também o Lamezia. Dá uma pesquisadiola! ;)
Onde ficar?
Como a gente ficou na casa de uma amiga não podemos recomendar especificamente um hotel/hostel em Scilla. No entanto, para não deixá-lo na mão pesquisei algumas opções (não vou ganhar nada por isso, ok? :). Aqui, ó:
Agora é com você. Defina datas, como chegar, onde ficar e APROVEITE! Entre nos restaurantes que for com a cara, passeie pelas ruas que achar mais encantadoras, compre seu snorkel, óculos de mergulho, pé-de-pato e vá nadar com peixinhos coloridos. Você vai se divertir. Só não vá fazer como o João e se deixar queimar por uma água-viva. Machuca. :)
Ah, e largue o carro. Passeie por Scilla a pé. Enfrente as escadas para subir e descer do centro (a não ser que decida fazer como nós e ficar 15 dias, porque aí complica. hehe), vá da Marina a Chianalea fazendo uma deliciosa caminhada e observe todos os detalhes a sua volta. Seus dias por lá ficarão ainda mais incríveis assim!
Pra encerrar deixo você com mais umas fotinhos dessa terra encantadora…
Bora sair do roteiro clássico italiano Roma-Florença-Veneza-Pisa e explorar o sul também?! =D
Beijobeijo e até a próxima,
Nah.
11 thoughts on “Scilla: uma bela surpresa do Sul da Itália”
Nem sei dizer qual é a foto mais linda!
Parei na do “mergulhando com peixinhos coloridos” e bateu uma tristezinha de não ter a Scilla no roteiro da nossa viagem, aí cheguei na foto do pôr do sol e comecei a sofrer mesmo! hahahaha
É impossível não imaginar a quantidade de lugares lindos como a Scilla estão ‘perdidos’ neste mundão.
Só um beijo hoje, Nati… porque eu estou sofrendo haha :(
hahahahaha
Só um beijo hoje foi ótimo.
Mas não fique triste, amada. Tenho certeza que sua viagem será incrível. E vocês já têm um motivo a mais para voltar para a Itália. Que tal? :)
hehe
E você tem razão, deve haver milhares de outros mini-paraísos por aí. E, ó, eu incluiria Toledo nessa lista, hein? :)
Beijobeijo procê
Uau… que paraíso.
Quero já hahaha
Sei que é muito pessoal mas, vou arriscar rs
A cidadania é muito cara?
Vc tem algum post que fala sobre esse processo?
“to” louca pra fazer a minha mas, não sei por onde começar :-(
obrigado
Oi, Joseane! Tudo bem?
Incrível, né?? :)
Pode colocar na lista. hehe
É difícil falar sobre custos da cidadania porque depende de como você faz o processo.
Se fiz pelo Brasil e esperar toda a lentidão normal daqui os custos são bem menores (e eu nem sei dizer porque a gente não quis esperar). Da maneira como fizemos tudo saiu mais ou menos R$ 12.000,00!
É caro, sim, mas vale a pena porque sai bem mais rápido. Entre o início do processo e a conclusão na Itália levou seis meses. Agora só falta chegar o passaporte (a cidadania em si já saiu), que deve chegar até o fim de julho. No total, total mesmo vai dar um ano.
Não temos post sobre isso e é um debate interno. haha
Eu sou a favor de escrevermos como o foi o processo do João em detalhes, ele não quer porque tem medo que todo mundo tenha um milhão de dúvidas e a gente não saiba responder (afinal, não somos especialistas nisso, né?).
Mas vamos pensar com carinho na possibilidade de escrever sobre o processo dele. ;)
De qualquer forma, para começar faça o seguinte: vá ao consulado mais próximo de você e informe-se. A gente fez isso, reuniu todos os documentos (certidão de nascimento, casamento e óbito) dos homens da família anteriores ao João, traduzimos e demos entrada no processo.
Boa sorteee!
Espero ter ajudado pelo menos um pouquinho.
Obrigada pelo seu comentário.
beijos
uau…uau…uau… vc é o máximo ;-)
Tão atenciosa e tão boazinha :-)
Pensa sim com carinho, diz ao João que a experiência dele pode servir de exemplo e de incentivo para muitas e muitas pessoas.
uau… o precinho me assustou :-)
Meu problema é: não tenho esses documentos necessários :-(
Não sei nada sobre meus familiares antepassados só que eram Italianos :-(
Mas, muito obrigado por compartilhar sua atenção vc é uma fofa.
Desejo muita sorte e sucesso pra vcs.
beijão
Ai, ganhei meu dia com o “atenciosa e boazinha”. hehe
Faço isso com amor e esperando ajudar, aí sempre que recebo um carinho em troca me derreto toda. hihi
Obrigada pelas palavras, Joseane.
Pode deixar que eu vou tentar convencê-lo a escrever sobre o processo todo. ;)
E se conseguir convencê-lo pode deixar que te aviso em primeiríssima mão.
Pois é, pois é, barato não é (até rimou. haha). A gente fez uma super economia pra isso.
Então bora descobrir detalhes sobre seus antepassados, flor. Enquanto isso vai poupando.
Qualquer coisa grita. Ajudo no que puder.
Obrigada pelos votos de sorte e sucesso. Desejo o mesmo pra você.
Beijobeijo
amei o post!! quero conhecer Scilla e a Itália toda: terra do pai dos meus netos que virão!!
hahaha
Com certeza eles virão, mamadi. Só não sabemos quando. :)
Que possamos ir todos juntos para lá. Seria delicioso.
Já fui e é uma região de Itália ao qual irei voltar! Amei as fotos :D
Demais, né, Pedro? :)
Também pretendemos voltar!
Abraço