Quem nos acompanha há algum tempo, já deve ter percebido que dificilmente a gente reúne apenas dicas práticas de viagem em um post; sempre acabamos contando, mesmo que rapidamente, uma historinha que ajuda a ilustrar o tema em questão. Coisa de jornalista! :)
Porém, histórias que aparentemente são apenas boas histórias, muitas vezes acabam ficando guardadas na nossa “pasta” de boas recordações – e volta e meia falamos sobre elas entre nós.
Como originalmente blog é um espaço para o blogueiro registrar suas memórias, pensamos que estava na hora de tirar algumas dessas boas histórias da tal pasta. Mas, para não perder a característica principal do Pra Ver em Londres, que é ser um canal de “utilidade pública”, as histórias que contaremos nessa nova seção sempre terão uma “lição de moral”, que com certeza poderá ser útil para você um dia. :)
Para começar, conto hoje a primeira grande história de viagem que vivemos juntos. Um episódio que mostra que talvez seja uma boa ideia você nos perguntar, antes de comprar sua passagem, se por acaso a gente não vai viajar no mesmo dia que você… =)
Um raio cai, sim, duas vezes no mesmo lugar
Em 2010, João e eu éramos recém-formados empolgadíssimos para vivermos nossa primeira grande experiência internacional juntos (já tínhamos passado dez dias em Buenos Aires antes, mas dessa vez íamos ficar seis meses em Londres. Oooutra história, né?).
Com tudo muito bem organizadinho, acordamos no dia 15 de abril daquele ano prontos para partir para a Terra da Rainha. Mas bastou ligarmos a tevê cedinho para termos a leve impressão de que nossa viagem podia ser mais complicada do que imaginávamos…
Um vulcão de nome feio e comprido (Eyjafjallajkull) tinha entrado em erupção na Islândia, e a fumaça dele já fechava alguns aeroportos do Velho Continente.
Nossa rota era a seguinte: Curitiba → São Paulo → Toronto (era barato, gente. Eu juro!) → Londres
Dava tempo de boa desse vulcãozinho parar de prejudicar os viajantes, né? #AHAMNatasha
Bom, era isso que a gente pensava. Nunca na minha jovem vida (tinha 22 anos) tinha ouvido falar de vulcão que fechava espaço aéreo por diiias e dias.
Nosso embarque em Curitiba foi tranquilíssimo (apesar da choradeira na despedida dos pais e amigos) e nosso pouso na terra da garoa também. Tudo começou a mudar na hora do check in na Air Canada. A mocinha que nos atendeu disparou:
– O aeroporto de Londres está fechado por causa do vulcão. Talvez o voo de vocês de amanhã, lá em Toronto, seja cancelado. Como estamos avisando ainda em São Paulo, vocês têm duas opções de escolha:
- Ficam aqui e a companhia se responsabiliza pelos custos de vocês enquanto as coisas não normalizarem;
- Embarcam e, caso o voo de vocês para Londres não saia amanhã, a responsabilidade dos gastos é toda de vocês.
Olhei para meu então Nahmorado e falei: “aaaah, até amanhã já tá de boa. Vamos pra Toronto”. Ele concordou comigo, assinamos um termo de responsabilidade e partimos.
Parênteses – Pare e pense comigo: eu tinha 22 anos, o João 23. O gato precavido que eu arranjei tinha feito até que uma boa poupancinha pra viagem. Eu não! Tá certo que íamos manter nossos jobs para empresas brasileiras no período, mas o dinheiro era bem contadinho.
Bom, chegamos em Toronto e logo soubemos que, pois é, a situação era mais grave do que os tolinhos aqui imaginavam. Diziam nossos informantes que os aeroportos europeus podiam ficar fechados por diiiiiias, talvez até semanas.
Bateu O desespero.
Começamos a ligar para os hotéis da região e em pouco tempo vimos que as diárias não sairiam por menos de 70 dólares canadenses. =/
Mas a escolha já tinha sido feita, né? Assim, nos restava aproveitar…
Por isso, os primeiros posts do blog foram apelidados de “Pra Ver em Toronto”. Te convido a ler…
- Pra Ver em Londres?! Pra Ver em Toronto, isso sim!
- Toronto: Chinatown e Downtown Younge em uma noite de comemoração
- Sobre o transporte público de Toronto
Cinco dias depois, finalmente embarcamos para Londres. Alguns dólares mais pobres, mas bem felizes com o tanto de experiência “surpresa” que pudemos viver por culpa de um vulcãozinho…
Moral da história:
- Com dinheiro contado, caso aconteça algo semelhante com você, pense bem se não vale a pena aceitar a opção que a companhia aérea se dispõe a pagar! =D
- Agora, se o dindin não for problema, conhecer um destino inesperado pode ser uma boa. Se jogaaa! ;)
- Ah, e jamais duvide da força da natureza!
Mas como assim um raio cai, sim, duas vezes no mesmo lugar?
Pensou que a história acabava assim, que o casal já viveria feliz para sempre? Well, não foi bem assim…
Quando voltamos de Londres em outubro de 2010, decidimos que no ano seguinte precisávamos dar um irmão para o Pra Ver em Londres, e surgiu a ideia de gerar o Pra Ver em Buenos Aires.
Em março de 2011, então, embarcamos rumo a uma temporada na capital hermana.
Em tempo: o blog Pra Ver em Buenos Aires não existe mais, mas já trouxemos alguns dos posts de lá para cá. Quer ler? Clique nos links abaixo:
Na ida, nenhum vulcão atrapalhou nossas vidas. Foi na volta que a nossa história foi, mais uma vez, afetada por um soltador de fogo.
Nosso time, o Coritiba, tinha garantido sua vaga na final da Copa do Brasil (jogaríamos contra o Vasco), e a gente nem cogitou não estar presente no Couto Pereira na grande final. Antecipamos nossa passagem aérea sem custo algum, mas no dia anterior à viagem veio a notíca: o vulcão Puyehue, do Chile, estava trabalhando e já fechando aeroportos na região – inclusive nosso querido Ezeiza.
Entrei em pânico. Chorei, esperneei, falei “eu não quero perder a final do meu timeeeeeeee”.
Ainda Nahmorado, João falou: “calma, Nah, daremos um jeito”.
Sabe qual foi o jeito? 24 horas de busão + 1 hora de voo de Porto Alegre até Curitiba. E, claro, alguns bons pesos/reais mais pobres. =/
No fim das contas, no dia seguinte à nossa partida de ônibus, o dia em que devíamos ter embarcado de avião, o aeroporto de BsAs estava aberto. hahaha
Mas o que importa é que chegamos em Curitiba a tempo de participar do churras pré-jogo com os amigos, torcer muuuuito pelo glorioso e ir pra casa sem o título. :'( Mas valeu a pena!
Sofremos momentaneamente nos dois casos, mas nos divertimos também (você não tem noção do tanto de história engraçada que ouvimos no ônibus Buenos – POA! Rende até um post “histórias de viagem – o episódio das 24h de busão”. haha).
Moral da história 2:
- Não deixe que o estresse causado por um “probleminha” no meio da sua viagem estrague a diversão. A história que fica para contar valerá a pena. ;)
E aí, o que achou do primeiro post dessa nova seção? Podemos contrar outras? Sabe como é, né, o blog é escrito pra você que nos lê, então sua opinião é muuuito importante. Aguardo seu comentário para decidir se conto a segunda história, de uma burrice que cometemos em Londres, ou não. hehe
Beijobeijo,
Nah